BE diz que continua por esclarecer o “mais importante” sobre transferências para “offshore”

  • Lusa
  • 25 Fevereiro 2017

"Fica por esclarecer o mais importante: como foi que dez mil milhões desapareceram das listas de transferências para 'offshore'", diz o Bloco de Esquerda.

O Bloco de Esquerda (BE) sinalizou hoje que o assumir de responsabilidade política de Paulo Núncio sobre as transferências para ‘offshore’ era a “única opção” do antigo governante, mas fica ainda por esclarecer o “mais importante” sobre o caso.

Fica por esclarecer o mais importante: como foi que dez mil milhões desapareceram das listas de transferências para ‘offshore’. O BE reafirma o seu compromisso para taxar as transferências e punir a fuga, responsabilizar quem a permitiu e definir regras para que a fuga não se repita”, diz o partido, em texto endereçado à agência Lusa.

Em causa está o facto de Paulo Núncio, antigo secretário de Estado com a pasta dos Assuntos Fiscais, ter assumido, hoje, a sua “responsabilidade política” pela não publicação de dados relativos às transferências de dinheiro para ‘offshore’, pedindo também o abandono das suas funções atuais no CDS-PP.

“Assumir a responsabilização pela não publicação da informação era a única opção de Paulo Núncio, no que devia ser acompanhado pelos ministros das Finanças a que respondia”, diz ainda o partido liderado por Catarina Martins, numa alusão a Vítor Gaspar e Maria Luís Albuquerque, antigos ministros do executivo PSD/CDS-PP.

Na noite de sexta-feira, o antigo diretor-geral do fisco Azevedo Pereira garantiu ter solicitado, por duas vezes, ao ex-secretário de Estado Paulo Núncio autorização para publicar dados relativos às transferências de dinheiro para ‘offshore’, mas “em nenhum dos casos” esta lhe foi concedida.

Em causa estão transferências de dinheiro para paraísos fiscais concretizadas entre 2011 e 2014, durante a governação PSD-CDS, sem qualquer controlo estatístico por parte da Autoridade Tributária e Aduaneira (AT), como a lei obriga, e que levaram já os partidos com assento parlamentar a solicitar uma audição urgente do atual e do anterior secretário de Estado dos Assuntos Fiscais.

Paulo Núncio, no texto endereçado à Lusa, lembra que a AT “tem, desde 2012, a possibilidade de liquidar todos os impostos devidos nestas situações no prazo alargado de 12 anos (anteriormente este prazo era de 4 anos)”, e “nestes termos, quaisquer impostos que sejam devidos nestas situações poderão ser cobrados pela AT até 2024, evitando-se assim o risco de perda da receita do Estado”.

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PS: Responsabilidade de Núncio comprova negligência de executivo PSD/CDS

  • Lusa
  • 25 Fevereiro 2017

Eurico Brilhante Dias diz que o anterior Executivo foi eficaz a cobrar impostos aos portugueses, mas depois foi negligente no acompanhamento dos grandes fluxos financeiros para "offshore".

O PS sublinhou hoje que o assumir da “responsabilidade política” do antigo secretário de Estado Paulo Núncio, no caso das transferências para paraísos fiscais, comprova a “negligência” do executivo PSD/CDS-PP no acompanhamento destes “fluxos financeiros”.

“O governo de PSD e CDS foi muito eficaz, foi de uma grande eficácia a cobrar impostos aos portugueses (…) mas depois foi bastante negligente no acompanhamento dos grandes fluxos financeiros para ‘offshore‘”, vincou o secretário nacional do PS Eurico Brilhante Dias, em declarações à agência Lusa.

O dirigente e deputado socialista falava depois de Paulo Núncio, antigo secretário de Estado com a pasta dos Assuntos Fiscais, ter assumido a sua “responsabilidade política” pela não publicação de dados relativos às transferências dinheiro para ‘offshore’, pedindo também o abandono das suas funções atuais no CDS-PP.

A “negligência” do anterior executivo, prosseguiu Eurico Brilhante Dias, tem uma “responsabilidade acrescida” a nível político, porque se deu num momento em que “aos portugueses foi pedida uma grande dose de sacrifícios”, nomeadamente por via do aumento dos impostos.

“Vamos continuar a acompanhar este caso e à procura da verdade, no sentido de garantir equidade fiscal de todos os portugueses perante a administração fiscal”, continuou o socialista.

“Tendo em conta o tempo que decorreu entre os factos e o presente e tendo tido agora a oportunidade de revisitar os documentos que têm sido noticiados, nomeadamente os apresentados pelos serviços para publicação de informação estatística das transferências transfronteiriças, considero legitima a interpretação dos serviços que levou à não publicação das estatísticas no portal das Finanças. Assumo, por isso, a responsabilidade política pela não publicação das referidas estatísticas”, sublinha Paulo Núncio, no comunicado enviado esta tarde à Lusa.

Na noite de sexta-feira, o antigo diretor-geral do fisco Azevedo Pereira garantiu ter solicitado, por duas vezes, ao ex-secretário de Estado Paulo Núncio autorização para publicar dados relativos às transferências de dinheiro para ‘offshore’, mas “em nenhum dos casos” esta lhe foi concedida.

Em causa estão transferências de dinheiro para paraísos fiscais concretizadas entre 2011 e 2014, durante a governação PSD-CDS, sem qualquer controlo estatístico por parte da Autoridade Tributária e Aduaneira (AT), como a lei obriga, e que levaram já os partidos com assento parlamentar a solicitar uma audição urgente do atual e do anterior secretário de Estado dos Assuntos Fiscais.

Paulo Núncio, no texto endereçado à Lusa, lembra que a AT “tem, desde 2012, a possibilidade de liquidar todos os impostos devidos nestas situações no prazo alargado de 12 anos (anteriormente este prazo era de 4 anos)”, e “nestes termos, quaisquer impostos que sejam devidos nestas situações poderão ser cobrados pela AT até 2024, evitando-se assim o risco de perda da receita do Estado”.

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Offshore: Núncio assume “responsabilidade política”

  • Lusa
  • 25 Fevereiro 2017

O antigo secretário de Estado dos Assuntos Fiscais assumiu a responsabilidade política pela não publicação das estatísticas dos offshore. Pediu o abandono das suas funções atuais no CDS-PP.

Paulo Núncio, antigo secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, assumiu a sua “responsabilidade política” pela não publicação de dados relativos às transferências de dinheiro para ‘offshore’, pedindo o abandono das suas funções atuais no CDS-PP.

“Tendo em conta o tempo que decorreu entre os factos e o presente e tendo tido agora a oportunidade de revisitar os documentos que têm sido noticiados, nomeadamente os apresentados pelos serviços para publicação de informação estatística das transferências transfronteiriças, considero legitima a interpretação dos serviços que levou à não publicação das estatísticas no portal das Finanças. Assumo, por isso, a responsabilidade política pela não publicação das referidas estatísticas“, sublinha Núncio, em texto enviado à agência Lusa.

E continua: “Querendo libertar o partido a que pertenço [CDS-PP] de quaisquer controvérsias ou polémicas nesta matéria, solicitei à presidente do partido que aceitasse a cessação das minhas funções nos órgãos nacionais“.

Na noite de sexta-feira, o antigo diretor-geral do fisco Azevedo Pereira garantiu ter solicitado, por duas vezes, ao ex-secretário de Estado Paulo Núncio autorização para publicar dados relativos às transferências dinheiro para offshore, mas “em nenhum dos casos” esta lhe foi concedida.

Em causa estão transferências de dinheiro para paraísos fiscais concretizadas entre 2011 e 2014, durante a governação PSD-CDS/PP, sem qualquer controlo estatístico por parte da Autoridade Tributária e Aduaneira (AT), como a lei obriga, e que levaram já os partidos com assento parlamentar a solicitar uma audição urgente do atual e do anterior secretário de Estado dos Assuntos Fiscais.

