Incêndios: Costa admite que os “problemas” vão repetir-se
Perante os mais de 500 incêndios em todo o país, o primeiro-ministro confessa que "não há bombeiros para acorrerem a todas as situações". O executivo agendou um Conselho de Ministros extraordinário.
O primeiro-ministro sustentou esta segunda-feira que não há bombeiros que cheguem num dia com 523 incêndios, como no domingo, e advertiu que não há soluções mágicas para os fogos florestais, admitindo mesmo que os “problemas” vão repetir-se.
António Costa assumiu estas posições no Comando Nacional de Operações de Socorro da Autoridade Nacional de Proteção Civil, em Oeiras, distrito de Lisboa, tendo ao seu lado a ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa.
Confrontado com as múltiplas queixas de populações sobre falta de meios no combate aos incêndios florestais no domingo, o líder do executivo reagiu: “Quando se tem 523 incêndios, é evidente que não há bombeiros para acorrerem a todas as situações”.
Perante a questão se estas tragédias são então uma inevitabilidade em Portugal, António Costa negou.
“Não, não é uma inevitabilidade”, mas “dias com mais de 500 ocorrências não se registava desde 2006. Este é o 22.º dia com maior número de ocorrências desde o princípio do século. E, portanto, é evidente que não há meios para acorrer a todas as necessidades”, justificou.
Falando em termos de médio prazo, o primeiro-ministro afastou então qualquer solução rápida para o problema dos incêndios florestais – “um problema que seguramente se vai repetir”.
Dirigindo-se aos jornalistas, o líder do executivo declarou: “Se os senhores julgam que há alguma solução mágica para que se produzam efeitos na reforma da floresta, estão completamente enganados”.
“E não vale a pena iludir os portugueses convencendo os portugueses de que de um dia para o outro se vai resolver um problema que se acumulou ao longo de décadas. Infelizmente, vamos ter de trabalhar todos muito para, ao longo da próxima década, fazer aquilo que é preciso fazer na floresta portuguesa”, advogou.
Depois desta afirmação sobre a inexistência de soluções a curto prazo, o primeiro-ministro foi confrontado com a seguinte pergunta: “Acha que os portugueses vão entender o que está a dizer hoje, que isto vai acontecer mais vezes?”
“Claro”, respondeu António Costa, justificando logo a seguir.
“Porque os portugueses são adultos e os portugueses sabem bem que os governos não têm varinhas mágicas, que os problemas não se resolvem, infelizmente, só pela nossa vontade. E que para resolver os problemas é necessário tomar medidas”, disse.
Para o primeiro-ministro, pelo contrário, importa que haja consciência de que o problema estrutural que o país enfrenta se relaciona com a sua floresta.
“O país tem de ter bem consciência de que a situação que estamos a viver, com uma alteração do quadro climatérico muito negativo, vai seguramente prolongar-se para os próximos anos. É por isso que no final desta batalha nós temos de tomar as decisões, porque as coisas não podem continuar como estavam”, disse.
Neste ponto, o primeiro-ministro referiu que, para o próximo sábado, está marcado um Conselho de Ministros extraordinário destinado a adotarem-se “medidas de fundo, tendo em conta o relatório e as recomendações da Comissão Técnica Independente que a Assembleia da República constituiu”.
“Desse relatório têm de ser retiradas necessariamente ilações”, insistiu.
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