CGD terá de aumentar despedimentos se falhar metas

  • ECO
  • 10 Abril 2017

O banco terá de ir mais longe nos despedimentos e fecho de balcões, caso comece a falhar as metas do plano estratégico. Um cumprimento que será analisado trimestralmente por Bruxelas.

O banco liderado por Paulo Macedo poderá ter de ir mais longe no número de despedimentos e no encerramento de balcões se falhar as metas impostas no plano estratégico acordado com Bruxelas. A recapitalização da Caixa Geral de Depósitos (CGD) já inclui o despedimento de mais de dois mil trabalhadores e o encerramento de cerca de 170 balcões. Mas, caso não alcance as metas, o banco terá de fazer cortes mais acentuados de custos, aumentar o preço dos serviços e intensificar o desinvestimento nas operações internacionais.

O Jornal de Negócios (acesso pago) avança que a CGD poderá ter de despedir mais trabalhadores e encerrar mais balcões nos próximos quatro anos. Isto se for falhando os objetivos definidos junto de Bruxelas. Para garantir que o plano estratégico é cumprido, a Direção Geral da Concorrência (DGComp) vai monitorizar trimestralmente o cumprimento destes alvos, uma fiscalização que vai contar com um auditor independente.

O aviso é deixado no prospeto da emissão de 500 milhões de euros de dívida subordinada, refere o Negócios. Uma operação que estava prevista no processo de recapitalização do banco estatal, ficando a faltar depois uma outra “fatia” de 430 milhões de euros que deverá ser colocada no mercado no prazo de 18 meses.

"Numa base trimestral, o emitente [CGD] disponibilizará à DGComp um relatório — que será validado por um auditor independente — sobre as componentes financeiras e operacionais do plano estratégico e uma análise do desempenho da instituição face às metas. Se algum dos objetivos não for cumprido, o emitente está comprometido a adotar todas as medidas necessárias – incluindo, mas não apenas, ajustamentos no preçário, mais cortes de custos ou desinvestimento adicional de ativos internacionais – para garantir que essas metas são atingidas.”

Prospeto da emissão de dívida da CGD

“Numa base trimestral, o emitente [CGD] disponibilizará à DGComp um relatório — que será validado por um auditor independente — sobre as componentes financeiras e operacionais do plano estratégico e uma análise do desempenho da instituição face às metas. Se algum dos objetivos não for cumprido, o emitente está comprometido a adotar todas as medidas necessárias – incluindo, mas não apenas, ajustamentos no preçário, mais cortes de custos ou desinvestimento adicional de ativos internacionais – para garantir que essas metas são atingidas”, de acordo com o documento a que o jornal teve acesso.

Os objetivos em causa incluem a redução do número de funcionários e o fecho de balcões, mas também o aumento dos proveitos, corte de custos nas operações nacionais e internacionais, melhoria do rácio de ativos não rentáveis e ainda um reforço da solidez. Tudo isto está definido no plano estratégico da CGD. Segundo o prospeto, o cumprimento destas metas será avaliado no final de 2018. Uma avaliação que também será feita trimestralmente para garantir que a instituição financeira está no bom caminho.

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Petróleo acelera à espera de cortes na Rússia

O petróleo continua a valorizar nos mercados internacionais. Está acima dos 55 dólares em Londres com o sinal da Rússia de que poderá acompanhar a extensão do corte de produção da OPEP.

O petróleo está mais caro. Continua a valorizar nos mercados internacionais, negociando em máximos de um mês, suportado pela perspetiva de que a Rússia possa vir a acompanhar o prolongamento no corte da produção que deverá ser levado a cabo pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP).

Enquanto o West Texas Intermediate (WTI), negociado em Nova Iorque, está a ganhar 0,33% para 52,40 dólares, o valor mais elevado desde 7 de março, em Londres, mercado que serve de referência para as importações nacionais, o barril de Brent está a valorizar 0,25% para cotar acima dos 55 dólares. Está nos 55,41 dólares.

Mantém-se assim a tendência de subida das cotações da matéria-prima, embora com menor expressão face às valorizações registadas no final da última semana, dia em que os preços dispararam. Os ataques dos EUA na Síria alarmaram os investidores, levando as cotações a registarem ganhos expressivos.

Os investidores estão agora a olhar para o que poderá a Rússia fazer em relação à produção de petróleo. Há crescentes sinais de que o país liderado por Vladimir Putin possa acompanhar um eventual prolongamento dos cortes de produção da matéria-prima por parte da OPEP, o cartel petrolífero responsável por 40% da produção mundial, além de junho.