Paulo Núncio, no texto endereçado à Lusa, lembra que a AT “tem, desde 2012, a possibilidade de liquidar todos os impostos devidos nestas situações no prazo alargado de 12 anos (anteriormente este prazo era de quatro anos)” e, “nestes termos, quaisquer impostos que sejam devidos nestas situações poderão ser cobrados pela AT até 2024, evitando-se assim o risco de perda da receita do Estado”.

Reafirmo o meu total desconhecimento, à data e até hoje, relativamente à noticiada discrepância entre os dados entregues pelas instituições financeiras e os dados processados pela AT. Tenho confiança, no entanto, que a inspeção não deixará de realizar todos os cruzamentos e procedimentos inspetivos necessários para o apuramento da verdade”, diz também o antigo governante centrista.

A publicação estatística de dados no portal das Finanças, adverte ainda Núncio, “não interfere com a ação efetiva da inspeção tributária no tratamento, análise e fiscalização das referidas transferências”.

O reforço do combate à fraude e à evasão fiscais foi um objetivo prioritário nos últimos anos, com resultados muito significativos. Tenho confiança que a AT irá continuar a desenvolver todos os esforços para combater de forma eficaz a utilização de paraísos fiscais“, concretiza Paulo Núncio, que garante que irá no parlamento, na quarta-feira, prestar os “esclarecimentos complementares” tidos como “necessários” sobre o tema.

Considero legitima a interpretação dos serviços que levou à não publicação das estatísticas no portal das Finanças. Assumo, por isso, a responsabilidade política pela não publicação das referidas estatísticas.

Paulo Núncio

Ex-secretário de Estado dos Assuntos Fiscais

Na nota com nove pontos enviada na sexta-feira às redações, o antigo diretor do Fisco Azevedo Pereira admitiu poderem ter existido “erros de perceção” na troca de informação com o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais do governo PSD-CDS, com vista à publicitação dos dados das transferências para as ‘offshore’.

No entanto, considera que esses “erros de perceção” “nunca demoram quatro anos a resolver” e conclui que, se Paulo Núncio tivesse a intenção de os fazer publicar, teria tido oportunidade de o fazer ao longo dos quatro anos seguintes, até à sua saída do governo, em novembro de 2015.

Na justificação enviada aos jornais, Azevedo Pereira começa por esclarecer que, “em tempo”, a AT propôs ao secretário de Estado a publicitação dos dados das transferências para paraísos fiscais.

“Tal proposta de publicação foi solicitada por duas vezes (na prática, como veremos, três vezes), através do envio de processos contendo, no primeiro caso, a informação relativa 2010 (reportada pelas instituições financeiras em meados de 2011) e, no segundo, a informação relativa a 2011 (reportada pelas instituições financeiras em meados de 2012)”, afiança.

Só que – prossegue -, “em nenhum dos casos, a correspondente autorização foi concedida”.

“No primeiro caso, o despacho do SEAF [secretário de Estado dos Assuntos Fiscais] solicitou uma alteração na estrutura da informação a divulgar. Tal alteração foi levada a cabo tendo a proposta de publicação sido apresentado de novo à Secretaria de Estado dos Assuntos Fiscais. Tanto quanto me é dado lembrar – encontramo-nos neste momento a mais de cinco anos de distância destes factos – tal solicitação nunca terá merecido resposta da Secretaria de Estado dos Assuntos Fiscais”, justifica.

Quanto ao segundo caso, Azevedo Pereira diz que “a informação em causa foi preparada de raiz para acomodar a solicitação efetuada pelo SEAF na resposta ao primeiro pedido de publicação, tendo sido remetida à Secretaria de Estado no início de novembro de 2012”.

PS: Responsabilidade de Núncio comprova negligência de Executivo PSD/CDS

O PS foi o primeiro a reagir ao assumir da “responsabilidade política” do antigo secretário de Estado Paulo Núncio, no caso das transferências para paraísos fiscais. Para os socialistas comprova a “negligência” do Executivo PSD/CDS-PP no acompanhamento destes “fluxos financeiros”.

“O Governo de PSD e CDS foi muito eficaz, foi de uma grande eficácia a cobrar impostos aos portugueses (…) mas depois foi bastante negligente no acompanhamento dos grandes fluxos financeiros para offshore“, vincou o secretário nacional do PS Eurico Brilhante Dias, em declarações à Lusa.

O Governo de PSD e CDS foi muito eficaz, foi de uma grande eficácia a cobrar impostos aos portugueses (…) mas depois foi bastante negligente no acompanhamento dos grandes fluxos financeiros para ‘offshore’.

Eurico Brilhante Dias

Deputado socialista

A “negligência” do anterior Executivo, prosseguiu Eurico Brilhante Dias, tem uma “responsabilidade acrescida” a nível político, porque se deu num momento em que “aos portugueses foi pedida uma grande dose de sacrifícios”, nomeadamente por via do aumento dos impostos.

“Vamos continuar a acompanhar este caso e à procura da verdade, no sentido de garantir equidade fiscal de todos os portugueses perante a administração fiscal”, prometeu o socialista.

BE: O mais importante ficou por esclarecer

Já para o Bloco de Esquerda, o mais importante ficou por esclarecer, embora o assumir de responsabilidade política de Paulo Núncio sobre as transferências para ‘offshore’ era a “única opção” do antigo governante.

Fica por esclarecer o mais importante: como foi que dez mil milhões desapareceram das listas de transferências para ‘offshore’. O BE reafirma o seu compromisso para taxar as transferências e punir a fuga, responsabilizar quem a permitiu e definir regras para que a fuga não se repita”, diz o partido, em texto endereçado à Lusa.

Assumir a responsabilização pela não publicação da informação era a única opção de Paulo Núncio, no que devia ser acompanhado pelos ministros das Finanças a que respondia.

Bloco de Esquerda

Assumir a responsabilização pela não publicação da informação era a única opção de Paulo Núncio, no que devia ser acompanhado pelos ministros das Finanças a que respondia”, diz ainda o partido liderado por Catarina Martins, numa alusão a Vítor Gaspar e Maria Luís Albuquerque, antigos ministros do executivo PSD/CDS-PP.

Artigo atualizado com a reação do Bloco de Esquerda

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Crédito com mais de 65 anos? Há, com a casa

  • ECO
  • 25 Fevereiro 2017

O Banco BNI Europa prepara-se para lançar a sua nova campanha de concessão de créditos para maiores de 65 anos, dando imóveis como garantia. É uma forma de obter liquidez, mas tem riscos.

Há crédito à habitação, depois há o crédito inverso. Confuso? Trata-se de um financiamento que é concedido com base no valor da habitação, permitindo “desbloquear algum do capital que está bloqueado no imóvel da pessoa”, diz Jorge Delgado, diretor da unidade de crédito hipotecário do BNI Europa, banco que lançou agora um programa destinado aos “maiores de experiência”, ou seja, pessoas com mais de 65 anos

O programa “Cereja” traduz-se num “crédito inverso” (ou hipoteca inversa) que “permite que a pessoa consiga aceder a alguma liquidez que está naquele imóvel sem ter, forçosamente, de se desfazer dele“, explicou o responsável do BNI, ao ECO. “Para a classe média, a maior e muitas vezes a única poupança que possuem é a casa onde moram. O crédito inverso é o ideal para aproveitar essa fonte de riqueza não utilizada”, disse Pedro Pinto Coelho, presidente do BNI Europa.

Através deste programa, os maiores de 65 anos têm direito a permanecer nas suas casas até ao fim da vida, já que podiam liquidar o empréstimo apenas nessa altura, bem como os juros que vêm com ele, e utilizar a liquidez para pagar outros empréstimos que ainda tivessem, para ajudarem os familiares ou para despesas de saúde e afins.

Há duas formas de desembolso do crédito (de a pessoa receber o dinheiro): de uma só vez ou em prestações, neste caso anuais. O dinheiro (o capital e os juros) tem de ser devolvido aquando da morte ou do abandono do imóvel pelo último titular do contrato. No caso do falecimento dos titulares, os herdeiros têm duas opções: ou pagam a dívida e mantêm o imóvel, ou vendem o imóvel para pagar a dívida. No caso de não optarem por nenhuma destas vias, o banco fica com o imóvel para saldar a dívida, como nos créditos hipotecários normais.

