No balcão do banco já não há só dinheiro. Pode comprar televisões, vinhos e até alarmes
Não são apenas produtos financeiros que se podem comprar nos bancos. Desde trens de cozinha, televisões ou computadores até terços de Fátima, há muito por onde escolher ao balcão do seu banco.
Ir ao banco já não é como “no antigamente”. Já não são só depósitos, levantamentos ou créditos, as operações que pode fazer ao balcão dos bancos. Cada vez mais, as instituições financeiras disponibilizam-se a vender produtos não financeiros, funcionando em alguns casos quase como se fossem centros comerciais. Para além das tradicionais barras e moedas de ouro, também é possível adquirir joias, relógios, computadores e televisões até vinhos, trens de cozinha, serviços de jantar, cabazes de Natal ou mesmo alarmes para a casa, através dos bancos.
A oferta deste tipo de serviços ao balcão das instituições financeiras não é propriamente uma novidade. Surgiu há alguns anos, mas é uma realidade que se tem tornado mais visível e abrangente. Numa ronda pelos sites dos bancos é possível identificar pelo menos seis que comercializam este tipo de produtos. É o caso da Caixa Geral de Depósitos (CGD), do Novo Banco, do BPI, do Banco CTT e do BCP, instituição que dedica uma área específica à venda desses produtos sob a designação de “shopping”.
Não é uma situação que se aplique a todos os produtos comercializados, mas muitos deles têm preços elevados, tratando-se muitas vezes de edições limitadas a poucas peças ou exclusivas. A CGD, por exemplo, está a promover a coleção “Terço das Rosas”, da qual faz parte um terço com pérolas, ouro amarelo e diamantes que custa 9.575 euros (edição limitada a 99 peças).
As peças de joalharia com conotações religiosas são, aliás, uma aposta transversal a todas as instituições financeiras que comercializam produtos não financeiros. É o que acontece também com o BCP, Montepio e o Banco CTT.
O Montepio disponibiliza três versões de um rosário do centenário de Fátima, em prata ou ouro, com preços entre 480 e 3.500 euros. Por sua vez, o Banco CTT disponibiliza três peças também comemorativas dos 100 anos das aparições de Fátima: um rosário e duas medalhas em ouro ou em ouro e diamantes, com preços que vão dos 1.950 aos 4.950 euros.
O BCP tem uma área com a designação específica de “shopping” onde é possível encontrar este tipo de produtos, com preços orientados para todos os bolsos. Designadamente, moedas para colecionadores a partir de cerca de 50 euros, barras de ouro e medalhas, joias mas também um presépio em prata ou terços de Siza Vieira em prata ou ouro.
Este tipo de peças com edições limitadas, à semelhança do que acontece com as libras de ouro ou as moedas e medalhas, são produtos vocacionados para um universo específico de clientes que olham para estes artigos numa perspetiva de colecionismo e que buscam muitas vezes obter um retorno financeiro futuro resultante da sua valorização.
Contudo, o mesmo já não se poderá dizer de muitos produtos de consumo de massas que agora também já se veem nas montras dos bancos. É o caso de uma televisão LG que faz parte da montra de produtos vendidos pelo BPI, cujo preço é 19.999 euros, e que seguramente no futuro o que lhe vai acontecer é desvalorizar ou “passar de moda”.
Também no Novo Banco é possível adquirir televisões ou telemóveis, mas a instituição financeira vai ainda mais longe ao incluir na sua oferta de produtos não financeiros várias bicicletas elétricas, bem como motas ou scooters. Mas o banco já chegou a ter disponível para aquisição ao balcão um BMW i8, uma iniciativa que terminou em abril passado.
Contudo, o BPI é a instituição mais abrangente em termos da gama de produtos não financeiros comercializados. Para além dos produtos mais “exclusivos”, que também é possível encontrar nas outras instituições financeiras, como peças de joalharia ou relógios, o banco tem uma secção de vendas onde se pode encontrar os mais diversos tipos de produtos de consumo.
Através do BPI é possível comprar computadores, telemóveis, como também simples artigos para a casa ou eletrodomésticos. A listagem destes produtos inclui serviços de jantar, de copos, faqueiros, trens de cozinha, toalhas de mesa, mas também aspiradores, robots de cozinha ou máquinas de café. Também há espaço para produtos alimentares e bebidas. E até cabazes de Natal. Para manter todos esses artigos seguros, também é possível adquirir um alarme para a casa.
Ordem para comprar… a crédito
Muitos dos produtos não financeiros comercializados pelos bancos têm preços muito elevados e acabam por ser o chamariz para os clientes subscreverem produtos financeiros dos bancos em causa. Especificamente, o crédito pessoal ou a utilização dos cartões de crédito.
Basta clicar na descrição dos produtos em causa para ver promovida a possibilidade de os adquirir com recurso a crédito. No caso do Banco CTT o cartão de crédito é, aliás, a única forma de poder adquirir o terço e as medalhas que a instituição financeira tem em campanha. Nos restantes casos, a utilização do crédito pessoal é promovida com expressões como “aproveite as soluções de crédito” no caso específico do BPI, por exemplo.
Utilizar os seus balcões ou sites para comercializar produtos financeiros acaba assim por ser uma forma de as instituições financeiras também rentabilizarem a sua atividade. No caso do crédito pessoal, as taxas de juro podem facilmente chegar aos 13%/14%, enquanto no caso do cartão de crédito a ultrapassagem do período de pagamento sem juros, pode custar uma taxa de juro de mais de 16%.
A título de exemplo, a aquisição do anel Cristal (ouro branco, com 34 diamantes) cujo preço a pronto pagamento é de 13.900 euros, caso seja adquirido com crédito pessoal pode significar um custo adicional de cerca de cinco mil euros, considerando uma TAEG de 8,7% para um financiamento de 13.822,21 euros por 90 meses.
Ou seja, do ponto de vista do clientes dos bancos aquilo que importa avaliar é se estão dispostos assumir este tipo de custos e deixar-se tentar pelo brilho deste tipo de aquisições.
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