PCP quer indemnizações por despedimento no valor de 2011

  • ECO
  • 21 Outubro 2017

As indemnizações foram alteradas com a mudança do Código de Trabalho em 2012 pelo Governo de Passos Coelho. O PCP pretende agora reverter a que considera "uma das medidas mais gravosas".

O PCP pretende reverter as indemnizações por despedimento para os valores previstos no Código de Trabalho antes da sua revisão de 2012. Considerando que essa revisão foi um “retrocesso civilizacional” feito pelo Governo anterior, o PCP considera “uma das medidas mais gravosas” a mudança dos montantes e condições para as indemnizações por despedimento, pretendendo voltar aos que vigoravam em 2011.

Ao Diário de Notícias, a deputada comunista Rita Rato explicou que, “independentemente de outras regras que precisam de ser revistas”, a alteração das regras nas indemnizações “foi uma das medidas mais gravosas da revisão do Código do Trabalho”. Agora, um novo projeto de lei do PCP pretende revertê-la.

Segundo o projeto de lei, citado pelo DN, “o valor que os trabalhadores recebem de indemnização, em caso de despedimento, passou de 30 dias para 20 dias por cada ano de trabalho com o limite de 12 anos de casa. Isto é, um trabalhador com 30 anos de casa passou a receber apenas por 12 anos de trabalho, e o Governo discutiu a possibilidade de a indemnização passar a ser, em vez de 20, 8 a 12 dias de indemnização por cada ano de trabalho”.

Ainda falta saber se o Partido Socialista vai apoiar o PCP nesta ambição. “É isso que queremos saber: saber o que pensa o Governo. Ainda não discutimos com o PS e com outros”, afirmou Rita Rato.

 

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Trabalho independente nem sempre tem “tradução em faturas”

  • Lusa
  • 21 Outubro 2017

O fiscalista Manuel Faustino considera que há aspetos no trabalho independente que "não têm tradução em papéis e faturas", considerando as alterações ao regime simplificado "uma aberração jurídica".

Criado para simplificar a tributação dos rendimentos dos profissionais liberais e dos empresários em nome individual, o regime simplificado de IRS permite atualmente que seja aplicado um coeficiente que resulta de uma presunção legal de despesas: por exemplo, o rendimento ganho pelos profissionais liberais é considerado apenas em 75% devido à aplicação de um coeficiente de 0,75 que se traduz numa dedução automática de 25%.

Na proposta do Orçamento do Estado para 2018 (OE2018) são introduzidas alterações que limitam as deduções automáticas decorrentes da aplicação daqueles coeficientes, não podendo daqui resultar um rendimento tributável inferior a 4.104 euros (correspondente à dedução específica dos rendimentos do trabalho dependente) ou à dedução das despesas relacionadas com a atividade.

Em entrevista à Lusa a propósito do OE2018, Manuel Faustino deixou várias críticas a estas mexidas ao regime de tributação dirigido aos trabalhadores independentes, onde se incluem os profissionais liberais (como advogados, tradutores e lojistas) mas também agricultores, comerciantes e industriais.

Um dos aspetos que o primeiro diretor dos serviços do IRS do Fisco criticou é saber qual o rendimento considerado para determinadas atividades: “No caso de um agricultor, qual é o salário que lhe vão considerar para efeitos de determinar qual é o lucro que apura na atividade agrícola e para que ‘e-fatura’ é que isso vai? O que é que tributam na atividade agrícola? Tributam o rendimento de capital, isto é, o rendimento do que a terra produz? Ou o rendimento de capital e o do trabalho?”.

Também o intelecto é um campo relativamente ao qual Manuel Faustino identifica particularidades que não se compadecem com as alterações agora propostas: “Será que posso afetar o meu cérebro à minha atividade e atribuir um valor a esse intangível? Posso ir fazendo uma amortização anual a título do que vou gastando?”, afirmou, acrescentando que estas situações “não têm tradução em papéis e em faturas”.

Além disso, o fiscalista referiu-se à dificuldade de imputar as várias despesas dedutíveis aos diferentes tipos de rendimento, o que, no regime simplificado, é relevante porque o IRS atribui coeficientes diferentes a cada tipo de rendimento: por exemplo, o dos profissionais liberais é de 0,75 (o que lhes confere uma dedução automática de 25%), mas o da venda de mercadorias e produtos é de 0,15 (atribuindo-lhes uma dedução automática de 85%).

O problema é que a categoria B “é uma categoria plurifuncional do ponto de vista das atividades que nela podem constar para uma mesma pessoa”: por exemplo, um profissional liberal pode simultaneamente ter uma exploração agrícola e ter uma loja e a cada um destes rendimentos é atribuído um coeficiente de presunção de despesas distinto.

“Então [neste caso] vou ter em cada um deles um limite diferente? O senhor secretário de Estado diz que posso comprar o saco das batatas para cozinhar em casa [e deduzir essa despesa no regime simplificado], mas tenho de fazer a imputação se tiver três atividades. Como é que imputo [esta despesa] aos [rendimentos] profissionais, agrícolas e comerciais?”, lançou.

Também o critério para definir quais as despesas que poderão ser consideradas no novo regime — que será um requisito de relação (e nao de indispensabilidade) com a atividade — foi criticado por Manuel Faustino.
“Se eu comprar ‘Os Maias’, do Eça de Queirós, porque preciso de fazer uma citação numa peça [jurídica] que estou a escrever, é uma despesa relacionada que equivale ao Código Civil que preciso de ter atualizado ou não é relacionada?”, exemplificou.

O fiscalista entende que, da forma como estão feitas, as alterações são “uma aberração jurídica”: “O regime juridicamente como está construído, e peço desculpa a quem formulou a proposta, mas, se é jurista, sabe que é uma aberração jurídica”.