O crédito concedido depende da idade do requerente, da sua condição socioeconómica e da localização dos imóveis — a preferência é aos que se localizem em áreas urbanas da Grande Lisboa, mas mais tarde espera-se alargar o programa ao Porto e Algarve. “O nosso objetivo é que o crédito nunca ultrapasse os 65% do valor do imóvel, criando aqui uma folga, uma segurança, para que os herdeiros não fiquem com um encargo adicional (no caso de o imóvel por si não saldar o empréstimo)”, afirmou Jorge Delgado.

Riscos? Há. E juros elevados

À parte das vantagens que este tipo de solução pode proporcionar a quem não disponha de meios financeiros suficientes, há riscos que não podem negligenciados. É necessário que a pessoa tenha noção das implicações que podem estar associadas à contratação de um crédito desta natureza, designadamente o facto de associar a esse empréstimo um bem de elevado valor e do qual os herdeiros, se não puderem liquidar o crédito, podem ter de vir a abdicar.

O banco permite que, por uma quantia que até pode ser pouco representativa em relação ao valor da casa, as pessoas se arrisquem a ser penalizados em termos monetários. Caso os herdeiros não disponham de meios financeiros para devolver ao banco o empréstimo concedido, e tendo em conta que não é obrigatório seguro de vida que cubra o empréstimo, estes arriscam-se a ter de o vender a um valor abaixo do justo no mercado, apesar de haver um “prazo alargado” (seis a 12 meses) para encontrarem um bom comprador.

Acresce ainda o facto de a este crédito estarem associadas elevadas taxas de juro bastante superiores àquelas que estão associadas aos restantes empréstimos à habitação. A TAE prevista, por exemplo, para o crédito concedido a uma pessoa com 75 anos é de 7,14% — os juros são fixos ao longo de todo o prazo do contrato, além de poderem ser diferidos para o fim do mesmo. Nos créditos à habitação comuns, as taxas globais estão a rondar os 3% a 4%.

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Voar dos EUA para a Europa a 65 dólares? Já pode

  • ECO
  • 25 Fevereiro 2017

A companhia aérea Norwegian Airlines lançou esta quinta-feira uma promoção de voos entre os Estados Unidos e a Europa a 65 dólares.

A Norwegian Air Shuttle é a segunda maior companhia aérea da Escandinávia e a terceira maior companhia de baixo custo na Europa. E agora está a ligar o continente aos Estados Unidos com voos a 65 dólares.

Os voos estão entre os mais baixos praticados dentro das rotas transatlânticas desde que há memória, pelo que até a própria companhia já está a chamar-lhes “os voos mais baratos de sempre“.

Mas um jornalista do canal USA Today foi testar a promoção e percebeu que pode não ser tão boa quanto parece. Em primeiro lugar, os 65 dólares são só a “taxa introdutória” nos bilhetes, um preço especial que a companhia lançou para chamar a atenção para os novos serviços que está prestes a lançar em Nova Iorque e na Nova Inglaterra (estados de Nova Iorque e do Maine, respetivamente).

“É assim que costumamos fazer, em vez de gastarmos quantias elevadíssimas em marketing“, disse Lars Sande, vice-presidente de vendas da Norwegian, numa entrevista telefónica ao USA Today. “As pessoas prestam realmente atenção e depois consegues que passem a mensagem de boca em boca e que mais pessoas experimentem a promoção”.

No entanto, quem comprar estes bilhetes especiais a 65 dólares só não vai ter de pagar mais se se limitar a viajar com bagagem de mão que caiba debaixo do seu acento. Tudo o resto que queira pedir será um acréscimo no valor — e um acréscimo que pode chegar ao dobro ou mais do valor inicial calculado.

O repórter do USA Today foi experimentar e concluiu que num voo entre Newburgh, no estado de Nova Iorque, para Edimburgo, na Escócia, o valor total foi mais do dobro dos 65 dólares que previra, devido aos extras que pediu. Os 65 dólares só permitem que a pessoa leve uma bagagem mínima, que não lhe chegava para tudo o que precisava de levar consigo para uma viagem à Europa. Depois, este pacote especial, denominado “Lowfare”, também não lhe permitia escolher o lugar do voo à partida nem incluía qualquer refeição durante as seis horas do voo. Para ter acesso a essas opções e a levar mais bagagem — atenção, não podia pesar mais de 45 quilos –, o jornalista teria de pagar mais 70 dólares pelo pacote “Lowfare+”. A conta já iria em 135 dólares. Ele não aceitou.

Como alternativa, a Norwegian disponibilizava o pacote da bagagem de porão, cujo preço por cada mala era de 45 dólares para a ida e outros 45 dólares para o regresso. O repórter também não quis comprar comida durante o voo, porque uma refeição custaria mais 30 dólares. No entanto, pagou mais 30 dólares para poder escolher um lugar na primeira fila da cabine — maior espaço para as pernas e maior conforto — e chama a atenção para o facto de que, nesta altura, se tivesse querido pagar pela comida, já estaria a gastar o equivalente ao pacote “Lowfare+”.

No fim de contas, a viagem de ida entre Newburg e Edimburgo custou-lhe 140 dólares. E isto sem contar com o voo de regresso, que não está abrangido pela promoção. Ainda assim, há que ter em conta que continuam a ser valores muito abaixo dos praticados, entre os mesmos destinos, nas companhias tradicionais. Nesses casos, o voo de ida de Newburg mais barato que se encontra é o da American Airways, fica a 1.555 dólares (1.467 euros) e implica três escalas. Seguem-se outro da American, já apenas com duas escalas, que fica a 2.181 dólares (2.059 euros) e o da Air Canada, que implica três escalas e fica a 3.014 dólares (2.845 euros).

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Financeira da Toyota chega a Portugal

Chama-se Toyota Kreditbank. É a financeira da marca japonesa que está prestes a entrar no mercado nacional com propostas de financiamento atrativas para quem quer comprar um Toyota ou Lexus.

Comprar carro? A pronto, não são muitos os que o fazem. Recorrem, regra geral, a financiamento. Há bancos que concedem crédito, mas é um mercado dominado pelas financeiras. E são cada vez mais as marcas que recorrem apresentam elas próprias soluções aos clientes. É isso que a Toyota está agora a fazer. A Toyota Kreditbank chega a Portugal em março.

“Os clientes Toyota e Lexus em Portugal passam, a partir de 1 de março, a contar com a nova financeira Toyota Kreditbank que vai operar como Toyota Financial Services e Lexus Financial Services para apresentar soluções de crédito automóvel adaptadas às necessidades dos consumidores portugueses”, refere a empresa em comunicado.

A Toyota Financial Services e a Lexus Financial Services está atualmente presente um pouco por todo o mundo, desde o continente americano à Europa, para além de África e Ásia. Chega a Portugal para “ajudar à consolidação das marcas Toyota e Lexus, em articulação com o importador Toyota Caetano Portugal, como suporte à atividade de financiamento aos consumidores”.

A marca explica que em Portugal “o financiamento automóvel especializado representa, em média, 50% das vendas de carros novos por particulares“. E foi nesse sentido que decidiu trazer a financeira nipónica para o mercado português, sendo que a aposta em Portugal estará assente num sistema de aluguer de longa duração.

“O Toyota Flex And Drive e o Lexus Privilege assentam num sistema de financiamento flexível, que consiste num ciclo de troca planeado da viatura, sem risco de retoma e com uma mensalidade mais baixa, no qual o cliente apenas tem que optar pelo modelo com o qual mais se identifica, de acordo com o seu perfil e as suas necessidades”, refere a marca. “No final do período do contrato, o cliente pode escolher entre três opções: trocar por uma viatura nova, permanecer com a viatura atual ou devolver a viatura“.

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Ser patrão de si próprio: será que consegue?

  • ECO
  • 25 Fevereiro 2017

O mercado está saturado, por isso é preciso encontrar alternativas. Há quem consiga, e quem não. Estes empreendedores querem ser os patrões de si próprios. Mas nem sempre as coisas correm bem.

