Como a IKEA se quer aproximar dos portugueses sem abrir novas lojas
Abrir novas lojas não está nos planos da empresa sueca para os próximos dois anos, mas isto não quer dizer que não utilize outros pontos de encontro. Ou de recolha.
Por mais pequeno que seja o objeto que se vai comprar, ir a uma loja IKEA é sempre uma verdadeira viagem. Desde os longos passeios na zona de exposição, passando pelas escolhas na zona self-service e terminando no restaurante e loja sueca onde se podem provar alguns dos melhores sabores que a Suécia tem para nos oferecer, a experiência acaba por ser mais do que apenas uma compra.
É também assim que a nova retail manager da IKEA Portugal, Helen Duphorn, espera que os clientes que passam por qualquer uma das cinco lojas espalhadas por Portugal Continental se sintam. Há 20 anos no grupo, mas apenas desde setembro deste ano no braço português, Helen garante que o seu desejo sempre foi trabalhar em Portugal. “Depois de passar pelos mercados asiáticos, estive um ano à espera desta posição. Pedi por favor para me deixarem vir para Portugal“, confessa, a propósito de um encontro informal com jornalistas.
Encontra-se agora a traçar as primeiras linhas dos planos da IKEA Portugal para os próximos anos. E ainda que não incluam a abertura de novas lojas — pelo menos nos próximos dois anos –, estes passam por aproximar mais os portugueses da marca sueca. Como? “Temos de estar disponíveis para os clientes em todo o lado”, aponta. “E vai passar pela diversificação das lojas.”
Com menos de um ano passado desde a abertura da loja de Loulé, o grupo assume como prioridade consolidar não só este canal, como outros que já estão em funcionamento, como é o caso da loja online. “As pessoas estão a mudar de mentalidade, já não têm viaturas próprias e preferem estar mais perto dos espaços comerciais”, justifica Duphorn, afirmando que a conveniência passa agora a ser um dos fatores decisivos no momento de compra.
"Temos de estar disponíveis para os clientes em todo o lado. E isso vai passar pela diversificação das lojas.”
Assim, o plano passa não só por “desenvolver as soluções online nos próximos 12 meses”, com o aperfeiçoamento da loja, o alargamento da oferta a produtos maiores como mobília e a implementação do pagamento através de Multibanco, mas também marcar presença nos centros das duas maiores cidades do país, com formatos que já foram implementados além fronteiras. É o caso dos pontos de recolha e de planeamento, em que o cliente pode fazer a encomenda online e recolher, ou mesmo planear divisões e combinações com a ajuda dos colaboradores.
Com 2020 chega a independência energética
O grupo IKEA fechou o ano fiscal de 2017 — que decorreu de 1 de setembro de 2016 a 31 de agosto de 2017 — com vendas de 397 milhões de euros, um aumento de 17% face ao ano fiscal de 2016. Ainda que os resultados por país não sejam divulgados, Helen garante que Portugal está no Top 3 no crescimento das vendas do grupo, juntamente com a China e a Austrália. Para tal contribuíram os 14 milhões de pessoas que entraram pelas portas de uma das cinco lojas e os 30 milhões que acederam ao site www.ikea.pt.
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Mais definidos estão os números que dizem respeito à sustentabilidade. Em Portugal, são já quatro as lojas equipadas com painéis solares, mas o objetivo é que, daqui a dois anos, as lojas sejam totalmente independentes no que diz respeito à energia. “Não quer dizer que vamos desligar a ficha”, nota Helen explicando que a IKEA Portugal quer atingir o equilíbrio entre energia produzida — através de painéis solares e turbinas eólicas — e energia gasta.
Tack! Ou em português, obrigada por trabalharem no IKEA
Se a IKEA se quer aproximar dos clientes e do planeta, a estratégia não é diferente com os colaboradores. Para além das atividades de dinamização que a empresa desenvolve durante todo o ano, com concursos, sorteios e desafios que querem aproximar os colaboradores, conhecidos por usarem uma camisola amarela distintiva, e apelar ao espírito de equipa e de empresa, a IKEA tem uma forma muito especial de dizer obrigada aos seus colaboradores mais leais.
Desde 2013 que os colaboradores que completem cinco anos financeiros a trabalhar para a empresa recebem uma compensação extra anual que reverte para os seus fundos de pensões. Como explica Helen, “é um programa de apoio à retenção e à lealdade”. Este chama-se “Tack!”, palavra sueca que quer dizer obrigada.
Assim, nestes quatro anos já foram distribuídos 509 milhões de euros pelos colaboradores do grupo, sendo que este ano foram alocados 96 milhões a 1.500 colaboradores. Isto totaliza um depósito de 572,26 euros nos fundos de pensões de cada um dos ‘camisolas amarelas’ portugueses. “O fundo global é dividido entre todos os países, com base nos salários totais de cada país e nos resultados totais do grupo”, aponta a responsável do retalho, frisando que o salário mínimo pago a um trabalhador com horário completo é de 625 euros, mais 68 euros que o estipulado por lei.
Para além disto, os colaboradores da IKEA têm direito a um seguro de saúde sem franquia, bónus por cumprimento de objetivos e refeições diárias no restaurante do grupo a uma módica quantia de 50 cêntimos. Tudo para que todos fiquem mais próximos da marca.
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