Isto porque “está a aproveitar a parte que quer da presunção [de despesas] para a pôr num limite” e faz com que “a presunção que o contribuinte até agora tinha a seu favor e, portanto, não precisava de provar nada, vai ter de a provar”, o que se traduz na “inversão do ónus da prova numa presunção legal, o que é outra novidade”.
Para o advogado, não faz sentido que se continue a usar uma presunção legal de gastos para estabelecer o limiar máximo das despesas aceites no regime simplificado, defendendo que, “se se quer atingir o princípio constitucional da tributação pelo rendimento real, então, se a pessoa comprovar mais despesas do que os 25% [da dedução automática a que agora tem direito], que se lhe conceda essa dedução” pela totalidade.

Sublinhando que o novo regime proposto “é tão simplista que não resolve nada”, Manuel Faustino apela a que, se não se acabar já com estas mudanças ao regime, “pelo menos que se passe de algo que já está legislado para uma autorização legislativa para estudo” pelo Governo.

Escalões de IRS têm “pecado original” de não atualização à inflação

O fiscalista Manuel Faustino considera que os escalões do IRS “têm um pecado original”, que é o facto de, ao contrário do que tem acontecido, não terem sido atualizados à taxa de inflação na proposta orçamental para 2018. Recordou que “o Governo atualizou impostos com base na taxa esperada de inflação [mas] não atualizou os escalões do IRS com a taxa da inflação”.

“Devia ter atualizado todos. Independentemente do que fez, não atualizou os escalões do IRS à taxa da inflação e isso significa que não desagravou tanto quanto devia, [porque] atualizar à taxa da inflação não é agravar nem desagravar, é manter tudo igual”, defendeu, afirmando mesmo que, por esta via, “indiretamente há um agravamentozinho”.

No entanto, esta é uma situação que pode ser corrigida ainda na discussão na especialidade da proposta de OE2018 e em relação à qual o fiscalista deixa um apelo: “Esperemos que na assembleia corrijam, ainda que tenham de refazer contas”.


Outro aspeto apontado por Manuel Faustino prende-se com aquilo que designa como “o último escalão não camuflado” do IRS: a taxa adicional de solidariedade, criada no Orçamento do Estado para 2012 e que é cobrada aos contribuintes com rendimentos superiores a 80 mil euros.

Atualmente, esta taxa adicional, que acresce aos cinco escalões do imposto que o código em vigor prevê, é de 2,5% para os patamares de rendimento entre os 80 mil e os 250 mil euros e de 5% para os montantes que excedam aquele valor.

“O último escalão não camuflado começa nos 80.640 euros e a célebre taxa adicional de solidariedade de que ninguém fala continua marcada nos 80 mil e até 250 mil. Vem na mesma no orçamento. É uma coisa diferente? Ela começava no último escalão quando o último escalão era de 80 mil e, supostamente, estes 640 euros, que já resultavam de um uma atualização por inflação, deviam ter sido também ajustados. Esqueceram-se?”, questiona o fiscalista.

Além disso, Manuel Faustino lamenta que, apesar de esta taxa ter surgido como adicional e de ser também provisória, “ninguém fale da sua reversão”.

Na proposta de OE2018, o Governo aumenta o número de escalões do IRS, de cinco para sete, desdobrando os atuais segundo e terceiro escalões, uma medida que o executivo estima beneficiar cerca de 1,6 milhões de famílias.

Apesar de considerar que se trata de “um orçamento ‘soft’ e aceitável” do ponto de vista fiscal na medida em que “não se fazem muitas modificações” e “não se faz uma revolução fiscal no orçamento”, Manuel Faustino lamenta que a proposta orçamental não inclua medidas nas “áreas processual, penal, criminal e das contraordenações”.

O fiscalista atribui esta ausência de medidas ao facto de ter havido “uma rutura na continuidade da tutela fiscal direta”, com a saída do anterior secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, recordando que Fernando Rocha Andrade “tinha deixado indícios de que estaria a estudar essas matérias” e também temas relacionados com “condutas e procedimentos da AT [Autoridade Tributária] no sentido de os tornar mais transparentes”.
Para o perito, “isso teriam sido medidas que os contribuintes gostariam de ver e que talvez estivessem no orçamento e, se calhar, com agrado”.

Agricultores e comerciantes fora do alargamento do mínimo de existência

O fiscalista Manuel Faustino alertou que o alargamento do mínimo de existência previsto para 2018 abrange apenas os profissionais liberais e não todos os trabalhadores independentes, ficando de fora os agricultores e os comerciantes.

“Esse é o ‘lobby’ que o senhor secretário de Estado [dos Assuntos Fiscais, António Mendonça Mendes] defende? Provavelmente nunca foi agricultor, nunca foi comerciante. Então esses não têm direito ao mínimo de existência?”, lançou.

A proposta de OE2018 prevê que o mínimo de existência, que atualmente se destina apenas aos trabalhadores dependentes e aos pensionistas, passe a aplicar-se também aos profissionais liberais conforme listado na Portaria n.º 1011/2001.

Entre estes profissionais estão, por exemplo, arquitetos, artistas de teatro e bailado, pintores, desportistas, engomadores, jornalistas e repórteres, tradutores, explicadores, formadores e amas, que até aqui não contavam com esta proteção.

No entanto, continuam a ficar de fora da proteção do mínimo de existência os outros trabalhadores independentes que, atualmente, também estão na categoria B do IRS, nomeadamente os que trabalham em atividades comerciais ou industriais (antiga categoria C do código do IRS) e os que trabalham em atividades agrícolas, silvícolas ou pecuárias (antiga categoria D).

O primeiro diretor dos serviços do IRS do Fisco considera que “pelo menos os camponeses também têm direito ao mínimo de existência” e chamou a atenção para o risco de o autoconsumo vir a ser considerado como rendimento.

“Qualquer dia — e espero não estar a dar ideias — os velhotes da minha terra que cultivam as leiras para autoconsumo também começarão a ser tributados porque o autoconsumo é rendimento. O senhor secretário de Estado é que provavelmente ainda lá não chegou, ele disse que não é fiscalista”, acrescentou. Manuel Faustino apelou, no entanto, a que esta questão venha a ser clarificada na discussão do orçamento na especialidade: “Estou esperançado que a esquerda que apoia o Governo não vai deixar passar”.

