Turismo cresceu o dobro dos outros setores durante a crise
A riqueza gerada pelo turismo cresceu a um ritmo duas vezes superior à que foi produzida pelos restantes setores da economia nacional.
O setor do turismo tem estado debaixo de fogo pelos efeitos da massificação sobre as zonas com maior procura do país, mas os economistas defendem o seu contributo para a recuperação económica de Portugal. Durante os anos da crise, a riqueza gerada pelo turismo cresceu a um ritmo duas vezes superior à que foi produzida pelos restantes setores da economia nacional, para além de ter criado mais empresas, mais emprego e mais volume de negócios.
Os cálculos são da consultora Augusto Mateus e Associados e constam de um estudo encomendado pela Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT), que foi apresentado, esta quinta-feira, pela economista Sandra Primitivo, durante o 43º Congresso Nacional da APAVT, que este ano decorre em Macau.
No retrato que faz da evolução do turismo entre 2012 e 2016, o estudo conclui que o setor é “sensível aos ciclos económicos”, mas apresenta “uma boa capacidade de recuperação”, bem mais expressiva do que a dos restantes setores. No caso da criação de emprego, por exemplo, o número de pessoal ao serviço das empresas evoluiu, a nível nacional, a uma média de 1,9% entre 2012 e 2016. No turismo, a evolução deste indicador é de 3,3% nesse período.
Já o volume de negócios aumentou, a nível nacional, a uma média de apenas 1,4% nestes quatro anos, enquanto no setor do turismo o crescimento anual médio foi de 5,3%. Por fim, a variação média anual do valor acrescentado bruto do país foi de 3,7% entre 2012 e 2016; a do turismo foi de 7,7%. Dentro do turismo, foi claramente a hotelaria que mais contribuiu para estes números. Nos anos da crise, o valor acrescentado bruto gerado pelo alojamento disparou 15%, o número de empresas aumentou em 22,9% e o pessoal ao serviço cresceu 8%.
Feitas as contas, o turismo respondia, em 2016, por 16% do PIB nacional, entre impacto direto, indireto e induzido. A nível mundial, o turismo representa, em média, 10% da economia.
Agências de viagens geram 2,1% da riqueza do país
O mesmo estudo da consultora de Augusto Mateus conclui que as agências de viagens e os operadores turísticos contribuem com cerca de 2% da riqueza gerada em Portugal. Entre impacto direto, indireto e induzido, as agências de viagens e operadores turísticos geraram um volume total de 3.240 milhões de euros para a criação de riqueza nacional em 2016, o equivalente a 2,1% do PIB.
Além disso, o setor respondeu por 82 mil postos de trabalho. Contudo, fazendo a comparação com o resto da economia, este setor tem uma prestação pior em vários indicadores. Em 2015, as agências de viagens tinham uma autonomia financeira de 29%, quando a média do setor empresarial em Portugal era de 32%, e uma solvabilidade de 41%, quando a média nacional era de 46%. Já a taxa de endividamento estava na casa dos 350%, claramente acima da média nacional, pouco acima dos 310%.
Ainda assim, à semelhança do que aconteceu nos restantes subsetores do turismo, as agências de viagens conseguiram sempre, durante os anos da crise, um ritmo de recuperação muito superior ao da média nacional.
A jornalista viajou a Macau a convite da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT).
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