Quantas pessoas conhecemos que dizem “quero começar o meu próprio negócio” ou “quero ser o meu próprio chefe”. Não ter de prestar contas a ninguém, não ter quem defina os nossos horários por nós, poder trabalhar a partir de onde se quiser, poder fazer as nossas escolhas… são várias as vantagens. Mas também há desvantagens: a instabilidade de não se saber o futuro, de não ter uma rede de segurança, de ter de enfrentar sozinho os desafios que surjam pelo caminho. Por isso, será que toda a gente tem igual capacidade de vingar como seu próprio chefe? De fundar o seu próprio negócio e mantê-lo rentável? O ECO falou com quatro empreendedores, duas mulheres e dois homens, que tentaram a sua sorte. Três deles conseguiram, o outro não. E revelam-nos os ingredientes que levaram ao sucesso, e o que falhou quando os projetos não correram bem.

“É preciso ser humilde, reconhecer as limitações e saber começar por baixo” — Sofia

Aos 23 anos, Sofia Nascimento gere a My Fancy Wedding, que criou de raiz para proporcionar casamentos personalizados a cada casal que a procure.

Sofia nasceu para planear casamentos. Tem a organização e disciplina necessárias para os planear inscritas, literalmente, no ADN. A mãe tinha um restaurante onde se realizavam vários eventos e o pai chegou a abrir outros espaços onde eles podiam decorrer. A partir dos 12 anos, Sofia já ajudava ambos nos vários aspetos da preparação do dia mais importante das vidas dos noivos, em especial a parte da animação infantil. Aos 16 anos, já trabalhava numa agência de planeamento de casamentos e era responsável por gerir um dos cinco espaços que ela detinha. Aos 19, fundou a sua própria agência.

A My Fancy Wedding nasceu do desejo de Sofia de ir mais além. “Nas empresas deste género, cada trabalhador está um bocadinho limitado a um certo número de funções, e os próprios serviços oferecidos são um pouco limitados. Não há personalização para cada cliente e os preços não se alteram muito porque não se atraem outros tipos de público. Por isso, e porque comecei a desenvolver uma paixão mais específica pela parte do atendimento ao cliente, pelo contacto e acompanhamento permanente aos noivos, comecei a idealizar como seria fornecer serviços mais personalizados a cada um“, esclarece Sofia.

Aos 19 anos, a trabalhar noutra agência de planeamento de eventos e a estudar em regime pós-laboral na Escola Superior de Comunicação Social, no curso de Relações Públicas e Comunicação Empresarial, recebeu o desafio de um DJ e fornecedor da empresa para a qual trabalhava de começar a My Fancy Wedding. “Ele perguntou-me se podia começar a referenciar-me a clientes estrangeiros para organizar ‘destination weddings’ e eu fiquei a pensar na ideia e decidi avançar com ela. Ele entretanto não me arranjou nenhum cliente, mas deu-me a ideia para avançar para esse nicho. Por isso saí da empresa em que estava e entretanto fui trabalhar para um hotel, onde pude desenvolver mais contacto com estrangeiros e perceber melhor algumas culturas. E depois foi avançar para a My Fancy Wedding, largar aquilo que tinha garantido e lançar-me para o desconhecido“. Foi enquanto ainda estava nesse hotel que passou também, em simultâneo, a ser consultora de organização de eventos para outra pessoa, que através da remuneração que lhe dava pelos serviços lhe permitiu começar a sua empresa.

Isso foi em Outubro de 2015. Nesses primeiros meses, organizou três casamentos. Para este ano, tem planeado um máximo de vinte. “Lembro-me de nos primeiros tempos ter dito ao meu contabilista: ‘Ok, este (primeiro) ano não vamos ter faturação, não vai mesmo acontecer. O máximo que podemos conseguir serão os sinais para os casamentos do ano que vem. Por isso não vamos preocupar-nos em iniciar já a atividade, vamos focar-nos em fazer aqui um plano bem feito“. Esses três primeiros casamentos foram grandes, de casais indianos, cada um a durar vários dias e com cerca de 300 pessoas cada. “Conseguimos logo ir para o nosso nicho de mercado, o que foi fantástico, porque com tão pouco tempo para estabelecermos a marca no estrangeiro, era quase impossível conseguirmos o que quer que fosse, mas conseguimos”, afirma Sofia, orgulhosa.

Ao longo dos anos que já tinha passado a trabalhar nas várias vertentes do planeamento de casamentos, ganhou o ‘know-how’ que lhe permite gerir hoje, aos 23 anos, a sua agência. “Cada pormenor daquilo que fui aprendendo nos sítios por onde passei é importante. Cada um me ensinou alguma coisa. É preciso ser humilde, reconhecer as limitações e saber começar por baixo. É engraçado porque muitos clientes olham para mim e devem pensar ‘Vou entregar o meu casamento a esta pessoa? Não sei quantos anos tem, mas parece muito nova’. E, no entanto, quando me ouvem explicar o que é preciso fazer, percebem que sei do que falo”.

Apesar de ter alguns clientes portugueses, tem nos estrangeiros o grosso do seu público-alvo. “Os ‘destination weddings’ são um mundo completamente à parte. Nós tentamos proporcionar uma experiência completa a quem vem de fora, tanto aos noivos como às famílias. Vamos imaginar que uma família inteira vai para Roma, por exemplo. Está lá durante cerca de três dias e tem imensas atividades, do jantar de ensaio ao casamento propriamente dito, ao brunch no dia seguinte, às atividades que se prolongam pela tarde. Nós proporcionamos tudo isso aos clientes que vêm casar a Portugal”.

E reconhece que estes eventos são um potencial por explorar para o turismo português, que ainda não lhe dá a devida atenção. “Um casamento de estrangeiros cá nunca fica abaixo dos 25 mil euros. E isso é só o casamento, tirando as refeições que são feitas nos outros dias e a estadia dos familiares e dos outros convidados, as atividades, etc. Esse é dinheiro que eles trazem, que investem cá em Portugal. Já tivemos casamentos que chegaram aos 120 mil, 170 mil euros. Quando se perceber o potencial deste nicho, vai ser um ‘boom’.

Na My Fancy Wedding trabalha-se sempre tendo por base o budget do cliente e não preços fixos que lhes apresentem, e por vezes a discrepância entre o que é idealizado pelos noivos e os recursos que têm disponíveis é flagrante. “Às vezes temos de fazer uns ajustes e ver de que forma os noivos estão dispostos a estender um pouco o budget de forma a conseguirem aquilo que querem. E o ‘simples’ é sempre muito relativo, porque às vezes os casamentos que nos parecem os mais simples acabam por ser os mais complexos e mais caros do que os noivos estão a pensar”.

Cada cliente recebe um serviço personalizado. “Não há repetições, por isso não apresento portefólio aos novos clientes quando começo a trabalhar com eles. Procuro conhecê-los, saber quem aquelas duas pessoas são enquanto casal, e criar uma experiência única e personalizada para elas”. E isso implica uma disponibilidade imensa e muito pouco tempo livro. “Como recebemos muitos noivos estrangeiros cá, mesmo antes do dia do casamento, temos de estar disponíveis para estar o tempo inteiro com eles, 100% disponíveis para os acompanhar. E temos clientes que em três a cinco meses conseguimos ter tudo planeado, e outros em que um ano sabe a pouco e precisávamos de muito mais”.

Atualmente, Sofia conta com uma equipa de quatro a cinco pessoas permanentes, além dos designers que trabalham em regime de freelancers. Mas a partir de abril e maio, quando abre a época oficial dos casamentos, juntam-se mais três ou quatro trabalhadores. Além deles, em alturas específicas do ano, colaboram estagiários com a empresa, portugueses e estrangeiros, através do programa Erasmus, que passam por todas as funções para aprenderem o máximo possível de cada parte do todo. E se tudo continuar a correr bem, o plano é expandir a My Fancy Wedding para o estrangeiro.

“Já temos o ‘não’ garantido, por isso temos de trabalhar para conseguirmos o ‘sim’” — Daniel

Daniel Demétrio é o fundador da Ideart Design, uma agência de branding design e comunicação.