Ainda em relação ao mínimo de existência, que deverá custar 80 milhões de euros e que passará a ser atualizado em função do Indexante dos Apoios Sociais (IAS), o fiscalista apontou que “continuam em valores fixos os mínimos de existência para as famílias até quatro dependentes ou com mais de quatro dependentes”, considerando que “também careciam de ser indexadas”.


Atualmente, o código do IRS determina que o mínimo de existência, que é de 8.500 euros para os trabalhadores dependentes e os pensionistas, sobe para os 11.320 euros de rendimento líquido para os agregados com três ou quatro filhos e para os 15.560 euros para os que tenham cinco ou mais filhos.

A proposta orçamental para o próximo ano mantém esta situação inalterada e também não altera o facto de o valor do mínimo de existência ser cortado para metade nos casos dos casados e unidos de facto que não optem pela tributação conjunta.

Já em agosto, Manuel Faustino tinha dito à Lusa que “o valor de rendimento líquido em princípio é para uma pessoa sozinha”, lamentando que “não existam situações para casados”, o que “cria discriminações em situações que deviam ser iguais”.

Na prática, o que está em causa é, por exemplo, um solteiro que aufira 600 euros por mês fica abrangido pelo mínimo de existência e não é tributado, mas um agregado composto por casados ou unidos de facto em que cada um ganhe igualmente 600 euros beneficia apenas de um mínimo de existência e não de dois.

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Frasquilho: TAP pode entrar em bolsa em “três ou quatro anos”

  • ECO
  • 21 Outubro 2017

O "chairman" da TAP, Miguel Frasquilho, afirma que a empresa deverá fechar o ano com uma nota positiva nos resultados, embora tenha evitado usar a palavra "lucros".

Miguel Frasquilho, chairman nomeado pelo Estado para o Conselho de Administração da TAP, acredita que a empresa vai terminar o ano com “resultados positivos”, embora tenha evitado a palavra “lucros” ao falar ao Dinheiro Vivo, numa entrevista publicada este sábado.

Confrontado com os prejuízos de 52 milhões que a TAP apresentou no primeiro semestre de 2017, Miguel Frasquilho respondeu que “o setor da aviação é bastante sazonal”, e que a segunda metade do ano costuma ser “responsável por dois terços dos proveitos”. Assim, os prejuízos do primeiro semestre ficaram mesmo melhores do que o esperado. “Temos a perspetiva de que o ano será fechado com resultado positivo”, afirmou. Questionado sobre se queria dizer “com lucro”, repetiu: “Com resultado positivo”.

Frasquilho disse ainda que a entrada da TAP em bolsa “é um desafio” para a empresa, e que talvez dentro “de três, quatro anos” a TAP possa fazê-lo. A colaboração com a Azul de David Neeleman, sublinhou, tem sido muito positiva para a TAP — de tal maneira que entre 2017 e 2018 a empresa prevê contratar cerca de 700 comissários e assistentes de bordo e perto de 200 pilotos, “para além das contratações que foram feitas no ano passado na manutenção e engenharia”, acrescentou ao Dinheiro Vivo.

Ao jornal, disse ainda que a atual estrutura acionista da empresa, em que o Estado detém 50%, os trabalhadores detêm 5% e o consórcio Atlantic Gateway de David Neeleman, Humberto Pedrosa e a china HNA detém outros 45% é “muito equilibrada”.

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Moody’s desce rating da dívida pública de Angola

  • Lusa
  • 21 Outubro 2017

A Moody's desceu o ‘rating’ de Angola, mantendo-a num nível de classificação altamente especulativo, decisão justificada com o fraco crescimento económico do país e a escassez de divisas.

A agência de notação financeira Moody’s desceu o ‘rating’ da dívida pública de Angola de B1 para B2, mantendo-a num nível de classificação altamente especulativo, decisão justificada com o fraco crescimento económico do país e a escassez de divisas.

A descida no ‘rating’ da dívida soberana de Angola, acrescida de uma previsão de evolução que passa de negativa para estável, foi comunicada na sexta-feira à noite, com a Moody’s a apontar ainda previsões de alta inflação, cortes no investimento público e um sistema bancário “fraco”.

“Angola ainda enfrenta o difícil desafio da diversificação, longe da sua forte dependência do petróleo”, escreve a agência de notação, ao justificar a descida de mais um nível no ‘rating’ da dívida emitida pelo Estado angolano.

É ainda sublinhado que o endividamento público do país quase duplicou nos últimos quatro anos — para fazer face à quebra nas receitas com a exportação de petróleo –, persistindo as “pressões externas”, na forma de reduzida liquidez em divisas, face ao “declínio” das reservas internacionais líquidas do país.

O Presidente angolano, João Lourenço, admitiu na segunda-feira que o país está numa “situação difícil” em termos económicos e financeiros, tendo registado um crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB) praticamente nulo, de 0,1%, em 2016.

O chefe de Estado angolano discursava na sessão solene de abertura da primeira sessão legislativa da IV Legislatura, na estreia de João Lourenço, eleito a 23 de agosto para suceder a José Eduardo dos Santos, no anual discurso sobre o estado da Nação.

“O nosso país encontra-se numa situação económica e financeira difícil, resultante da queda dos preços do petróleo no mercado internacional e da consequente liquidez em moeda externa”, disse João Lourenço, num discurso de praticamente uma hora, durante o qual repetiu várias vezes a necessidade de acabar com a “forte dependência do petróleo”, através da diversificação da economia.


De acordo com o Presidente angolano, a taxa de crescimento do PIB real foi de 0,1% em 2016, contra os 6,8% em 2013, antes da crise provocada pela quebra nas receitas com a exportação de petróleo, mantendo-se a previsão de crescimento de 2,1% para este ano.

Depois de uma inflação acumulada de 42% em 2016, João Lourenço apontou para uma previsão “ao redor” de 22,9% para este ano.

