Galp aumenta dividendo. Estado agradece os 34 milhões
A petrolífera liderada por Carlos Gomes da Silva vai dar mais dividendos aos seus acionistas, sendo que entre eles está o Estado. Em vez de 50, dará 55 cêntimos por cada ação.
A Galp Energia vai dar mais milhões aos acionistas. São muitos aqueles que estarão a aplaudir o aumento de 10% no valor dos dividendos, entre eles o Governo de António Costa. É que o Estado, através da Parpública, tem dinheiro aplicado no capital da petrolífera liderada por Carlos Gomes da Silva, cabendo-lho uma “fatia” dos 602 milhões de euros de lucros registado pela empresa no ano passado.
Depois de revelar um crescimento de 25% no resultado líquido de 2017, beneficiando do sucesso no negócio de exploração e produção de petróleo, a Galp Energia revelou que pretende aumentar a remuneração aos acionistas. Tendo em conta a geração de fluxos de caixa, a atual e a estimada para os próximos anos, a empresa revelou que em vez de 50 pretende pagar 55 cêntimos a cada ação.
No total, a Galp Energia deverá entregar 75% dos lucros registados no ano passado, o que equivale a 456 milhões de euros. E o Estado deverá conseguir arrecadar 34,13 milhões de euros, de acordo com os cálculos realizado pelo ECO, considerando que detém, no total, 62.061.975 ações da empresa portuguesa. A posição da República está avaliada, à cotação atual de 14,725 euros, em 913,8 milhões de euros.
Este valor junta-se aos milhões que o Estado tem recebido nos últimos anos, sendo que desta vez o montante vai inteiramente para os cofres públicos. Entre 2010 e 2016 a Parpública recebeu o total de 122 milhões de euros, sendo que grande parte desse valor foi utilizado para pagar os juros associados às obrigações convertíveis emitidas no âmbito da 5ª fase de privatização da empresa. Essas obrigações atingiram a maturidade no final do ano passado. Agora, tem ações. Sem custos.
Estado atrás da Amorim Energia no capital da Galp
A esmagadora maioria dos investidores que foram à privatização acabaram por optar por receber o dinheiro que tinham investido, não as ações que lhe estavam subjacentes. De acordo com os dados fornecidos ao Público pela Parpública, apenas três obrigacionistas optaram por receber títulos, ficando com um total de 10.512 ações. Assim, a Parpública ficou como segundo maior acionista da empresa.
Posição do Estado na Galp vale mais de 900 milhões
Questionada, à data, sobre qual o futuro das ações, fonte oficial da empresa estatal afirmou ao jornal que estas “mantêm-se na Parpública”. Estas ações representam, de acordo com a informação apresentada pela petrolífera, 7,48% do capital da Galp Energia, atrás dos 276 milhões de títulos da Amorim Energia (que reúne as herdeiras de Américo Amorim, a Sonangol e Isabel dos Santos), representativos de 33,3% da empresa.
Enquanto o Estado vai receber 34,13 milhões, a Amorim Energia prepara-se para encaixar 152 milhões de euros. Entre 2006 (ano em que o empresário Américo Amorim se tornou acionista de referência da Galp) e 2016, a petrolífera portuguesa distribuiu 2,76 mil milhões de euros em dividendos. Destes, 973 milhões foram entregues à Amorim Energia, holding controlada em 55% pela família Amorim e em 45% pela Esperaza, que, por sua vez, é detida em 60% pela Sonangol e em 40% por Isabel dos Santos.
Entre 2012 e 2016, a Amorim Energia deteve 38,34% da Galp. Em 2016, voltou a reduzir a participação, para 33,34%, numa venda que lhe rendeu 484,6 milhões de euros. Nesse período, a Esperaza deveria ter recebido, indiretamente, 438 milhões de euros de dividendos relativos à Galp, pelo que a Sonangol, enquanto sua acionista, deveria ter direito a cerca de 260 milhões (o equivalente aos 60% da sua participação). Contudo, a petrolífera estatal angolana diz não ter recebido esse dinheiro.
Tweet from @isabelaangola
Isabel dos Santos, que recentemente foi exonerada do cargo de presidente da Sonangol, reagiu à acusação da petrolífera, a 12 de fevereiro, através da sua conta do Twitter, afirmando que a companhia estatal não só recebeu os dividendos distribuídos pela Galp, como pagou os impostos referentes. Este pagamento foi feito “às autoridades holandesas”.
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