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5 coisas que tem de saber antes de abrirem os mercados

A REN anunciou um aumento de capital e as ações deverão ser pressionadas por causa do efeito de diluição com a introdução de novos títulos. O INE divulga dados sobre o comércio internacional de bens.

Os investidores deverão penalizar a REN depois de ter anunciado um aumento de capital de 250 milhões de euros através da emissão de novas ações. Esta operação vai servir para financiar a compra dos ativos de gás da EDP. Ainda por cá, o Instituto Nacional de Estatísticas (INE) atualiza os números das trocas comerciais de bens de Portugal com o mundo. E o Banco Central Europeu (BCE), por intermédio do vice-governador, Vítor Constâncio, apresenta o relatório anual da autoridade. Esta será uma oportunidade para perceber o rumo dos estímulos na região.

Bom negócio para a REN?

A gestora da rede elétrica nacional anunciou na sexta-feira que vai comprar a atividade de gás à EDP. Mas, para isso, além do recurso a linhas de crédito, a REN vai chamar os acionistas a participar num aumento de capital de 250 milhões de euros através da emissão de novas ações. O negócio avalia a EDP Gás em 532,4 milhões de euros.

Tréguas antes de leilões

Um mês depois do último leilão de longo prazo, Portugal regressa esta quarta-feira aos mercados. Quer até 1.250 milhões de euros em obrigações a cinco e oito anos, num contexto de tréguas dos investidores em relação ao país. A taxa da dívida a dez anos caiu na passada sexta-feira para o nível mais baixo em dois meses. Vai continuar a descer?

As trocas comerciais com o mundo

O INE divulga as estatísticas do comércio internacional de bens, um relatório que permite perceber a competitividade das empresas portuguesas em termos de exportações. Os dados são relativos a fevereiro. Em janeiro, as exportações dispararam 19,6% em termos homólogos, um ritmo ainda assim menor do que o crescimento das importações.

BCE publica relatório anual

Vítor Constâncio, vice-governador do BCE, apresenta esta segunda-feira o relatório anual da autoridade monetária do euro perante os eurodeputados, numa altura em que crescem as vozes contra a manutenção dos estímulos monetários no bloco da moeda única. O documento apresenta as funções e tarefas do BCE no ano passado. Mas a audição de Constâncio no Parlamento Europeu será a oportunidade de os decisores políticos questionarem o responsável acerca da futura ação do banco central.

Economia global à mesa alemã

A chanceler alemã, Angela Merkel, recebe a diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), o presidente do Banco Mundial e os líderes da Organização Mundial do Comércio e da OCDE para discutir o comércio global num período de crescente protecionismo e nacionalismo económico. Está prevista uma conferência de imprensa para apresentar os resultados do encontro.

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Miguel Poiares Maduro, o professor da era global

  • Helena Garrido
  • 10 Abril 2017

A sua carreira académica já o levou um pouco para todo o lado, de Tóquio, a Yale, de Bruges a Telavive, passando obviamente por Lisboa. Foi ministro-adjunto de Pedro Passos Coelho.

Luís Miguel Poiares Pessoa Maduro, 50 anos completados em janeiro, é o exemplo do cidadão global. A sua base é hoje de novo Florença, no Instituto Universitário Europeu. Mas desde que se licenciou na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, em 1990, a sua carreira académica já o levou um pouco para todo o lado de Tóquio, a Yale, de Bruges a Telavive, passando obviamente por Lisboa. Foi o mais novo advogado-geral do Tribunal Europeu de Justiça, no Luxemburgo.

Nascido em Coimbra, Miguel Poiares Maduro aparece no espaço mediático massificado quando é escolhido por Pedro Passos Coelho para o cargo de ministro-adjunto e do Desenvolvimento Regional, a substituir Miguel Relvas em abril de 2013. Dificilmente se poderiam encontrar personalidades tão diferentes.

Veio para o Governo de Florença, Itália, e para lá regressou. O principal projeto que está a desenvolver neste momento no Instituto Universitário Europeu é a criação de “uma escola de governação para formar as elites da administração pública e política a nível transnacional”, conforme disse ao ECO na entrevista que concedeu em abril.