Num discurso fortemente voltado para as questões económicas, o Presidente angolano enfatizou a influência desta conjuntura nas contas do país, tendo em conta a queda acumulada de 40% nas receitas fiscais entre 2013 e 2016, descida que nas receitas oriundas do setor petrolífero chegou aos 70%.

Em contrapartida, a despesa total do Estado registou uma queda de 29% no mesmo período, afetando sobretudo o investimento público, que caiu 55%.

“A consolidação orçamental levada a cabo nos últimos anos contribuiu imenso para que não houvesse uma explosão do défice”, enfatizou ainda, acrescentando que Angola registou um défice de 2,2% do PIB em 2016 e de 0,9% até ao segundo trimestre deste ano.

Estes défices, recordou, foram financiados com endividamento público, que passou de um rácio equivalente a 24,5% do PIB, em 2013, para 56% em 2016.

“Neste contexto, impõe-se a tomada de medidas de política necessárias e inadiáveis, de modo a alcançar-se a estabilidade macroeconómica do país, com a pedra de toque no equilíbrio das variáveis macroeconómicas suscetíveis de garantir os equilíbrios internos e externos do país e as condições necessários para estimular a transformação da economia, o desenvolvimento do setor privado e a competitividade”, disse.

Alguns economistas têm apontado, nas últimas semanas, a possibilidade de uma forte desvalorização do kwanza, moeda nacional, face ao dólar norte-americano, mas João Lourenço não adiantou medidas concretas neste discurso.

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Rajoy: “Loucura” catalã acaba hoje? Com que impactos?

  • Marta Santos Silva
  • 21 Outubro 2017

"É uma situação louca", disse o primeiro-ministro espanhol aos líderes europeus, garantindo que "a ordem" seria reposta este sábado. Mas o que pode vir a seguir quando Madrid acionar o artigo 155?

Perante os líderes europeus esta sexta-feira, Mariano Rajoy foi claro: o Governo espanhol está preparado para tomar as medidas que forem necessárias para “voltar à lei e restaurar a normalidade institucional”, disse, citado pelo Politico. “É uma situação louca”, afirmou em Bruxelas.

Este sábado, o primeiro-ministro prepara-se para desencadear o artigo 155 da Constituição Espanhola para retirar a independência, em certas funções, à Catalunha, de maneira a tirar poder ao atual presidente do Governo regional, Carles Puigdemont. Questionado pelos jornalistas sobre se poderia haver força envolvida na aplicação do artigo 155, ou se poderia haver violência na região, Rajoy evitou a questão: “Espero que as autoridades catalãs sejam mais responsáveis do que em ocasiões anteriores”, afirmou. Mas não comentou a convocatória de eleições antecipadas para a região. “As medidas a adotar vão ser anunciadas amanhã”, disse esta sexta.

O partido de Rajoy, o PP, juntamente com o partido socialista que se lhe opõe no parlamento em Madrid, o PSOE, acordaram convocar eleições antecipadas na Catalunha para janeiro, o que terminaria mais cedo o mandato de Carles Puigdemont, que só tomou posse em janeiro de 2016. Em resposta, o vice-presidente da Generalitat, Oriol Junqueras, manifestou-se contra a convocação de eleições para novo governo na Catalunha neste momento. “Não é a melhor maneira de avançar”, declarou Junqueras, numa altura em que o Executivo catalão acusa Madrid de não aceder ao diálogo.

Mas o que é o artigo 155?

A Constituição Espanhola contém um artigo que serve para proteger a integridade do território espanhol, apesar da autonomia dada às diferentes regiões, que têm os seus próprios Governos. Segundo explicou o professor catedrático Javier García Fernández: “A autonomia precisava de se proteger através de instrumentos que evitassem que uma minoria se tentasse apoderar das instituições autónomas para destruí-las”.

Uma apoiante da independência veste a bandeira catalã durante uma manifestação.Geraldine Hope Ghelli/Bloomberg

O Governo central em Madrid pode decidir acionar este artigo, por exemplo, se vir que as instituições regionais estão a ser apropriadas por radicais independentistas. Mas importa lembrar o que diz o artigo 189 do mesmo documento: o Governo central tem de apresentar por escrito quais são as medidas que pretende tomar para fazer cumprir a Constituição na região autónoma em causa, ou para proteger o interesse geral de Espanha, e porque é que estas medidas se justificam. É isto que se espera que saia do Conselho de Ministros deste sábado.

Que impactos económicos se podem esperar?

Os impactos económicos da questão independentista — que tem trazido os catalães para a rua e para as urnas de voto num referendo que acabou por ser considerado ilegal antes sequer de ter acontecido — podem já se estar fazer sentir. O economista-chefe do FMI, Maurice Obstfeld, já pediu que as partes não atuassem “de maneira precipitada”, e insistiu que devesse haver negociações — algo que começa a estar cada vez mais fora de questão. Questionado sobre os possíveis efeitos desta crise para além do prolongamento da incerteza política em Espanha, o economista-chefe do FMI disse que “sim, haveria contágio ao resto da Europa”.

Nas ruas de Barcelona, milhares manifestaram-se pela unidade de Espanha, após manifestações semelhantes pela independência da região.Alberto Estevez / EPA

Espanha já reviu em baixa o seu crescimento para o ano. Prevê agora uma expansão de 2,3% quando antes contava com uma subida de 2,6% — um corte que já tinha sido sinalizado pelo Governo espanhol, numa altura em que se mantém a incerteza em torno da independência da Catalunha. Entretanto, grandes, pequenas e médias empresas tiram as suas sedes da região. Só PME, já foram 1.300 a sair — 1% das associadas à Pimec, a organização das PME catalãs.

E o que quer isto dizer para Portugal?

O que significa um crescimento mais fraco de Espanha para Portugal? O habitual é antecipar-se que um abrandamento do ritmo da atividade económica do lado de lá da fronteira trará um arrefecimento também do lado de cá — mas desta vez pode não ser assim, como escreveu o ECO.