Daniel Demétrio tem 22 anos e é o fundador da Ideart Design, uma empresa de branding design e marketing digital. Fundou-a há menos de dois anos, a partir do zero. E é um exemplo de perseverança.

Vem de famílias com poucas capacidades económicas e confessa que sempre passou dificuldades em casa. “Nunca tivemos muito e sempre aprendi que o importante era dividir o pouco que tínhamos por todos. Houve tempos que passei melhor, outros que passei pior, mas como muitos portugueses, a nossa família passou muitas dificuldades”.

Depois de ter acabado o 12º ano, no curso técnico de Relações Públicas, Marketing e Publicidade, não sabia ao certo o que queria seguir, mas descobriu um gosto pela área e decidiu manter-se nela. “Como sempre fui muito autodidata, tive algumas aulas de Photoshop, gostei daquilo e comecei a ver tutoriais no YouTube e a aprender um pouco mais de tudo, até que chegou uma altura em que os meus professores até já me pediam para ser eu a dar as aulas aos meus colegas, porque viam que eu gostava daquilo”, recorda. E confessa que gostava de ter ido para a universidade e que foi a falta de possibilidades financeiras que o levou a desistir dos estudos e a procurar o primeiro emprego. Mas essa revelou-se uma demanda vã: “Procurei em agências de comunicação, design gráfico, marketing, vendas, um pouco de tudo. Não encontrei nada! Por isso desisti das agências e fui à procura de um trabalho nas grandes corporações que me ajudasse a sustentar lá em casa. O problema é que nem para ser “explorado” me chamavam!”.

Como não encontrou nada, decidiu pôr “mãos à obra” e criar um projeto, com um colega de escola, a Ideart. “É uma agência de design e comunicação. Criamos os logótipos das marcas, os cartões-de-visita, as peças de comunicação. Íamos fazendo uns quantos trabalhos, só para desenrascar, basicamente, para ganhar alguns trocos até encontrarmos alguma coisa mais sustentável”. Gastaram 50€ para registar a patente e o logótipo, uma opção que tomaram mesmo não sendo obrigatória, e avançaram. “Mas como ainda não conhecíamos nada, íamos apenas de porta em porta tentar arranjar clientes. E muitas vezes passavas das portas, ainda estavas a dizer bom-dia e já eles estavam a dizer que não, que não estavam interessados”. E reconhece que o facto de serem bons no design mas não na gestão e marketing, e de serem jovens e ainda não perceberem o suficiente do campo para o qual estavam a lançar-se, resultou em que não obtivessem qualquer lucro. E o colega acabou por desistir do projeto. “Eu também estive para desistir, mas como não tinha encontrado mais nada e os trocos que ia conseguindo com aquilo sempre davam para pagar alguma coisa, decidi continuar”, confessa Daniel, que em janeiro de 2015 conseguiu avançar sozinho com o projeto.

“Comecei a estudar imenso, contabilidade básica e gestão para pequenos negócios, vendas, setor comercial, marketing, design, tudo o necessário para montar uma empresa. Ainda passei uns bons tempos a estudar e fui a conferências de empreendedorismo. Quando as palestras acabavam, era sempre o primeiro a ir a palco falar com os oradores e pedir-lhes dicas. Falei com centenas de contabilistas e empresários para saber como havia de montar o meu negócio, a nível do plano estratégico e afins”.

Depois, estava na hora de começar a ligar e a arranjar os primeiros clientes. “Ouvi muitos nãos, mas ouve um amigo meu que me disse que já temos o ‘não’ garantido, por isso temos de trabalhar para conseguirmos o ‘sim’”. Esse conselho impediu-o de desistir e começou a conseguir clientes e a fazer alguns trabalhos de referência. Quando a Ideart começou a crescer e a tornar-se mais sustentável, Daniel passou a ser capaz de pagar as contas lá de casa, a ajudar os pais e a receber currículos de pessoas que queriam trabalhar consigo. A certa altura, já dividia as comissões com eles e faziam os projetos de raiz ou partes deles, a meias. Daniel acabou por ficar mais com a parte da direção criativa e a distribuição das tarefas, e os colegas com a montagem do projeto em conjunto. Ao longo do tempo, o valor monetário de cada projeto também começou a aumentar, começaram a fazer projetos melhores, e o reconhecimento também aumentou.

Ao início, o valor que pedia pelos projetos era “ridículo”: “Chegava a pedir 20 euros por projeto. 20 euros não é nada! Os designers chegam a pedir 600, 800 ou mil e tal, dois mil e tal euros por projeto, como eu já peço agora, mas nenhum pedia 20. Fui tendo uma evolução gradual. Mas o engraçado é que tinha menos trabalho na altura em que pedia menos pelos projetos do que agora que já peço valores mais altos”, confessa.

“Quando trabalhas por conta própria, os méritos são todos teus, são do teu esforço e do que lutaste para os alcançares, mas os desméritos também são todos teus. Se não consegues ganhar dinheiro suficiente não é por causa do colega, do vizinho ou do mercado que está mal. É porque não conseguiste criar um bom plano e ter a visão estratégica suficiente e ter a atitude para tomar um passo à frente e fazer as coisas. Porque podes ter um bom plano, mas se não tens a capacidade de avançar, não funciona. Tal como se não tiveres um bom plano, mas tiveres capacidade de avançar, também não funciona. São sempre precisas as duas coisas”.

Neste momento já tem o seu escritório e trabalha com alguns colegas em regime de freelance. Já vai tendo alguns projetos de referência, como o mais atual, em que está a trabalhar neste momento, para a ESinergia, uma agência regional de energias do Barreiro, Moita e Montijo.

“O meu objetivo é tornar-me a maior referência em design a nível nacional e internacional, e vou trabalhar para isso. Sei que exige trabalho, mas olhando para trás, para um chavalo como eu, novo, que nunca fez nada porque também nunca teve nada, ver o trabalho que já fiz e o que já consegui, é bom. Ouvi muitos nãos, cometi muitos erros, coisas muito estúpidas com as quais aprendi, e nunca desisti de continuar. Neste momento estou autossustentável e a minha ideia é crescer cada vez mais”.

Mas se lhe oferecessem a oportunidade de trabalhar para uma grande empresa, consideraria deixar a Ideart? “Claro que pensaria, seria um pouco tolo não pensar se a proposta fosse quase irrecusável. Porque, no final de contas, tens de fazer aquilo de que gostas, mas ter dinheiro para podermos fazer aquilo de que gostamos é essencial. As pessoas não vivem do ar, vivem de bens essenciais e precisam de ter dinheiro para os comprar. Por isso sim, acho que ponderaria, mas talvez não aceitasse. Estou tão habituado a isto, porque nunca fiz nada na vida além disto, que acho que seria capaz de ser um bom funcionário, porque sei o que é preciso fazer-se, mas talvez não aceitasse. Estou tão habituado a trabalhar por conta própria e já sou autossuficiente, por isso acho um bocado difícil conseguirem dar-me aquilo que eu já estou a receber sozinho e que ainda posso receber mais.

“Porque é que continuamos? Por amor. Por gostarmos muito daquilo que fazemos” — Sílvia

É através dos olhos de Sílvia Carmo que Portugal é apresentado aos estrangeiros.

Para quem julga que o empreendedorismo não sobrevive à passagem do tempo, que trabalhar como freelancer é apenas para os jovens que ainda não encontraram um sistema mais estável, o próximo exemplo é um abre-olhos. Sílvia Carmo tem 47 anos, 26 como guia intérprete, e nunca trabalhou noutro regime que não o de freelancer.