Doutorado em Direito pelo Instituto Universitário Europeu, o seu curriculum é feito de investigação, livros e textos sobre direito europeu e internacional. Um das cadeiras que lecionou foi exatamente direito europeu. Assim como tem uma carreira como professor convidado ou de visita em várias universidades do mundo. Em 2013, quando foi convidado para ministro, além de Florença dava também aulas na universidade de Direito de Yale.

Como ministro de Pedro Passos Coelho começou por criar muitas expectativas mas viu-se envolvido na polémica dos encontros diários com jornalistas em “on e off”, linguagem da comunicação social que identifica o que se pode citar identificado quem transmite a informação (on), da informação que apenas pode ser utilizada como contexto sem identificação da fonte. Esses encontros tiveram curta duração.

Poiares Maduro é um académico e pensa como um académico como se pode perceber pelas entrevistas que dá e que deu ao ECO. O contexto e o raciocínio antes de chegar a uma declaração estão enraizados no seu discurso, sofisticado e analítico. Não é por acaso que um dos piores defeitos que identifica em Portugal é a superficialidade e a falta de método.

Mas é um académico que nada tem a ver com o que é a imagem tradicional. Gosta de cozinhar e é conhecido em Lisboa também por isso. Conduz um Jaguar cinzento que manteve distanciado quando era ministro. Adora cinema e música.

Ser ministro não foi o de mais importante se passou na sua vida. Como surpresa positiva escolhe ter sido advogado-geral do Tribunal Europeu de Justiça. O regresso à política não está fora dos seus horizontes. “Daqui a alguns anos”, diz, dependendo das circunstâncias pessoais. Para si “a política tem momentos muito longos de frustração e períodos ocasionais de grande euforia, quando conseguimos fazer alguma coisa. Mas esses momentos de grande euforia compensam os outros.”

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BCE aprovou nova administração do Novo Banco

Rui Cartaxo é o novo chairman, anunciou o Novo Banco este sábado. António Ramalho mantém-se como presidente da comissão executiva.

O Banco Central Europeu (BCE) já aprovou a nova administração do Novo Banco, onde se inclui Rui Cartaxo, que será agora o chairman da instituição, e Isabel Ferreira, que vai para a comissão executiva.

Em comunicado enviado esta noite às redações, o Novo Banco divulga a lista dos novos administradores, detalhando que o Fundo de Resolução aprovou estes nomes no dia 21 de dezembro. Já o BCE aprovou o novo conselho de administração e comissão executiva esta sexta-feira.

“Está assim prestes a ficar completa a equipa que irá assegurar a continuação do Novo Banco”, refere a nota do banco.

O conselho de administração do Novo Banco será agora liderado por Rui Cartaxo, que assume o cargo de chairman. O antigo presidente da REN era, até agora, consultor do conselho de administração do Banco de Portugal.

a comissão executiva continuará a ser liderada pelo atual presidente do banco, António Ramalho, e contará com novos nomes: Isabel Ferreira, antiga presidente do Best, fica com a pasta da rede de particulares; Luísa Soares da Silva, anteriormente partner da sociedade MLGTSS, ficará responsável pela área jurídica; Rui Fontes, que já estava no Novo Banco como diretor de risco, passa para a administração do banco; e José Eduardo Bettencourt, que já tinha sido chefe de gabinete do anterior presidente, também passa para a administração.

Vítor Fernandes e Jorge Freire Cardoso mantêm-se como administradores. A comissão executiva passa, assim, a ser composta por sete membros.

Com a alteração de estatutos, o banco passará, ainda, a contar com uma comissão de auditoria e um revisor oficial de contas.

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Marques Mendes: INE vai rever défice em baixa, para 2%

Nos próximos dias, o Instituto Nacional de Estatística deverá rever o défice do ano passado para 2%.

O Instituto Nacional de Estatística (INE) deverá rever o défice do ano passado em baixa. Em vez dos 2,1% inicialmente anunciados, o défice de 2016 deverá ser de 2%. A informação é avançada por Luís Marques Mendes, no seu comentário semanal na SIC.

“O Instituto Nacional de Estatística, tanto quanto apurei, vai rever em baixa, nos próximos dias, de 2,1% para 2% o défice do ano passado. Se assim for, é uma grande notícia para o país”, disse o comentador.

A estimativa inicial do INE, divulgada a 24 de março, deu conta de um défice de 2,1% do PIB em 2016. O número já deixava Portugal bem colocado para poder sair do Procedimento por Défices Excessivos (PDE), onde está desde 2009.