“Um abrandamento do crescimento de Espanha pode sempre afetar Portugal,” disse Luís Aguiar-Conraria, economista e professor na Universidade do Minho. “Se for só o país a crescer menos, é evidente que o impacto em Portugal será negativo,” frisa. “Mas se o abrandamento resultar do problema da Catalunha, Portugal pode beneficiar de um redirecionamento do turismo e esse efeito acabar por compensar os outros,” admite.

Há ainda, porém, o efeito das bolsas. Como ressalvou o economista Rui Serra: “Há ainda o efeito de incerteza nos mercados. Temos visto os spreads de Espanha face à Alemanha a alargar-se e isso teve já um impacto em Itália e em Portugal. Esta também é uma via de impacto a considerar.” Esta quinta-feira, com a troca de ameaças entre o governo catalão e o Executivo central, os juros da dívida espanhola aceleraram, o euro perdeu terreno e as bolsas europeias entraram em queda.

Numa altura em que a União Europeia rejeita mediar a situação, resta esperar para ver como é que a Catalunha e Madrid, que cada vez se afastam mais de posições de diálogo, vão desatar o nó. Parte da resposta virá este sábado, após o Conselho de Ministros.

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Eduardo Cabrita e Pedro Siza Vieira já tomaram posse num Governo “fragilizado”

  • Marta Santos Silva e Lusa
  • 21 Outubro 2017

O novo ministro da Administração Interna, assim como o novo ministro Adjunto, Pedro Siza Vieira, tomaram posse esta manhã, antes de um Conselho Ministros Extraordinário.

Eduardo Cabrita e Pedro Siza Vieira tomaram hoje posse como ministros do Governo de António Costa — Cabrita muda de posição para a Administração Interna após ter sido ministro Adjunto, e Siza Vieira entra para o substituir no cargo de Adjunto.

A tomada de posse foi agendada de tal forma que os dois entraram, logo de seguida, para o primeiro Conselho de Ministros nos seus novos postos: o Conselho de Ministros extraordinário que decorre este sábado relativo à situação dos incêndios de Pedrógão Grande em junho, que servirá para discutir a reforma do sistema de proteção civil.

Uma das recomendações feitas no relatório da Comissão Técnica Independente já deverá ter resposta: esta apontava que deveria haver um organismo responsável pela Proteção Civil, e Eduardo Cabrita já planeia ter mais um secretário de Estado do que a sua antecessora, Constança Urbano de Sousa, para se dedicar precisamente a esse campo. Já Sócrates e Passos Coelho tinham tido secretarias de Estado para a Proteção Civil, mas não fora uma opção até agora no Governo de António Costa.

Questionado sobre se esta seria a maior crise do Governo até ao momento, Eduardo Cabrita respondeu à RTP3: “Este é um momento que confronta as instituições com a necessidade de dar resposta ao anseio de segurança das populações”. Já Pedro Siza Vieira disse ao ECO que esta é uma altura em que Portugal tem “um Governo fragilizado”.

O novo ministro Adjunto é advogado há quase 30 anos, sócio da Linklaters, e disse ainda ao ECO estar motivado para assumir o cargo. “Claro que estou motivado. Temos um país devastado, o Estado falhou e temos um Governo fragilizado. Só aceitaria este cargo estando motivado. Por isso claro que estou motivado”,

Pedro Siza Vieira foi o advogado a quem a ainda Ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, recorreu quando precisou de um parecer jurídico para analisar o contrato com a SIRESP, logo após a tragédia de Pedrógão Grande.

Quatro secretários de Estado tomaram posse

Na equipa da Administração Interna, Eduardo Cabrita manteve como secretária de Estado Adjunta Isabel Oneto e para o novo cargo de secretário de Estado da Proteção Civil escolheu o ex-presidente da Câmara de Arouca José Artur Neves. Transita para o Ministério da Administração Interna o secretário de Estado das Autarquias Locais.

Já o ministro Adjunto do primeiro-ministro, Pedro Siza Vieira, fica com funções estritamente políticas, sem secretários de Estado sob a sua tutela.

A nova secretária de Estado para a Cidadania e Igualdade, Rosa Lopes Monteiro, que substitui nestas funções Catarina Marcelino, ficará sob a tutela da ministra da Presidência, Maria Manuel Leitão Marques.

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O que quis dizer Marcelo: menor devolução de rendimentos e mais prevenção contra incêndios?

"Se houver margens orçamentais, que se dê prioridade à floresta e à prevenção". Quis o Presidente dizer para se desacelerar a devolução de rendimentos? Fomos ouvir politólogos e economistas.

Marcelo durante a comunicação ao país sobre a situação dos incêndios, na Câmara Municipal l de Oliveira do Hospital, a 17 de outubro.

O Presidente da República deixou uma mensagem ao ministro das Finanças e aos partidos que apoiam o Governo no discurso desta terça-feira: “Se houver margens orçamentais, que se dê prioridade à floresta e à prevenção dos fogos”. Quis Marcelo Rebelo de Sousa dizer a Centeno para desacelerar a devolução de rendimentos e aumentar os gastos na prevenção e combate aos incêndios? Os politólogos contactados pelo ECO argumentam que uma coisa não impede a outra e que Marcelo quis introduzir a prioridade, deixando para os partidos a forma de lá chegar.

Marcelo quer atos e não palavras. Neste ponto os cinco politólogos questionados pelo ECO estão de acordo. “Só podemos especular, mas creio que o intuito central é que o compromisso de evitar novas tragédias só é assinalável com atos e não palavras”, responde Carlos Jalali, professor de Ciência Política da Universidade de Aveiro, argumentando que “é difícil assegurar boas políticas sem gastar dinheiro“, ainda que não seja causa-efeito. Tal, no entanto, não tem de implicar “derrapagens orçamentais”, considera.