Depois dos três anos do curso no ISLA (Instituto Superior de Línguas e Administração) e do exame final, começou à procura do primeiro emprego. Queria apresentar o país, pelos seus olhos, a quem ainda não o conhecia. E para isso, precisava de começar por ganhar uma base de contactos. “No início da carreira, ninguém nos conhece, por isso somos nós que temos de ir à procura de trabalho. O que eu fiz, e que suponho que muitas colegas tenham feito, foi ir apresentar-nos às agências, darmo-nos a conhecer. Íamos lá entregar os nossos cartões, que tinham os nossos dados e contactos e também os idiomas em que nos disponibilizávamos a trabalhar”. No seu caso, começou por traduzir para grupos em inglês, alemão e francês. Não tencionava trabalhar em português, porque o seu foco era o mercado recetivo. Isto porque “temos um mercado muito mais recetor do que emissor. Agora já há muitos portugueses que viajam, mas continuamos a ser um país maioritariamente recetivo”.

E admite que esta é uma profissão instável. “Continua a ser, cada vez menos mas ainda assim, sazonal. Nos últimos dois anos temos vivido um ‘boom’ do turismo, mas também há muito low cost que depois não pede serviço de intérprete. As pessoas tratam de tudo pela Internet, ou limitam-se a apanhar os autocarros “hop-on/hop-off” ou tuk-tuks. Ou seja, serviços que nem sempre têm muita qualidade, na verdade, porque essas pessoas, por normal, não têm formação em turismo. Esse é o nosso cavalo de batalha: nós recebemos formação superior e eles não. E é necessário que continue a haver formação e certificação dessa qualidade, e é isso que nós oferecemos“, explica, ela que, sempre que pode, vai a palestras e workshops, conferências e outros fóruns onde consiga receber mais formação.

Mas além da possível escassez de clientes, e da irregularidade do volume de trabalho, a condição legal também não oferece uma grande estabilidade. “Legalmente estamos completamente desamparados. Temos de fazer os descontos por nós na Segurança Social, trabalhamos a sistema de recibos verdes e temos obrigatoriamente de e ter seguro de acidentes no trabalho“. Porém, já foi ainda mais difícil. Antigamente, o sindicato a que os guias intérpretes pertencem, o SNATTI (Sindicato Nacional da Atividade Turística – Tradutores e Intérpretes), em concordância com a APAVT (Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo) estabelecia uma tabela de referência de preços e honorários e as agências e os guias a elas associados trabalhavam de acordo com ela. Mas hoje em dia tudo mudou: agora cada guia tem de ter a sua tabela própria, porque nem o sindicato nem a AGIC (Associação Portuguesa dos Guias-Intérpretes e Correios de Turismo, na qual os guias podem ser membros se quiserem) podem elaborar tabelas, “porque a concertação social não é permitida por lei”, explica Sílvia. “Hoje em dia há duas modalidades: as tabelas de preços dos guias intérpretes e as tabelas das agências. Depois pode-se negociar um bocadinho e chegar a acordo entre os dois”.

Mas a AGIC continua a ser uma ajuda preciosa. Funciona como um escritório onde estão colegas que fazem parte da direção e dos corpos constituintes, nos dias em que podem. Quando não podem, trabalham a partir de casa. Além de os representarem em reuniões de câmara e conselhos, e tanto a nível nacional como internacional, a AGIC também fornece aos guias uma imensidão de informação útil, cultural ou administrativa, incluindo, por exemplo, os cortes no trânsito em Lisboa quando há corridas, maratonas e outros eventos. “Precisamos dessa informação para trabalhar, porque se de repente metade de Lisboa for encerrada, nós temos autocarros para gerir e grupos para levar a certos locais e somos afetados. E não somos só nós, é um universo de todos os autocarros que circulam diariamente”, alerta Sílvia. Além disso, a AGIC também auxilia os guias a conseguirem trabalhos, por ser contactada pelo estrangeiro, por pessoas que procuram guias intérpretes, e por depois lhes passarem esses serviços.

Mas os doze meses do ano não são iguais em termos de rendimento. Abril e Maio, e depois Setembro e Outubro, significam habitualmente os picos de trabalho para os funcionários do setor do turismo. “No resto do ano, depende um pouco dos idiomas. Há variações de nacionalidades. Por exemplo, quando comecei, havia muitos franceses e alemães, e havia menos guias intérpretes em alemão. E eu, não por opção, mas por ser levada um bocadinho na onda, concentrei-me mais no alemão. Hoje em dia só trabalho em alemão e inglês. Houve um decréscimo depois, bastante grande, de turistas franceses. Neste momento há o inverso da situação, um regresso muito grande do mercado francês, também porque os mercados tradicionais para os franceses têm vindo a fechar, neste momento. Estamos a falar da Turquia, do norte de África, do Egito, que não estão interditos ao turismo mas quase, e os franceses tiveram de sair desses destinos tradicionais e voltaram-se neste momento para Portugal”.

Mas se as condições são difíceis, especialmente para quem, como Sílvia, se encontra como freelancer nesta área, por que é que continuam? “Por amor. Por gostarmos muito daquilo que fazemos. Pessoalmente, tenho muito orgulho naquilo que faço. Tenho de me provar todos os dias, porque as pessoas chegam e não me conhecem de lado nenhum, por isso vão conhecer Portugal através dos meus olhos e dos meus gostos pessoais. No fim, e embora me cinja aos factos, acaba por ser uma apresentação muito subjetiva. Há uma base racional e de factos, mas tudo o resto, é aí que fazemos a diferença entre ler dados de um livro ou ouvir um intérprete, ouvirem a sua opinião e visão, o seu gosto pessoal, seja no aconselhamento de um restaurante ou museu. É aí que eu tenho de fazer a diferença e de me provar, e por isso tenho de fazer formação contínua, que aproveito para fazer na época baixa”.

E já há muitas instituições que já perceberam a diferença que os guias intérpretes podem fazer e que por isso apostam em dar-lhes essa formação. “Chegam eles a contactar-nos, ao sindicato ou à AGIC, para fazermos essas formações”, conta Sílvia.

Para quem quer investir num futuro dentro do turismo, Sílvia deixa um conselho: “Temos de ser nós a fazer o nosso marketing. Tenho um site, por exemplo. Temos de promover os nossos serviços através das redes sociais. Depois, com o tempo, é o boca a boca, das pessoas que vêm, gostam do meu serviço, e passam para outras pessoas, ou amigos ou à agência pela qual vieram”.

Mas ser freelancer não é para todos

Rúben Tiago na realização do projecto Tudo à Pala, no palco EDP do MEO SW.

Como em tudo na vida, também há quem não se adeque ao regime de freelancer ou que não consiga manter-se como empreendedor. Rúben Tiago Pereira é um dos muitos exemplos.

“O empreendedorismo é uma resposta, uma fuga, da sociedade ao ócio, ao desemprego jovem e à precariedade no trabalho. Atrever-me-ia até mesmo a dizer que as pessoas não se estão a virar para o empreendedorismo, estão a ser forçadas a isso porque a alternativa, em grande parte dos casos, são trabalhos mal remunerados e sem perspetiva de carreira — o kriptonite de qualquer estudante universitário. No entanto, é claro que quem opta pelo empreendedorismo fá-lo de livre vontade porque no fim há uma remuneração encapotada, que é a de ser ‘livre no trabalho’, ‘fazer os próprios horários’, ‘ser patrão de uma empresa’. É encapotada porque não há nada de livre e de aliciante em trabalhar 15h por dia, não ter a quem delegar tarefas e ser responsável a todo o instante pela viabilidade de um projeto que pode envolver mais pessoas“.

Por isso, vê o empreendedorismo como um risco que, na sua opinião, só faz sentido tomar em determinadas situações: “No caso de se ter uma ideia (de preferência voltada para a tecnologia) que seja reconhecida como inovadora e promissora por uma quantidade alargada de pessoas e não só pelo próprio empreendedor, e ter uma carreira sólida numa determinada área, notar que existe um problema para o qual o mercado não tem resposta e empreender no sentido de colmatar essa falha”.