Uma revisão em baixa dará ainda mais argumentos ao Governo, que também já se prepara para rever em baixa a meta do défice para 2017. No Programa de Estabilidade e Crescimento que irá entregar daqui a duas semanas, o executivo de António Costa deverá antecipar um défice abaixo de 1,6% para 2017, a estimativa inicial.

A alteração justifica-se com o desempenho melhor que o esperado da economia, que, este ano, deverá crescer mais do que os 1,5% inicialmente previstos.

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O que diz agora quem defendeu a nacionalização do Novo Banco?

A venda do Novo Banco já passou de "pior de todas as opções" a "solução menos má", para uns. Para outros, é um negócio "histórico", em que "todos perdemos".

Foi uma constante em todo o processo de venda do Novo Banco. Da esquerda à direita, da oposição ao partido do próprio Governo, foram vários os nomes que defenderam a nacionalização do banco que vai agora ser vendido ao fundo norte-americano Lone Star. Manuela Ferreira Leite, João Galamba, Rui Rio, Francisco Louçã, José Maria Ricciardi, Carlos César. Todos defenderam o mesmo: se é para vender mal, mais vale manter o banco na esfera pública.

Agora que o contrato de venda está assinado — e que o Governo fez saber que a nacionalização implicaria uma injeção imediata de quatro a 4,7 mil milhões de euros, por parte do Estado, no capital do Novo Banco –, o que dizem os que a defenderam?

Ferreira Leite: Do PSD à esquerda, “ninguém está a pensar no país”

Surpreendeu pela contradição ideológica, mas argumentou que, entre duas más soluções, venha a menos má. “Ideologicamente, não serei a favor de uma nacionalização, mas, entre uma má proposta e a nacionalização, eu iria para a proposta menos má”, admitiu Manuela Ferreira Leite, histórica social-democrata, no seu comentário semanal na TVI24, ainda em janeiro.

Hoje, Ferreira Leite já não diz, explicitamente, que defende a nacionalização, mas critica a atuação dos partidos — todos. “Pela audição da exposição dos partidos políticos, eu direi que ninguém está a pensar no país. Estão todos a pensar em satisfazer os seus eleitores”, disse, também na TVI24, um dia antes de António Costa ter anunciado ao país os termos da venda do Novo Banco.

Louçã: Um negócio “histórico”, em que “todos perdemos”

Francisco Louçã é o mais coerente desta lista. Defendeu a nacionalização antes de concretizado o negócio e é o que continua a fazer — à semelhança, aliás, do partido que fundou.

Antes de concluído o negócio, Louçã escreveu a António Costa para pedir que o Novo Banco fosse integrado na banca pública, chamando de “flibusteiros” os, então, ainda potenciais compradores. Mais do que isso, argumentava que a venda do Novo Banco teria um custo sobre o défice. O economista sublinhava, por isso, que o banco devia “ser mantido como entidade separada e não incluída na CGD”, mas deveria “integrar a banca pública para uma recapitalização ponderada ao longo do tempo e para uma gestão virada para o crédito que estimule a economia”.

Hoje, diz exatamente o mesmo. Em artigo de opinião publicado no Público, Louçã escreve que o banco “foi oferecido à Lone Star”, num “negócio que é a todos os títulos histórico”. Desde logo, porque foi entregue a “promotores imobiliários cuja preocupação na negociação, além de garantirem os seus dinheiros contra todos os riscos, era ficarem com as propriedades nas Amoreiras e no Marquês de Pombal”.

Por outro lado, este processo de venda foi “desastrado e sempre incompetente”. Por fim, este desfecho mostra “como se comportaram os dirigentes políticos que puderam tomar decisões”.

A nacionalização, diz ainda e sempre Louçã, era “a única decisão racional”, mas “ficou fora da mesa por motivos ideológicos e nada mais”, argumenta. “O custo da nacionalização era menor, porque pagar a recapitalização e obter os resultados ao longo do tempo é absolutamente melhor do que vender a zero e perder depois de tudo o mais”.

Rui Rio: Estado acionista, sim. Mas “Assim, não”

Na altura apontado como possível candidato à presidência do PSD, Rui Rio decidiu remar contra a corrente do seu partido e defender uma solução “à Lloyd’s”: uma nacionalização temporária do Novo Banco.

O antigo autarca sugeriu que a manutenção do banco na esfera pública poderia fazer sentido se se conseguisse “rendibilizar” a instituição para, mais tarde, “ter o retorno de todo o capital nele investido e, se possível, com alguma compensação para o Estado”.

