Banca vai precisar de pelo menos mais quatro anos para “resolver” malparado, diz a DBRS
Os bancos portugueses vão precisar de pelo menos mais quatro anos para que os níveis de malparado fiquem em linha com os critérios europeus, diz a DBRS. É preciso, por isso, adotar mais medidas.
O crédito malparado vai continuar a penalizar os bancos europeus. Em Portugal, as instituições financeiras vão precisar de pelo menos mais quatro anos para apresentarem rácios de NPL (malparado) em linha com os critérios da Autoridade Bancária Europeia (EBA), afirma a DBRS numa nota. A agência de notação canadiana defende que se devia acelerar o processo de limpeza dos balanços, assim como adotar novas medidas, nomeadamente por parte do Banco Central Europeu (BCE).
“A DBRS prevê que os níveis de NPL vão continuar elevados para alguns bancos europeus durante mais anos”, refere a agência de notação. A DBRS considera que “o ritmo atual de redução [do malparado] em conjunto com o stock elevado de NPL sugerem que alguns bancos vão demorar muito tempo a limpar o seu balanço”. Em Portugal, e considerando o ritmo atual de redução destes empréstimos em incumprimento, os bancos vão precisar de pelo menos mais quatro anos para que os rácios de NPL fiquem abaixo dos 5%, em linha com a estimativa para o resto da Europa.
“Os bancos europeus vão precisar de cerca de quatro anos, em média, para que os rácios de NPL fiquem abaixo dos 5% ao ritmo atual de redução” dos empréstimos em incumprimento, afirma a agência de notação canadiana. Contudo, “há alguns países, como Grécia e Chipre, em que o ritmo de redução em conjunto com o stock elevado de NPL sugerem que vão demorar muito tempo a limparem o balanço”.
O malparado continua a ser um fardo pesado para a banca. Os níveis de NPL ainda são elevados, apesar de todos os esforços por parte dos bancos para resolverem este problema. No total do ano passado, o malparado encolheu em 9,3 mil milhões de euros, tendo registado a maior queda trimestral de sempre no final de 2017.
BCE tem de adotar mais medidas
Além de ser necessário acelerar o processo de limpeza destes ativos tóxicos, a DBRS considera que têm de ser adotadas mais medidas, nomeadamente por parte do banco central liderado por Mario Draghi. “A DBRS considera que o BCE está a retrair-se de adotar novas medidas para resolver os NPL”, nota a agência de notação.
Para a DBRS, isto pode justificar-se pelo “intenso debate e controvérsia” em torno de uma nova proposta do banco central para os empréstimos em incumprimento. A entidade quer que os bancos ponham mais dinheiro de parte para cobrir o crédito malparado. Ou seja, terão, no máximo, dois anos para deixar de lado o equivalente a 100% do novo crédito malparado. No prazo de sete anos, terão de conseguir cobrir a totalidade da dívida incobrável (nova e antiga).
“O BCE reconhece o problema, tendo deixado claro que a redução do stock de NPL é uma prioridade. No entanto, não deverá publicar novas medidas para resolver o malparado. A DBRS prevê que, sem novas medidas, continuarão a existir durante algum tempo na Europa bancos com níveis elevados de NPL”, remata.
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