Marina Costa Lobo, doutorada em Ciência Política, refere que o Presidente quis pressionar o Governo a dar prioridade ao problema dos incêndios também no Orçamento. De que forma? “Através de consensos com o PCP e o BE, mas sem pôr em causa o resto, tal como as metas de Bruxelas“, considera. E sem desacelerar a devolução de rendimentos, aponta João Cardoso Rosas: “O Presidente esteve sempre próximo do Governo nessa matéria”. O professor da Universidade do Minho admite que possa haver uma sugestão a uma menor redução do défice, mas não a mudanças no alívio fiscal — “São coisas separadas”, sintetiza.

“Quando olhamos para as palavras do Presidente da República, podemos antecipar que há necessidade de fazer agora uma revisão de fundo no Orçamento olhando de uma forma mais focada para o problema dos incêndios“, considera, ao ECO, Paula do Espírito Santo, professora do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, acautelando que “o OE tem limites” e, por isso, terá de existir um “reequilíbrio”. “O que ele está a dizer é que o problema pode e deve começar a resolver-se agora. Já devia ter existido essa atenção especial, mas ainda vai a tempo”, aponta.

A politóloga duvida que seja por causa de maiores gastos no combate aos incêndios que o “défice possa resvalar”, mas admite que a interpretação de que Marcelo quererá uma desaceleração da devolução de rendimentos é “válida”. “O ministro das Finanças faz previsões que ficam aquém e consegue sempre superá-las”, recorda. “Apesar do que aconteceu em Pedrógão, a atenção que foi dada por via do OE é inferior àquilo que o Presidente da República considera que devia ser”, afirma Paula de Espírito Santo, face ao caráter “trágico” e de “urgência” do assunto.

Viriato Soromenho Marques reconhece que existe uma crítica implícita no discurso de Marcelo “à pouca atenção dada à política florestal”, mas recusa a ideia de que daí se possa extrair a conclusão de que Marcelo está a criticar a devolução de rendimentos. O professor catedrático da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa interpreta as palavras do Presidente como um aviso ao Governo para acompanhar “a intenção com atos”, o que “tem de ter um reflexo orçamental”.

“O que se percebe neste Orçamento é que não há grande perspetiva de mudança”, interpreta Viriato Soromenho Marques. “Não é possível dizer-se por um lado que se vai mudar tudo na política de combate aos incêndios e depois isso não ter impacto orçamental”, argumenta o professor catedrático, referindo que “a verdade de uma declaração política mede-se num Orçamento”. A forma de lá chegar está entregue aos partidos, consideram os politólogos, recusando fazer conclusões mais finas: “Só se estivéssemos na cabeça do Presidente”, sugere um dos politólogos.

Mas a mudança orçamental terá de esperar pelo próximo ano?

Os politólogos consideram que Marcelo quer uma mudança mais urgente. O próprio referiu que se “pode e deve dizer que reformar a pensar no médio e longo prazo, não significa termos de conviver com novas tragédias, até lá chegarmos”. Marina Costa Lobo reconhece que há urgência nas palavras do Presidente, que quer medidas “o mais depressa possível”. “Marcelo quer que esta seja uma fase de inversão num assunto que é sempre notícia em Portugal”, remata Paula do Espírito Santo.

Para Viriato Soromenho Marques esta mensagem de Marcelo é clara: há coisas que não se podem repetir e, por isso, após Pedrógão e o 15 de outubro, “não há uma terceira oportunidade”. “O Presidente da República fez um discurso útil, oportuno, equilibrado e salvou a honra do Estado“, conclui o professor catedrático, relembrando que os portugueses viveram, nos últimos dias, “numa situação sem Estado, sem lei, nem ordem, nem instituições”.

No mesmo discurso, Marcelo Rebelo de Sousa pediu ainda ao Governo para olhar “para estas gentes (…) com maior atenção ainda do que aquela que merecem os que têm os poderes de manifestação pública em Lisboa”.

Que margem orçamental é esta?

Se a execução orçamental deste ano continuar no mesmo rumo, o Executivo pode ter nas mãos uma margem orçamental de 980 milhões de euros, face às metas definidas no Orçamento do Estado para 2017. Na ausência de derrapagens, o défice pode ser inferior aos 1,4%, a meta atualizada na proposta do OE2018. Um dos principais contributos positivo vem da própria economia: em vez dos 1,8% inicialmente previstos, o Governo prevê que o PIB suba 2,6% este ano.

E no próximo ano? Para conclusões semelhantes terá de se esperar pela execução orçamental. Ainda assim, através da proposta do Orçamento do Estado para 2018, é possível concluir que o ciclo económico vai dar uma ajuda de 0,5% do PIB, ou seja, cerca de 970 milhões de euros (considerando um PIB nominal de 199,4 mil milhões de euros). Essa ajuda é superior à que o Governo espera em 2017 (0,2%).

Questionado pelo ECO, o economista João Duque é pessimista quanto à existência de margens orçamentais. Apesar de classificar as previsões de 2018 do Ministério das Finanças de “razoáveis”, o professor do ISEG recorda que “tudo depende da evolução da economia”, a qual está significativamente depende de fatores externos. A economia tem impacto na evolução das receitas — nomeadamente do IVA, onde identifica uma estimativa “otimista”. Já as despesas “são muito rígidas”.

João Duque admite, apesar de ter dúvidas, que possa haver alguma flexibilização na alocação do investimento público, uma área onde o Governo prevê uma subida de 40,4% no próximo ano, mais de mil milhões de euros face ao esperado para 2017. Por outro lado, o economista duvida que o Executivo tenha já verbas para “compensar” e “reabilitar” as pessoas e as áreas afetadas — o que fará com que o esforço orçamental seja maior –, mas admite que o nível de cativações ajude a acomodar estas despesas na execução orçamental do próximo ano.

Mas há um dado novo, introduzido esta quinta-feira: Bruxelas abriu a porta à não contabilização no défice das despesas relativas a incêndios. Apesar de ainda não ser certo, esta é uma posição defendida pelo comissário europeu dos Assuntos Económicos, Pierre Moscovici: “Parece-me absolutamente natural que, da mesma forma que considerámos circunstâncias excecionais a ameaça terrorista em certos países da União Europeia ou tremores de terra, como foi o caso em Itália, tenhamos uma abordagem inteligente e humana face às despesas públicas das autoridades portuguesas para fazer face aos incêndios, e que sejam consideradas circunstâncias excecionais no quadro de avaliação do orçamento”. Esta possibilidade permitiria que Centeno executasse mais despesa com os incêndios, mas forçariam uma nova discussão com Bruxelas.