Tal como Manuela Ferreira Leite, Rui Rio não é hoje explícito sobre se ainda defende uma nacionalização (ainda que temporária). Mas aproveitou o tema “banca” para, num artigo de opinião publicado no Diário de Notícias, tecer críticas às instituições europeias, que acusa de “humilhações dispensáveis, interferências abusadoras ou desigualdades de tratamento” no que toca ao setor bancário.

Rui Rio queria o Estado acionista, sim. Mas não assim. “Qual a vantagem de o Estado ter de ser um acionista menor do Novo Banco, ao não poder sequer utilizar a sua participação minoritária na justa proporção do dinheiro que lá tem?“, questiona.

Galamba: De “pior de todas as opções” a “solução menos má”

As maiores mudanças de posição vêm do Partido Socialista (PS). No início do ano, quando o Banco de Portugal anunciou que o Lone Star era o favorito à corrida pelo Novo Banco, João Galamba defendia a nacionalização como “a opção que menos penaliza os contribuintes”. Ao mesmo tempo, era a que permitia criar espaço para “resolver os problemas da sustentabilidade do sistema financeiro português”.

Para Galamba, uma coisa era certa: “A venda imediata do Novo Banco parece a pior de todas as opções, porque não foram criadas as condições para que haja uma venda sem ser fortemente subsidiada pelo Estado”, dizia o socialista, alertando para os “custos imediatos para os contribuintes” que a venda ao Lone Star acarretaria.

Assinado o contrato com o Lone Star, e em nome do seu partido, o porta-voz do PS sustentou que, afinal, a solução encontrada pelo Governo é “a menos má para todos”, já que evita que o Lone Star “extraia indevidamente recursos do banco”. O mecanismo de capital contingente, suportado pelo Fundo de Resolução para cobrir eventuais necessidades de capital do Novo Banco, “neutraliza as dúvidas” relativamente à existência, ou não, de uma garantia pública, disse ainda o socialista.

João Galamba admite, ainda assim, que a solução não está isenta de riscos. “Embora a solução exponha o Fundo de Resolução a algum risco, estávamos a falar de uma exposição a todo o risco”.

De referir, contudo, que, quando João Galamba disse que a venda ao Lone Star era a “pior de todas as opções”, estava em cima da mesa uma garantia pública, que o fundo norte-americano estava a exigir ao Estado para se proteger de eventuais perdas com os ativos do Novo Banco. Essa garantia não faz parte do acordo que foi assinado, mas não deixa de haver riscos para os contribuintes: se o mecanismo de capital contingente tiver de ser acionado, o Estado terá de emprestar mais dinheiro aos bancos que suportam o Fundo de Resolução.

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100 dias de Guterres. “Um bom começo” com lua-de-mel curta

  • Lusa
  • 9 Abril 2017

António Guterres chegou há 100 dias à liderança da Organização das Nações Unidas e tem mostrado estar "ansioso por conseguir mudança".

“Guterres teve um bom começo. Nos primeiros 100 dias, provou ser politicamente astuto e um comunicador convincente. Está a envolver-se pessoalmente e quer tomar as suas próprias decisões em crises decisivas”. É desta forma que o Centro Internacional para Operações de Paz avalia os primeiros 100 dias de António Guterres como secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), indicando ainda que o português “não teve um grande período de lua-de-mel”.

"Guterres teve um bom começo. Nos primeiros 100 dias, provou ser politicamente astuto e um comunicador convincente. Está a envolver-se pessoalmente e quer tomar as suas próprias decisões em crises decisivas.”

Centro Internacional para Operações de Paz

Assinado por Tanja Bernstein, uma diplomata de carreira que trabalhou para Ban Ki-moon, o relatório do Centro Internacional para Operações de Paz defende que “ainda é demasiado cedo para [Guterres] colher os proveitos de muitas das iniciativas que lançou e das relações que desenvolveu com parceiros-chave.”

Desde que assumiu o cargo, o português tem reiterado a importância da prevenção de conflitos, colocou vários processos de reformas institucionais em andamento e viajou por vários países como o principal diplomata do mundo. O relatório nota, no entanto, que apesar de ter anunciado em janeiro uma “plataforma de prevenção” e melhoria das capacidades de mediação, “ainda tem de revelar ideias concretas e propostas de como esta prevenção deve acontecer na prática.”

