Brasil, Espanha e Portugal. Como se faz pitch à volta do mundo? EDP dá 100 mil euros ao melhor
Esta quarta-feira, 13 startups portuguesas, espanholas e brasileiras defrontaram-se para conquistar 100 mil euros de investimento da EDP. O que separa os seus pitches? O ECO ajuda-o a distingui-los.
No coração do imponente edifício de vidro da sede da EDP, em Lisboa, o som de uma vuvuzela marca o início da corrida desta quarta-feira. No auditório, as quatro startups portuguesas do programa EDP Starter preparam-se para se defrontar entre si e destacar-se entre as outras cinco empresas espanholas e as quatro companhias brasileiras. Cada qual terá apenas cinco minutos para conquistar os 100 mil euros que estão em jogo.
“Durante o pitch, as startups vão apresentar os marcos mais importantes que atingiram em 2017 e revelar o que farão com o investimento [caso ganhem o concurso]”, começa por explicar António Lopes, da EDP Inovação. Depois, Carla Pimenta — líder do departamento de empreendedorismo e incubação da EDP Ventures e da EDP Starter — sublinha que, no ano passado, este programa celebrou meia década de vida e acrescenta: “A EDP Starter já não é uma startup”. A audiência composta por empreendedores e colaboradores da Energias de Portugal aplaude com animação o aniversário.
Apresentações feitas, os concorrentes contam os minutos para a decisiva batalha. O monitor instalado no lado esquerdo da sala mostra os participantes espanhóis e brasileiros (presentes através de videoconferência), que se movem nervosos nos seus lugares. Todos a postos? Começa, assim, a apresentação das 13 ideias que prometem revolucionar o setor das energias limpas.
Estou muito entusiasmado para trabalhar convosco. Juntos podemos ter impacto.
Três países. Encontre as diferenças
Startup após startup, a estrutura do discurso mantém-se. Há um problema, eles têm a solução e estão a trabalhar para a transformar numa realidade.
Do outro lado da fronteira, os espanhóis enfatizam sobretudo os prémios e as bolsas que arrecadaram, o que contrasta com a timidez dos portugueses, cujas apresentações decorrem de modo apressado. Já no Brasil, o à-vontade é claro.
O espanhol Oriol Grau abre a competição. O líder executivo da TRC, empresa dedicada à reciclagem de materiais como a fibra de carbono, conta que, no último ano, receberam 50 mil euros da iniciativa europeia SME Instruments e 42 mil euros da Agência de Resíduos da Catalunha. Realça também a participação no programa Climate-KIC e as várias novas colaborações que entretanto a empresa fechou.
O português Pedro Pinto segue-se no pitch, começando o seu discurso ainda antes da apresentação aparecer no projetor. Parece ansioso e é rápido a descrever a história da Fibersail, startup que produz sensores que, ao serem colocados nas hélices dos aerogeradores, permitem a sua monitorização em tempo real.
Dois outros projetos espanhóis, Green Eagle e Rated Power, e dois outros projetos portugueses, Plac Therm e Glartek, são ainda apresentados antes da pausa para o café, tornando visíveis outras diferenças entre os empreendedores que vivem em Espanha e os nacionais: os primeiros são adeptos da leitura e repudiam o contacto visual; os segundos olham para a plateia (pelo menos, para a fila da frente, onde estão sentados os membros do júri) e explicam os seus percursos… Mas é quando os brasileiros entram em jogo que surge a maior diferença: a naturalidade ofusca a dos restantes.
Em todos os grupos, há, claro, exceções: o CEO da portuguesa Movtz é uma delas. Rui Sousa é um natural contador de histórias. Passeia-se pelo palco e explica o negócio às poucas dezenas de pessoas que constituem o público, como se estivesse a conversar com um amigo de longa data.
Outro dos empreendedores que se destaca é Alejandro Cabrera, da espanhola Green Eagle. Depois de descrever o futuro que prevê para a sua companhia, surpreende os espetadores ao despir a camisola negra e revelar um polo, no qual está bordado o logo da EDP. “Estou muito entusiasmado para trabalhar convosco. Juntos podemos ter impacto”, diz com um largo sorriso.
O que faz de um pitch um momento de sucesso? Ser claro e reforçar exatamente aquilo que se procura dos investidores, informa o responsável da EDP Inovação, em conversa com o ECO. Luís Manuel relembra que é preciso tornar compreensível o modelo e o plano de negócio para conseguir agarrar quem está do outro lado da apresentação.
Tivemos um feedback muito positivo do piloto que a Green Eagle está a realizar com a EDP Renováveis.
E o vencedor é…
… o empreendedor que surpreendeu a audiência com a sua mudança de guarda-roupa. A Green Eagle conquistou, esta quarta-feira, a possibilidade de receber 100 mil euros da Energias de Portugal. Para arrecadar, efetivamente, os fundos em causa terá, no entanto, de primeiro assinar um contrato de dívida convertível em capital, explica Luís Manuel. “É usado por muitas aceleradoras a nível global”, justifica, revelando que, nos últimos cinco anos, só um dos vencedores abdicou do prémio, por ter encontrado uma “alternativa melhor”.
Surpresas à parte, por que venceu a Green Eagle? “Foi muito difícil”, começa o responsável pela EDP Inovação. “[Escolhemos a espanhola] porque tivemos um feedback muito positivo do piloto que eles estão a realizar com a EDP Renováveis“, clarifica Luís Manuel a decisão do júri composto por, além do responsável da EDP Inovação, Carla Pimenta, Frederico Gonçalves e Lívia Brando, bem como pela EDP Ventures.
“Vamos seguir em frente”, termina Alejandro Cabrera, claramente extasiado pela conquista de mais esta oportunidade e já com o vestuário adequado parar entrar no universo EDP.
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