O Partido Socialista esta quarta-feira já mostrou disponibilidade para aprovar alterações no OE2018 de forma a autorizar a execução de despesa relativa às vítimas dos incêndios.

Além disso, o PCP argumentou, no mesmo debate, que “as pessoas têm de estar primeiro que o défice” e, por isso, António Costa deveria gastar mais na floresta “considerar as metas de défice perdidas”. A mesma tese foi defendida pelos Verdes: Heloísa Apolónia pressionou o primeiro-ministro para dar prioridade à floresta quer haja ou quer não haja folgas orçamentais.

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Já lá vão 24 recordes para as bolsas norte-americanas em 2017

Os investidores estão animados com a reforma fiscal prometida por Donald Trump, que deu, esta sexta-feira, um novo passo no Senado norte-americano.

As bolsas norte-americanas continuam a renovar máximos históricos. Esta sexta-feira, os três principais índices acionistas de Wall Street registaram todos um novo recorde, algo que acontece pela 24.ª vez este ano. A animar os mercados estão as expectativas em torno da reforma fiscal prometida por Donald Trump.

O índice de referência S&P 500 valorizou 0,5%, para os 2.575,21 pontos, enquanto o tecnológico Nasdaq somou 0,36%, para os 6.629,05 pontos. Já o industrial Dow Jones avançou 0,7%, para os 23.328,63 pontos.

Os investidores estão animados depois de o Senado norte-americano ter aprovado uma resolução que abre a porta à reforma fiscal de Trump, que vai reduzir a fatura às empresas.

Esta aprovação também levou o dólar a valorizar 0,65% contra o euro, estando agora a valer 1,1776 euros. A tendência, consideram os analistas, será para continuar. “O orçamento ainda tem de passar pela Câmara dos Representantes mas, no curto prazo, deverá contribuir para a valorização do dólar”, considera um analista do Barclays, citado pela Bloomberg.

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Governo vai apertar fiscalização às baixas por doença

  • Lusa
  • 20 Outubro 2017

“Haverá um esforço de reforço da verificação das situações de incapacidade para o trabalho”, garantiu Vieira da Silva.

A fiscalização às baixas por doença vai ser melhorada e haverá novos critérios de controlo para que o combate à fraude seja mais eficaz, anunciou esta sexta-feira o ministro do Trabalho e da Segurança Social, Vieira da Silva.

“O Governo não está satisfeito com os resultados obtidos nesse combate [à fraude nas baixas por doença] e vai melhorá-lo, aprofundá-lo e eventualmente mudar face ao modelo dos últimos anos”, afirmou Vieira da Silva em conferência de imprensa para apresentar o Orçamento da Segurança Social para 2018.

Em declarações aos jornalistas, o governante defendeu que é preciso “uma leitura mais exigente” nesta área, tendo em atenção por exemplo a prevalência de situações sucessivas de baixas por doença.

Atualmente o critério utilizado na fiscalização é um indicador de tempo, ou seja, após um determinado tempo de baixa, o trabalhador é chamado à junta médica para verificação da incapacidade temporária, lembrou o governante.

Este indicador revelou-se “insuficiente” pelo que o Governo está a estudar novos critérios para haver maior eficácia no combate à fraude, disse.

Poderão ser desenvolvidos outros indicadores de risco, por exemplo, que tenham a ver com a utilização sucessiva [de baixas]” ou concentração de absentismo em atividades profissionais ou em termos territoriais “que possam exigir um tratamento mais fino”, explicou o ministro.

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Liga TV: o novo projeto de futebol profissional

  • ECO
  • 20 Outubro 2017

A Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) vai lançar o projeto Liga TV, uma plataforma que vai incluir nas redes sociais vários vídeos com conteúdos relacionados com o futebol profissional.

A Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) vai lançar o projeto Liga TV, uma plataforma que vai incluir nas redes sociais vários vídeos com conteúdos relacionados com o futebol profissional. No futuro, há a possibilidade de parcerias com vários operadores.

Segundo a notícia avançada esta sexta-feira pela Lusa, a Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) vai lançar em breve um novo projeto, chamado Liga TV, que pretende incrementar nas várias redes sociais, diversos conteúdos relacionados com o futebol profissional, através de vídeos. Uma fonte da LPFP explicou que a Liga TV vai disponibilizar “conteúdos correspondentes aos campeonatos profissionais [I e II ligas], desde declarações dos protagonistas, a atividades da governação, dos parceiros da Liga, dos adeptos”.

Segundo a organização, esta ideia surge da “vontade de aproximação aos adeptos e apaixonados pelo futebol, bem como às Sociedades Desportivas” e no desejo de “mostrar o que de melhor se faz no futebol profissional em Portugal“. Num futuro próximo, há a possibilidade de se vir a estabelecer contratos e produzir conteúdos com outros operadores.

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? Este ano está muito perto de ser o pior de sempre em área ardida

Há números para todos os os gostos, mas a conclusão é sempre a mesma — 2017 foi o pior dos últimos dez anos, em termos de área ardida. Foram cerca de 336 mil hectares consumidos pelas chamas, sendo que só no domingo arderam 120 mil, de acordo com os valores provisórios avançados pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).

Ainda antes da catástrofe do fim de semana, 2017 já tinha entrado para as estatísticas como um ano negro, tendo em conta a dimensão das áreas ardidas no centro do país, que resultaram na morte de 64 pessoas. Também aqui o recorde é funesto. Os incêndios deste ano já fizeram mais vítimas mortais do que qualquer outra catástrofe no país. A tragédia de Entre-os-Rios, que vitimou 59 pessoas em março de 2001, foi suplantada.

Os 335.988 hectares ardidos este ano aproximam-se perigosamente dos 339 mil que se registaram em 2005, o ano recorde em Portugal.

