Juncker concorda com António Costa na “urgência” de completar a União Económica e Monetária
Presidente do executivo comunitário também defende que as negociações com o Reino Unido para o ‘Brexit” não podem e não devem impedir a União Europeia de trabalhar no seu futuro a 27.
O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, defende que a União Europeia tem de “preparar o futuro enquanto lida com o presente”, e concorda com o primeiro-ministro português na “urgência” de completar a União Económica e Monetária (UEM).
Em entrevista à Lusa, o presidente do executivo comunitário defende que as atuais negociações com o Reino Unido para a concretização do ‘Brexit” não podem e não devem impedir a União Europeia (UE) de trabalhar no seu futuro a 27, considerando crucial aproveitar a atual “janela de oportunidade” proporcionada pelo contexto económico para completar a União Económica a Monetária.
Juncker saúda “o facto de outros, incluindo o primeiro-ministro António Costa, apreciarem a importância e a urgência de darmos os próximos passos necessários” e aponta que “a Comissão vai apresentar propostas concretas antes do fim deste ano, que serão debatidas pelos líderes na primeira cimeira da zona euro inclusiva de sempre”, que terá lugar em dezembro próximo.
“Temos de preparar o futuro enquanto lidamos com o presente. E o futuro é uma União Europeia com 27 Estados-membros. Lamento que o Reino Unido deixe a União e fiz tudo o que estava ao meu alcance para o evitar. Agora, a Comissão e o seu chefe-negociador, Michel Barnier, estão a fazer tudo o que podemos para assegurar que a UE e o Reino Unido alcançam um acordo justo. Mas o que tem de ficar claro é que o processo de divórcio não deve distrair ou impedir a União de lidar com outros desafios que enfrenta”, sustentou.
Lembrando que no seu discurso do «Estado da União», em setembro, definiu “de forma clara” aquelas que devem ser as prioridades da UE, “e elas incluem a necessidade de agir rapidamente e de forma decisiva para completar a UEM”, o presidente da Comissão sublinhou que “as perspetivas económicas jogaram a favor”, e há agora que aproveitar este contexto positivo, sem esperar por nova crise para agir.
“Estamos agora no quinto ano de retoma económica a abranger cada um dos Estados-membros. O crescimento na União Europeia superou o dos Estados Unidos nos dois últimos anos. Encontra-se agora acima dos 2% para a União no seu conjunto e nos 2,5% para a zona euro. O desemprego recua há nove anos, quase 8 milhões de empregos foram criados desde que me tornei presidente da Comissão”, sublinhou.
Desse modo, salientou, “a situação atual melhorou e já muito foi feito para reforçar a arquitetura da UEM em resposta à crise financeira, mas uma vez que vários anos de crescimento lento ou mesmo nulo deixaram marcas duradouras no tecido social, económico e político da Europa, é crucial usar esta janela de oportunidade para aprofundar a parte “económica” da União Económica e Monetária, para reforçar a sua capacidade para apoiar plenamente a política monetária e as políticas económicas nacionais, e para democratizar ainda mais o quadro comum” europeu, defendeu.
“Não podemos pura e simplesmente dar-nos ao luxo de esperar por outra crise antes de encontrar a vontade coletiva de atuar”, disse.
Juncker sublinhou todavia que, ao mesmo tempo, o debate sobre o futuro da Europa deve prosseguir noutros domínios, que não o estritamente económico.
“O nosso futuro tem de ser algo mais do que somente sobre economia. A União Europeia não se trata apenas de moeda e dinheiro, é sobre valores, é sobre os seus direitos, é sobre moldar em conjunto um futuro comum”, defende.
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