E ele tentou fazê-lo. “Comecei um canal no YouTube que teve um crescimento muito modesto, mas muito rápido. Graças a ele e à minha entrada para o curso de Jornalismo, que coincidiram, com 20 anos eu julguei seriamente ter tudo o que era preciso para ser um empreendedor nato: criatividade, ideias, energia, dedicação. Frequentava um curso onde tinha seminários de empreendedorismo e onde aprendia todos os dias a compreender a sociedade e suas interações; tinha um canal no YouTube que me dava exposição e a partir do qual me iniciei, pela mão de um grande amigo meu, na produção profissional de vídeo. Fazíamos aftermovies, videoclips, curtas-metragens, etc.. Começámos a ter alguns clientes particulares e até mesmo empresas. Acreditámos seriamente ter algo que nos distinguia da concorrência e, claro, comecei a criar expectativas: ‘vou fazer disto uma empresa, vou ser o meu próprio patrão, vou criar os meus próprios horários’. Esqueci-me de um pormenor: para além de não ter a mínima noção do que é criar e gerir uma empresa, não tinha experiência no meio e, mais importante, não tinha contactos. Era um puto”.

Considera que uma pessoa com 20 e tantos anos tem muito mais a ganhar “com a experiência de passar por boas empresas e absorver o seu ‘know-how’ do que com a experiência de levar adiante um projeto próprio, “que, não envolvendo outras pessoas, tem muito pouco de liderança, por exemplo”.

E encontrou esse ‘know-how’ e esse acompanhamento na Thumb Media, a única multi-channel network portuguesa no YouTube. Nela, começou a criar e a gerir conteúdos de media nas plataformas digitais, principalmente no Youtube, e percebeu que a empresa precisava realmente de pessoas como ele. “Precisam de pessoas como eu, com as minhas capacidades e características, para definir as suas estratégias de comunicação online, contar histórias, criar e gerir conteúdos próprios. Estou no paraíso. Para além de estar a fazer aquilo de que gosto e de ter horários flexíveis (ao contrário do que se apregoa), estou a aprender a um ritmo brutal com pessoas que têm carreiras exímias, estou a alargar a cada dia o meu capital social e tenho um rendimento fixo que me permite, entre outras coisas, fazer poupança e comprar o material cinematográfico que nunca tinha tido capacidade para adquirir”.

Por isso, a seu ver, o termo e o conceito criados em torno do “empreendedorismo” não são mais do que “chavões da sociedade”: “A verdade é que, se desconstruirmos o empreendedorismo, chegamos à conclusão de que ele não é nada mais, nada menos do que uma aptidão que se apoia nas várias características da personalidade do indivíduo e que resulta na capacidade de empreender, de construir. É uma característica pessoal complexa e, tal como a autoconfiança ou a capacidade para tocar ferrinhos dentro do ritmo, nem todos a têm“.

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Revista Monocle destaca Portugal, a nação que soube dar a volta por cima

A mais recente edição da revista britânica Monocle, que assinala uma década em março, inclui um caderno de 64 páginas totalmente dedicado a Portugal e aos portugueses.

A Monocle completa dez anos no próximo mês, mas quem recebe a prenda é… Portugal. A última edição inclui um caderno de 64 páginas com um apanhado completamente transversal de artigos sobre Portugal na área dos negócios, cultura, design, entretenimento, moda e produtos. Tem mesmo entrevistas a António Costa e a Marcelo Rebelo de Sousa, bem como a diretores de jornais portugueses e por aí em diante. “Quisemos regressar à nação que tem sido um foco chave no nosso trabalho de reportagem ao longo da última década”, justifica a revista britânica.

A redação recorda as dificuldades que Portugal passou na crise financeira de 2008, mas indica que os portugueses souberam dar a volta à situação. O país está, agora, “no meio de algo notável”. “Hoje, a atmosfera no país é otimista. Isso acontece porque o país manteve o comércio tradicional em crescimento (do fabrico de calçado à produção de cortiça) ao mesmo tempo que apostou na tecnologia, na energia e na mobilidade”, lê-se.

Portugal está a meio de algo notável. Esta nação de 10,3 milhões de pessoas foi duramente afetada pela crise de 2008, mas hoje a atmosfera no país é otimista.

Monocle

O certo é que, no miolo do caderno, há muito por explorar. Até para um português. Das livrarias mais famosas do país — Lello, a Monocle está de olho em ti — às bicicletas Órbita que ainda se constroem em Águeda, não fica praticamente nada para trás, ficando a ideia de um Portugal que se apresenta ao mundo com ar fresco e jovial, sem renunciar à tradição e ao que outrora o fez grande.

A Monocle não esquece ainda outros elementos chave como o vinho e a gastronomia, destacando uma entrevista de mesa farta aos chefs José Avillez, Miguel Castro e Silva e Ana Moura, bem como a Jorge Filipe Raiado, da marca de sal portuguesa Salmarim. Além da lagosta com arroz, do porco ibérico e do vinho do Porto, em cima da mesa esteve a pergunta: como dar a conhecer lá fora a gastronomia lusitana.

Fica assim provada a relação saudável da revista com Portugal, num trabalho extensivo que muito provavelmente fará soar campainhas no Reino Unido e um pouco por todo o mundo. No bom sentido, claro. Porque se o país já se vê a braços com um boom no turismo e no empreendedorismo, uma exposição mediática desta natureza só pode acentuar ainda mais o fenómeno. Do Porto ao Algarve, passando pela capital.

Nem que seja só pelo título Time to Invest in Portugal [“É tempo de investir em Portugal”, em português], que surge em letras garrafais numa das páginas. É um dos muitos anúncios publicitários que vão polvilhando este trabalho da Monocle, onde se destacam nomes como a AICEP, a EDP, Turismo de Lisboa, Compete 2020, entre outros.

Resta falar das entrevistas aos líderes. Começando pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que explicou como, em Portugal, não parece haver movimentos populistas, ao contrário do resto da Europa e Estados Unidos. “Temos partidos fortes. Por exemplo, o Partido Comunista renovou-se e atraiu uma geração jovem, mesmo sendo bastante antigo e ortodoxo”, indicou. Do ponto de vista económico, Marcelo defendeu que “aos poucos, começamos a ver crescimento e a assistir ao facto de as gerações mais novas terem descoberto que, em vez de irem para grandes ou médias companhias, podem criar as suas próprias microempresas”, disse.

Quanto ao ao primeiro-ministro António Costa, apresentou dados animadores sobre a economia (“Ainda só temos dados do primeiro trimestre do ano passado, mas o investimento privado cresceu em 7%”, rematou) e falou de como tem conseguido sustentar a aliança da esquerda política: “Em Portugal tínhamos um sistema assimétrico onde a direita conseguiu unir-se e a esquerda estava sempre dividida. Nessa altura, ou tínhamos todos contra todos outra vez, ou podíamos encontrar uma solução”, argumentou, reconhecendo que “há grandes diferenças entre o Partido Socialista e os seus parceiros [PCP, BE e PEV] no Parlamento”.

"Ainda só temos dados do primeiro trimestre do ano passado, mas o investimento privado cresceu em 7%.”

António Costa

Primeiro-ministro

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Há mais um Dacia Stepway. É o Logan

Já havia o Sandero, o Lodgy e o Dokker. Faltava o Logan para que a família Stepway, da Dacia, ficasse completa. Já está.

Depois dos Sandero, Lodgy e Dokker, a família Stepway acolhe um quarto membro. A Dacia prepara-se para lançar o Logan MCV Stepway, modelo que ganha assim um look mais aventureiro. E associado ao estilo crossover vem também equipamento reforçado numa marca que prima pelos preços competitivos.

Seguindo a lógica dos restantes modelos, o Logan MCV Stepway exprime-se através da altura ao solo que foi aumentada em cinco centímetros, mas também nas proteções na frente e na traseira, na grelha dianteira inspirada na do Duster, bem como nas proteções laterais da carroçaria.

Dispõe, igualmente, da nova assinatura luminosa, cujos blocos óticos integram os faróis diurnos de LED com a forma de quatro retângulos. “Tal como na restante família Stepway, a grelha dianteira integra os tons negros e o para-choques bi-tom com os retângulos cromados inspirados nos do Dacia Duster”, diz a marca do grupo Renault.