Os dados assumem uma expressão mais alarmante se for considerada a imagem de satélite do Sistema do Centro de Investigação Comum da Comissão Europeia (EFFIS) que revela que só na zona do Pinhal Litoral, que abrange o Pinhal de Leiria, arderam no domingo e na segunda-feira 11.394 hectares.

O país da União Europeia que mais se aproxima de Portugal em área ardida é a Itália, que apresenta um total de 133.526 hectares ardidos, menos de metade do território português. Itália, assim como Espanha, França e Grécia, juntamente com Portugal, seriam dos países mais beneficiados com a criação de uma bolsa permanente de combate aos fogos a nível europeu, que foi discutida esta quinta-feira no Conselho Europeu.

Politicamente o tema vai ganhado escala com o Presidente da República a pedir que, a haver folga orçamental, esta seja direcionada para as florestas, a ministra da Administração Interna acabou por não aguentar a pressão e demitiu-se e, na próxima terça-feira, o Governo vai ser alvo de uma moção de censura apresentada pelo CDS. Este sábado há um conselho de ministros extraordinário para avaliar a problemática dos incêndios e além de medidas de ajuda imediata, seja para as vítimas, os agricultores ou as empresas, se espera uma visão estratégica para o problema.

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Há dois novos secretários de Estado e uma secretaria de Estado da Proteção Civil

O Presidente da República deu luz verde aos nomes entregues por António Costa. Eduardo Cabrita tem dois novos secretários de Estado, assim como Pedro Siza Vieira.

Foram revelados os nomes dos novos dois secretários de Estado e dois que se mantêm, fruto das mudanças no Ministério da Administração Interna. A tomada de posse dos membros do Governo está marcada para este sábado às 9h30 no Palácio de Belém.

Eduardo Cabrita contará na sua equipa com Isabel Oneto como secretária de Estado adjunta e da Administração Interna — que se mantém assim, na prática, no cargo — e com Artur Tavares Neves como secretário de Estado da Proteção Civil, uma nova secretaria de Estado que é criada com esta remodelação. Esta era uma das recomendações dada pela Comissão Técnica Independente. Esta estrutura constava da organização de Governo anteriores como o de José Sócrates ou o de Passos Coelho.

Artur Tavares Neves foi de 2005 até 2017 presidente da câmara de Arouca, no distrito de Aveiro, eleito pelo Partido Socialista.

Já o novo ministro Adjunto, Pedro Siza Vieira, contará na sua equipa com Rosa Monteiro na secretaria de Estado para a Cidadania e a Igualdade — que substitui Catarina Marcelino — e com Carlos Miguel como secretário de Estado das Autarquias Locais — que também se mantém. Segundo a Lusa, a pasta da Igualdade passou para a tutela da ministra da Presidência, Maria Manuel Leitão Marques. Já as autarquias passaram para a tutela da Administração Interna.

“O Presidente da República aceitou as propostas do Primeiro-Ministro, de nomeação dos seguintes Secretários de Estado”, lê-se na nota publicada no site da Presidência, com a seguinte lista:

  • Doutora Rosa Filomena Brás Lopes Monteiro, Secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade;
  • Mestre Maria Isabel Solnado Porto Oneto, Secretária Estado Adjunta e da Administração Interna;
  • Eng. José Artur Tavares Neves, Secretário de Estado da Proteção Civil;
  • Dr. Carlos Manuel Soares Miguel, Secretário de Estado das Autarquias Locais.

“O Chefe de Estado tinha aceitado na passada quarta-feira as propostas do Primeiro-Ministro, de exoneração, a seu pedido, da Ministra da Administração Interna, Prof. Doutora Maria Constança Urbano de Sousa e de nomeação do Dr. Eduardo Arménio do Nascimento Cabrita para o cargo de Ministro da Administração Interna e do Dr. Pedro Siza Vieira para o cargo de Ministro Adjunto do Primeiro-Ministro”, lê-se ainda na mesma nota publicada esta sexta-feira no site da Presidência.

Novo secretário de Estado da Proteção Civil diz ser honroso servir o Estado numa “situação complexa”

O secretário de Estado da Proteção Civil nomeado, José Artur Neves, defendeu que “estruturar uma força de proteção para as pessoas” é o desígnio “mais importante” neste momento, considerando “honroso” servir o Estado numa situação complexa. Contactado pela agência Lusa pouco depois de ter sido conhecido que o primeiro-ministro propôs ao Presidente da República a sua nomeação para o cargo de secretário de Estado da Proteção Civil, José Artur Tavares Neves prometeu “uma atitude positiva e de encarar os desafios com força, abnegação e determinação”.

“Era um momento em que não podia dizer que não, evidentemente. É um momento honroso para servir o Estado numa situação complicada, complexa”, admitiu, menos de uma semana depois do pior dia de fogos do ano segundo as autoridades, que no domingo provocaram 44 mortos e cerca de 70 feridos.

Era um momento em que não podia dizer que não, evidentemente.

José Artur Neves

Secretário de Estado da Proteção Civil

O futuro tutelar da nova pasta – que foi presidente da Câmara de Arouca entre 2005 a 2017 – destaca o seu “conhecimento de um espaço rural, imenso, com muitas aldeias isoladas, com muitas dificuldades de acesso”. “E um conhecimento claro do funcionamento das estruturas a nível local e da importância que elas têm para nos ajudar a estruturar uma força de proteção para as pessoas, fundamentalmente. No momento imediato teremos que encarar esse desígnio como o mais importante nesta altura, envolvendo autarcas”, sublinhou.

José Artur Neves garante ter “muita noção” e estar “perfeitamente consciente do trabalho que está pela frente” depois dos incêndios trágicos deste ano e da crise que atravessa o setor da Proteção Civil. “O desafio é procurar corresponder à confiança que estão em mim a depositar e espero transmitir isso ao país também. Seguramente que iremos ajudar a resolver os problemas e a transmitir confiança ao país”, insistiu.

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