Uma das grandes promessas de António Guterres durante a eleição foi uma reforma institucional para tornar a organização mais eficiente, e as mudanças começaram assim que tomou posse. No dia 4 de janeiro, o português reconfigurou o seu gabinete para criar um comité executivo e decidiu localizar no mesmo espaço as delegações regionais dos Departamentos de Operações de Paz e de Assuntos Políticos.

O relatório indica que estas mudanças refletem a forma como Guterres vê o cargo — “mais voltado para o futuro, envolvido politicamente e aberto a novas ideias” — e refere que o responsável está a recorrer a uma variedade de novas fontes externas para desenvolver a sua estratégia. “Isto foi recebido pela maioria como uma abordagem refrescante, mas alguns oficiais da ONU podem sentir-se rejeitados por não fazerem parte de um novo círculo mais próximo”, explica.

Guterres lançou uma série de outras reformas, que precisam ser aprovadas pelos estados-membros na Assembleia Geral, e que incluem os sistemas de paz e segurança, de gestão, de respostas a exploração sexual e abuso, e paridade de género. Uma das propostas mais visíveis é a criação de um escritório de contra-terrorismo, liderado por um vice secretário-geral, que concentraria os esforços da ONU na luta contra o terrorismo global.

"Tantas iniciativas demonstram que ele está ansioso por conseguir mudança.”

Centro Internacional para Operações de Paz

O relatório nota que as propostas relativas à exploração sexual e abuso “receberam respostas mistas”, sobretudo de países que seriam prejudicados financeiramente, e que tantas iniciativas “demonstram que ele está ansioso por conseguir mudança“.

Em relação às nomeações, a autora nota que Guterres nomeou pessoas de países menos habituais (como o Brasil, Chile, Nigéria e Coreia do Sul), mas que os poderosos cinco países com assento permanente no Conselho de Segurança continuam a dominar posições chave.

Quanto à sua atuação política, o relatório diz que “o tempo dirá se Guterres é capaz de acomodar as preocupações dos estados membros enquanto mantém uma certa independência na forma como lidera a organização”. No documento, é recordado o episódio em que a secretária-executiva da Comissão Económica e Social para a Ásia e o Pacífico (ESCAP) da ONU se demitiu depois de o secretário-geral lhe pedir que retirasse um relatório em que acusava Israel de cometer “apartheid” contra os palestinianos.

"Guterres também tem de andar sobre esta linha em que fala contra políticas dos EUA que considera contra os princípios e normas da ONU (como quando falou contra a ação executiva de Trump de entradas no país) e não alienar o seu principal contribuinte financeiro e ator político.”

Centro Internacional para Operações de Paz

Um dos maiores desafios neste equilíbrio será a relação com a administração de Donald Trump, defende o relatório. “Guterres também tem de andar sobre esta linha em que fala contra políticas dos EUA que considera contra os princípios e normas da ONU (como quando falou contra a ação executiva de Trump de entradas no país) e não alienar o seu principal contribuinte financeiro e ator político”, explica Tanja Bernstein.

OS EUA são o maior contribuinte da organização, pagando 22 por cento dos 5,4 mil milhões de dólares (5,1 mil milhões de euros) do seu orçamento principal e 28,5 por cento dos 7,9 mil milhões (7,4 mil milhões de euros) do seu orçamento de manutenção de paz.

A proposta de orçamento da Casa Branca (que pede um corte de 28 por cento para a diplomacia e ajuda internacional, um limite de 25 por cento na contribuição para operações de manutenção de paz e eliminação de todas as contribuições para iniciativas ligadas as mudanças climáticas) coloca os próximos desafios que Guterres terá de enfrentar.

“Quanto mais inovação e reformas de contenção de custos Guterres mostrar, mais credibilidade ganhará a ONU, também em Washington”, conclui o relatório.

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Bloco propõe mais férias para trabalhadores por turnos

  • ECO
  • 9 Abril 2017

Hoje, dois em cada dez empregados portugueses trabalham por turnos ou trabalham no turno da noite. O Bloco quer reforçar os seus direitos.

O Bloco de Esquerda vai avançar com uma proposta para reforçar os direitos dos trabalhadores por turnos. Segundo o Dinheiro Vivo, que teve acesso à proposta, os bloquistas querem mais férias para estes trabalhadores, bem como um limite máximo de 35 horas semanais de trabalho, a alteração da forma de contagem das horas de trabalho noturno e o direito à reforma antecipada sem penalizações.