O novo Logan MCV Stepway, que será lançado na emblemática cor azul azurite, também ganha novas características no interior. “As pegas de abertura das portas são na cor cromada, bem como o friso que circunda a consola central e os arejadores”, diz a marca, salientando também o facto de esta nova versão contar com sistemas de ajuda ao estacionamento traseiro e a ajuda ao arranque em declive. “A câmara de marcha atrás estará também disponível”, nota.

Gasolina, gasóleo e GPL

O mais recente membro da família Stepway deverá chegar ao mercado nacional em junho, de acordo com a informação avançada pela marca, mas ainda não há indicação quanto aos preços que serão praticados. Já se sabe, contudo, quais as motorizações que estarão disponíveis neste modelo com um look mais aventureiro.

A oferta a gasóleo vai contar com o dCi de 90 cv com caixa de velocidades manual de cinco relações, que promete consumos combinados de 3,9 litros aos cem quilómetros. O motor a gasolina, o TCe, terá a mesma potência, mas também a mesma caixa de cinco velocidades, apontando para consumos de 5,1 litros. Mais tarde, a marca promete que haverá uma versão a GPL.

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PSA põe clientes a fazerem testes a autónomos

A Peugeot e a Citroen obteve autorização para realizar testes a carros autónomos com os seus clientes. É a primeira marca fabricante a obter autorização para levar a cabo esta experiência em França.

Carros que andam sozinhos? Já há. Mas andam em testes. As marcas têm vindo a realizar experiências com automóveis autónomos, mas recorrendo a condutores profissionais. O Grupo PSA vai dar um passo em frente. Vai colocar os clientes ao volante (ainda que não seja preciso tocar nele). Os testes arrancam em março.

O Grupo PSA, fabricante das marcas Peugeot e Citroen, “é o primeiro construtor automóvel a obter autorizações em França para levar a cabo experiências em veículos autónomos com condutores amadores”, diz a marca, em comunicado. Os protótipos do Grupo PSA testados por especialistas já percorreram 120.000 km em vias rápidas na Europa, mas agora o volante passa para os amadores.

Os testes arrancam em março de 2017 com clientes ao volante dos veículos autónomos do grupo“, diz a marca. “Os veículos de demonstração com condutores ‘não especializados’ podem circular em cerca de 2.000 km de vias rápidas em França”.

Este “novo passo constitui um avanço significativo no desenvolvimento da tecnologia de veículos autónomos do Grupo PSA” que pretende que a partir de 2020, alguns veículos das suas marcas possam “beneficiar de funções de condução autónoma que permitem ao condutor entregar inteiramente o controlo da condução ao veículo“.

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E o Carro do Ano em Portugal é…

Chama-se 3008. Peugeot 3008. Bateu a concorrência, conseguindo impôr-se perante 15 modelos que concorreram à edição deste ano do prémio que distingue o Carro do Ano.

São lançados muitos automóveis novos no mercado todos os anos. E todos os anos há um que se destaca. Este ano, foi o 3008. O SUV da Peugeot, que surge nesta nova geração com linhas bastante mais arrojadas, bateu a concorrência, arrebatando o galardão de Carro do Ano 2017.

“O novo Peugeot 3008 mereceu a preferência da maioria do júri e impôs-se assim entre o lote de 15 modelos que concorreram à edição deste ano”, nota a marca. O júri, composto por 18 jornalistas testou todos os modelos a concurso, analisando a segurança, economia, eficiência, performance, competitividade e comportamento dinâmico dos veículos.

"O novo 3008 é um automóvel que está a levar todo um conjunto de novos clientes a descobrir a qualidade da Peugeot e que, por isso, nos coloca novos desafios no sentido de confirmar, em cada contacto com os clientes, as expectativas que estamos a criar.”

Jorge Tomé

Diretor geral da Peugeot Portugal e Espanha

No final das contas, somados todos os pontos, o SUV francês destacou-se. “É um grande orgulho para mim, para a equipa da Peugeot para a nossa rede de concessionários, receber este troféu”, o “Essilor Carro do Ano/Troféu Volante de Cristal 2017”, afirmou Jorge Tomé, diretor geral da Peugeot Portugal e Espanha.

“O novo 3008 traduz um novo desafio e uma nova forma de estar no mercado. É um carro totalmente novo, com uma plataforma nova, numa silhueta nova, com novos atributos tecnológicos, e que se insere num segmento em plena expansão. Mas é também um automóvel que está a levar todo um conjunto de novos clientes a descobrir a qualidade da Peugeot e que, por isso, nos coloca novos desafios no sentido de confirmar, em cada contacto com os clientes, as expectativas que estamos a criar”, concluiu.

O 3008 deu à marca francesa o terceiro galardão de Carro do Ano. A Peugeot já tinha conquistado esta mesma distinção em 1989, com o modelo 405, sendo que mais recentemente, há cinco anos, foi o 508 a conseguir ficar no topo das preferências do júri que o elegeu como Carro do Ano de 2012.

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Investidores, larguem os gestores, agarrem-se a índices de baixo custo. Palavra de Buffett

Um gestor de investimentos e um macaco entram num bar. Um acerta nas previsões, o outro também. Qual é a diferença? Um não tem pessoas a fazerem fila para investir consigo.

Arrancou a mais famosa reunião de Omaha. Milhares de pessoas estão concentradas na cidade norte-americana para ouvir os conselhos do investidor milionário Warren Buffett, que divulgou este sábado a célebre carta anual aos acionistas. Desta vez, Buffett decidiu apontar armas aos gestores de investimento que cobram comissões demasiado elevadas para os resultados que obtêm. E apelou aos investidores para que se agarrem aos índices de baixo custo.

“Quando biliões de dólares são geridos por ‘Wall Streeters‘ que cobram comissões elevadas, são, geralmente, estes gestores que obtêm lucros elevados, não os seus clientes. Tanto os grandes como os pequenos investidores devem agarrar-se aos índices acionistas de baixo custo”, refere o magnata na carta deste ano, já publicada no site da Berkshire Hathaway, o conglomerado de investimento liderado por Buffett.

Para sustentar o seu argumento, Warren Buffett relembra o historial de investimento de grupos de investidores ativos (os gestores que cobram “comissões demasiado elevadas”) e de investidores passivos (os que investem em ações e esperam que elas evoluam). Nove anos após o investimento inicial, conclui Buffett na sua análise, os ganhos dos investidores ativos ficaram, quase sempre, aquém do ganho médio das ações do S&P 500.

"Se mil gestores fizerem previsões de mercados no início de um ano, é muito provável que as previsões de pelo menos um estejam corretas durante nove anos consecutivos. Isso é tão provável quanto mil macacos acertarem numa profecia semelhante.”

Warren Buffett

Carta anual aos acionistas

No fim, Buffett simplifica: se um universo de investimento estiver compreendido entre um grupo de investidores ativos e um grupo de investidores passivos, ganha aquele que tiver menores custos. “Se o primeiro grupo tem custos exorbitantes, as suas perdas serão substanciais”, explica.

Buffett reconhece que poderá haver “centenas, talvez milhares” de gestores capazes de superar esta hipótese. “O problema é que a grande maioria dos gestores que tentarem superar a média de ganhos do mercado vai falhar“, defende. Até porque a sorte destes investidores ativos dura apenas por períodos de tempo limitados. “Se mil gestores fizerem previsões de mercados no início de um ano, é muito provável que as previsões de pelo menos um estejam corretas durante nove anos consecutivos. Isso é tão provável quanto mil macacos acertarem numa profecia semelhante. Haveria, contudo, uma diferença: o macaco sortudo não ia encontrar pessoas a fazerem fila para investir com ele“.

Lucros da Berkshire Hathaway sobem 15%

Os lucros da Berkshire Hathaway subiram 15% no último trimestre do ano passado, para 6,29 mil milhões de euros, impulsionados pelo retorno dos investimentos.

O conglomerado de Warren Buffett destaca os ganhos obtidos com a participação na Apple. A Berkshire Hathaway adquiriu 61,2 milhões de ações da gigante tecnológica no ano passado, por 6,75 mil milhões de dólares. Tornou-se num dos dez maiores acionistas da Apple e obteve ganhos de 1,6 mil milhões com esta participação de 1,1% do capital da Apple.

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