Como é que 5 dólares tornaram Hefner o rei das coelhinhas?
Em poucos meses, Hugh Hefner tornou a Playboy a revista para homens mais famosa do mundo. A primeira edição vendeu mais de 50 mil cópias, com a capa de Marylin Monroe.
Hugh Hefner foi o ícone da revolução sexual. O fundador da Playboy deixou para trás um império milionário e um legado fotográfico de milhares de mulheres nuas que passaram pela famosa Mansão das Coelhinhas, em Beverly Hills. Lutou ainda pela liberdade de expressão, pela liberdade sexual e pelos direitos civis dos negros, através da própria revista Playboy.
“A vida é demasiado curta para se viver os sonhos de outros”, dizia o fundador da mais famosa revista para adultos de todos os tempos. Nascido a 9 de abril de 1926, esteve dois anos no exército durante a Segunda Guerra Mundial, antes de se tornar jornalista na revista Esquire. A Playboy surgiu em 1953, depois de os editores lhe terem negado um aumento salarial de cinco dólares (4,25 euros). A partir daí, construiu um império conhecido mundialmente e avaliado em milhares de milhões de dólares.
A Playboy acabaria por se tornar a revista para homens mais famosa do mundo, chegando a vender sete milhões de exemplares por mês. Pelas suas páginas passaram vários nomes conhecidos mundialmente, como Kate Moss, Miranda Ker, Pamela Anderson, Marilyn Monroe, Cindy Crawford e Madonna. Numa altura em que o acesso a métodos contracetivos era proibido nos Estados Unidos, Hefner conseguiu destacar-se e introduziu a nudez feminina na mentalidade social. Também Donald Trump não escapou e foi capa da edição de março de 1990, com a manchete “Bela revista, quer vendê-la?”.
Marilyn Monroe foi capa da primeira edição da Playboy em dezembro de 1953, com uma velha fotografia que Hefner comprou por 200 dólares (170 euros), datada de 1949 de um calendário de mulheres nuas. A primeira edição vendeu mais de 50 mil cópias em poucas semanas e ajudou a catapultar a revista para a fama.
Pela beleza da atriz e modelo norte-americana, em 2011 a Playboy decidiu reproduzir a sessão fotográfica, em homenagem a Marylin, com a atriz Lindsay Lohan. Outra das coelhinhas mais famosas foi Pamela Anderson, que posou para a revista em fevereiro de 1990, totalizando mais de 11 sessões produzidas.
Hugh Hefner sempre garantiu que, ao longo da vida, se envolveu sexualmente com mais de mil mulheres, que conseguiu graças ao Viagra, os famosos comprimidos azuis. Algo que, mais tarde, foi associado à perda quase total de audição do milionário. No entanto, segundo algumas fontes, “ele [Hefner] preferia fazer sexo do que ouvir”, nunca tendo parado com a toma destes medicamentos.
"Enquanto fui casado nunca traí. Mas compensei-o enquanto não estive casado.”
Em poucos anos a revista conseguiu milhões de assinantes e a marca expandiu-se para diversas áreas, desde clubes noturnos a filmes e canais de televisão, casinos, etc. As famosas coelhinhas da Playboy, nuas e e seminuas, criaram um padrão de estilo de “beleza feminina americana”: caucasiana, loura, alta, escultural, de peito grande e cintura fina.
Ao longo dos anos envolveu-se com dezenas de modelos da Playboy e, em 2012, casou pela terceira vez aos 86 anos, com Crystal Harris, 60 anos mais nova. Sempre rejeitou as críticas que acusavam a revista de ser uma espécie de meio para degradar a imagem das mulheres. “Honestamente, nunca pensei na ‘Playboy’ como uma revista sexual“, disse à CNN, em 2002. “Sempre a olhei mais como uma revista de lifestyle, em que o sexo era um dos ingredientes importantes.”
"Ficar jovem é tudo para mim. Com a mente de um jovem, decidi há muito tempo que a idade não importa e enquanto as senhoras… pensarem o mesmo, para mim está tudo bem.”
Conhecido pelos seus famosos pijamas de seda e pelas grandiosas festas que organizava nas mansões de Chicago e Los Angeles, dez anos depois de ter lançado a Playboy, Hefner foi acusado de obscenidade pelas edições que vinha fazendo, mas o processo acabou por ser arquivado. Para além das sessões fotográficas em nu integral, a revista contou ainda com entrevistas a nomes como Martin Luther King, John Lenon e Fidel Castro.
Numa altura em que a Internet dominou completamente o mundo e o negócio pornográfico das revistas perdeu interesse, Hefner decidiu, em conjunto com o editor de conteúdos da revista, acabar com as fotos de nus integrais. No entanto, essa ideia foi considerada “um erro” pelo filho do magnata e atual diretor criativo da Playboy, Cooper Hefner, e em fevereiro deste ano decidiu voltar às fotos tradicionais.
Hugh Hefner morreu na madrugada desta quarta-feira e a notícia foi anunciada pela empresa no Twitter.
"Hugh Hefner, o ícone americano que em 1953 apresentou ao mundo a revista Playboy e que construiu a empresa transformando-a numa das marcas norte-americanas globais mais reconhecidas em toda a História, morreu hoje pacificamente de causas naturais, em sua casa, a Mansão Playboy, rodeado de entes queridos. Tinha 91 anos.”
O milionário vai ser sepultado no túmulo ao lado do de Marylin Monroe, no Westwood Memorial Park, em Los Angeles. Pelo seu fascínio pela atriz, Hefner comprou, após a morte de Marylin, o túmulo ao seu lado, por 75 mil dólares (64 mil euros), de acordo com o Hollywood Reporter.
Várias celebridades já reagiram à morte do milionário, incluindo figuras públicas que fizeram parte das famosas edições da Playboy. Nancy Sinatra, filha do lendário Frank Sinatra, escreveu no Twitter: “um dos homens mais gentis que já conheci. Vá com Deus, Hugh Hefner”. O ator Rob Lowe também expressou o seu pesar, “Tive muitas conversas fascinantes com Hugh Hefner. Que homem interessante. Uma lenda de verdade. É o fim de uma era!”.
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