Atualmente, nota o Dinheiro Vivo, Portugal conta com cerca de 725 mil trabalhadores por turno — o equivalente a dois em cada dez dos empregados no país. Estes trabalhadores fazem o mesmo horário semanal em vigor no setor privado (40 horas) e têm direito aos mesmos dias de férias. Quanto à duração dos turnos, o Código do Trabalho prevê apenas que a duração de cada turno não pode ultrapassar os limites normais dos período de trabalho e que o trabalhador só pode mudar de turno após o dia de descanso semanal.

Na proposta que vai entregar ao Parlamento, o Bloco apresenta várias alterações ao Código do Trabalho, além de propor um alargamento da proteção social destes trabalhadores.

São quatro as principais propostas:

  1. Mais um dia de férias por cada dois anos de trabalho noturno ou por turnos;
  2. Máximo de 35 horas semanais de trabalho para quem está no regime de turnos ou é trabalhador noturno;
  3. Alteração da contagem de trabalho noturno (atualmente entre a meia-noite e as cinco da manhã), para que este passe a ser compreendido entre as 22 horas e as 7 horas do dia seguinte. Neste campo, o Bloco quer ainda que seja considerado um trabalhador noturno aquele que faz, pelo menos, duas horas neste período (atualmente, são três horas);
  4. Direito à reforma antecipada sem penalizações, em dois meses por cada ano de trabalho por turno ou noturno.

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E se pudesse ter um clássico dos anos 60… novo?

Atraiu estrelas como Steve McQueen, George Best, Jackie Stewart, Brigitte Bardot e Frank Sinatra quando foi lançado... há meio século. Agora, pode ter um praticamente como se fosse novo, um E-type.

O E-type é considerado por muitos o automóvel mais bonito de sempre. O longo capot e as curvas bem desenhadas fizeram deste modelo um sucesso há mais de meio século. Continua a virar cabeças quando este clássico passa, mas são cada vez mais raros os exemplares que ainda andam na estrada, daí serem tão apetecíveis para os amantes das quatro rodas. Quem gosta, e tem dinheiro, vai poder comprar um “novo”. Uma cortesia da própria Jaguar.

O primeiro Jaguar E-type Reborn, da Jaguar Classic, vai ver a luz do dia no salão Techno-Classica, em Essen, na Alemanha. Para começar, será um lote de dez unidades do emblemático E-type que foram “cuidadosamente selecionadas e restauradas em profundidade”, diz a marca. E estes dez vão estar, depois, disponíveis para venda na Jaguar Land Rover Classic Works no Reino Unido. O preço? Depende da versão.

Um Opalescent Gunmetal Grey Series 1 4,2 Fixed Head Coupe será o primeiro a ser alvo de restauro completo. “Exportado originalmente para a Califórnia em maio de 1965, o automóvel fez 125.530 km antes de ser guardado numa garagem em 1983. Conserva os números originais da carroçaria, do motor e da caixa de velocidades, que foram completamente reconstruídos pelos técnicos da Jaguar Classic”. Tem 265 cv. Chega aos 240 km/h.

O conceito está em fazer a recuperação, “segundo as especificações corretas, o mais possível do veículo original, mas substituindo as peças críticas de segurança por componentes novos da Jaguar Classic Parts. São também instalados painéis de carroçaria, provenientes do programa de engenharia inversa, onde for necessário para remover a corrosão e restaurar o visual emblemático do E-type”.

 

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Europa do sul reúne-se amanhã para discutir futuro da UE e o Brexit

  • Lusa
  • 9 Abril 2017

Mariano Rajoy vai receber os restantes líderes do sul para lhes dar "uma nova oportunidade para lançar uma mensagem de unidade num momento decisivo" da história europeia.

Os chefes de Estado ou de Governo de sete país do sul da Europa, entre eles o primeiro-ministro português, António Costa, reúnem-se na segunda-feira, em Madrid, para discutir o futuro da União Europeia e o processo de saída do Reino Unido. Em cima da mesa estarão também assuntos como a luta contra o terrorismo e os desafios colocados pela pressão migratória, nomeadamente na fronteira sul do continente.

Mariano Rajoy, primeiro-ministro espanhol, será o anfitrião dos presidentes François Hollande (França) e Nikos Anastasiades (Chipre) e dos primeiros-ministros António Costa, Paolo Gentiloni (Itália), Alexis Tsipras (Grécia) e Joseph Muscat (Malta). Fonte do governo espanhol adianta que o encontro vai “oferecer” aos líderes dos sete países presentes “uma nova oportunidade para lançar uma mensagem de unidade e compromisso com o projeto de integração europeia num momento decisivo da sua história”.

A Cimeira de Madrid é a terceira dos países do sul da Europa, depois da que teve lugar em Atenas, a 9 de setembro do ano passado, e a de Lisboa, em 28 de janeiro último.

O Governo espanhol considera que a Europa deve tratar as questões que mais preocupam os europeus, que no plano económico é assegurar o bom funcionamento do grande mercado único e do euro. Quanto ao processo de saída do Reino Unido, Madrid destaca a necessidade de se alcançar um acordo “justo e equilibrado” que lance as bases para uma relação futura benéfica para as duas partes.

Para o final da cimeira, está prevista a adoção de uma “declaração comum” que fará uma referência a todos estes temas.

A reunião dos países do sul irá coordenar a posição que estes vão levar em 29 de abril à Cimeira Europeia extraordinária dos países da União Europeia, que deverá adotar as “orientações para a negociação” do acordo de saída do Reino Unido.

 

A Cimeira de Madrid consiste num almoço de trabalho na segunda-feira entre as 14:15 e as 16:45 (uma hora menos em Lisboa) no Palácio do Pardo, sendo seguida pelas habituais declarações à imprensa dos líderes.

Os sete países do sul da Europa concordaram em 28 de janeiro último, em Lisboa, na necessidade de cooperarem para alcançar uma União Europeia “forte e unida”, capaz de devolver a esperança aos cidadãos e combater populismos. “Confirmamos o nosso objetivo de aumentar a nossa cooperação e de contribuir para uma União Europeia forte e unida”, lê-se na Declaração de Lisboa, divulgada no final da cimeira.

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Portugal tem 118 orçamentos participativos, um dos melhores valores europeus

  • Lusa
  • 9 Abril 2017

Em 2014, eram pouco mais de 30 os novos Orçamentos Participativos a serem desenvolvidos. No ano passado, as autarquias destinaram quase 20 milhões às propostas dos cidadãos.

Portugal tem a decorrer 118 Orçamentos Participativos, um dos melhores valores europeus de uma iniciativa que aumentou de qualidade nos últimos anos, permitindo aos cidadãos tomar decisões políticas sobre as cidades onde vivem.

Para se ter uma noção da evolução em números, em 2014, eram pouco mais de 30 os novos Orçamentos Participativos desenvolvidos pelas autarquias, que destinam uma parcela do seu dinheiro à concretização das propostas que os cidadãos considerarem mais importantes para melhorar o local onde vivem.

“Hoje, o quadro de Portugal é um dos mais interessantes da Europa, por uma razão: apesar de ter 118 experiências, das quais 30 são experiências centradas nos jovens, são experiências que vão crescendo de qualidade, em diálogo umas com as outras”, disse à Lusa Giovanni Allegretti, investigador do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra e um impulsionador dos Orçamentos Participativos (OP) em Portugal, em conjunto com a Associação in Loco.

Portugal tem neste momento uma Rede das Autarquias Participativas (RAP), nascida dentro do projeto Portugal Participa e formada por 63 autarquias, a maior parte das quais municípios, mas que muito recentemente abriu também às freguesias. As aderentes fazem intercâmbio de procedimentos participativos, o que “está a ajudar muitos processos a melhorar”.

Para os OP foram dados, no ano passado, quase 20 milhões de euros e, nos últimos 10 anos, um total de 91 milhões.

“Estou a falar só dos OP que se podem calcular, que são codecisórios. Hoje em dia, 95% dos OP municipais portugueses são codecisórios. Em 2013, 85% eram consultivos, ou seja, as pessoas diziam o que queriam e depois os autarcas escolhiam. Hoje as pessoas votam com métodos de voto muito diferentes, voto negativo, voto com peso diferente, cada cidade tem a sua fórmula para romper os lobbies”, salientou Allegretti.

No entanto, para Allegretti, a média expressiva de OP não é o que de mais importante se retira destes processos, porque estes orçamentos “já não são vistos como o processo participativo mais importante”. O mais relevante é que, a partir destas experiências, estão a emergir novas formas de participação que não existiam em Portugal.

Desde logo, estes processos, que antes eram estanques, na dependência de um ou outro vereador, hoje funcionam cada vez mais numa plataforma única, em que os cidadãos podem passar de um projeto ao outro sem terem de se registar novamente, “criando um ecossistema participativo”.

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