Cristina Casalinho vê Portugal a bater as metas da Moody’s
Agência da rating volta a examinar Portugal já na próxima semana. A presidente do IGCP diz ao ECO que o país tem batido as previsões da Moody's, razão pela qual acredita numa boa novidade em breve.
A Moody’s volta a examinar o rating de Portugal na próxima semana. Cristina Casalinho, presidente do IGCP, diz ao ECO que o país tem superado todas as metas mais relevantes da agência financeira e acredita, por isso, que um bom resultado está para breve.
“Considerando os fatores de risco enunciados pela Moody’s, constata-se que Portugal tem apresentado uma evolução mais favorável que as previsões iniciais da agência de rating“, sublinhou Casalinho em declarações ao ECO.
A Moody’s é a única entre as grandes agências de rating mundiais que mantém Portugal num patamar de investimento considerado especulativo. Os analistas voltam a revisitar o dossiê português na próxima sexta-feira, isto depois de na última decisão, datada de 1 de setembro, ter colocado as perspetivas de evolução da rating da República em terreno positivo — abrindo porta a uma melhoria do rating.
"Considerando os fatores de risco enunciados pela Moody’s, constata-se que Portugal tem apresentado uma evolução mais favorável que as previsões iniciais da agência de rating.”
A gestora da dívida pública portuguesa doseia, no entanto, o otimismo em relação a uma subida da notação de risco já na próxima semana. “No seu último relatório, a Moody’s indica um intervalo de 12 a 18 meses, mas com maior probabilidade 12 meses, para decidir sobre o rating de Portugal”, frisou, sugerindo que só em setembro é que a agência poderá colocar a dívida portuguesa num nível de investimento de qualidade — neste momento, a República conta com um rating de “Ba1”, situando-se a um degrau de sair da zona de “lixo”.
Ironicamente, em fevereiro, o analista dos ratings soberanos da Moody’s, Evan Wohlmann, disse ao ECO que Portugal não precisava de continuar a superar as expectativas da agência para haver uma melhoria do rating. “Nós não dizemos que isso é preciso para haver uma melhoria do rating. O que nós dizemos é que os desenvolvimentos positivos têm de ser sustentados e não a continuar a ultrapassar as nossas expectativas. Tem de ir ao encontro das nossas expectativas”, adiantou o responsável.
Na decisão de setembro, a Moody’s diz que foi a resiliência do crescimento económico, a melhoria no défice e do perfil da dívida que motivaram-na a colocar Portugal numa perspetiva mais otimista. Dava sobretudo ênfase ao “peso muito elevado da dívida”, a qual tem de se encaminhar para uma “firme tendência de descida”.
"O que nós dizemos é que os desenvolvimentos positivos têm de ser sustentados e não a continuar a ultrapassar as nossas expectativas. Tem de ir ao encontro das nossas expectativas.”
Posto isto, todos os indícios apontam para o mesmo resultado: mantendo o bom desempenho, Portugal está na iminência de sair do lixo, mais mês menos mês.
“Temos de ter 65% do financiamento assegurado no primeiro semestre”
Em declarações ao ECO, Cristina Casalinho comentou ainda o facto de Portugal ter assegurado mais de 60% das necessidades de financiamento para 2018 logo nos quatro meses do ano. “A regra do financiamento dos soberanos aponta para o financiamento no primeiro semestre corresponder a, no mínimo, 65% das necessidades do ano. A justificação desta regra assenta no próprio calendário, ou seja, no segundo semestre temos menos dois meses para emitir: agosto e dezembro”, diz.
Esta semana, Portugal avançou com a segunda emissão sindicada do ano, numa operação que permitiu obter três mil milhões de euros com a colocação de obrigações a 15 anos. No total, já angariou 9,5 mil milhões de euros, 63% do total das necessidades do ano. O Ministério das Finanças havia adiantado ao ECO que estava a reforçar a almofada financeira com vista ao reembolso de um montante de 6,6 mil milhões que euros que Portugal terá de fazer ao mercado no próximo mês de junho.
"A regra do financiamento dos soberanos aponta para o financiamento no primeiro semestre corresponder a, no mínimo, 65% das necessidades do ano. A justificação desta regra assenta no próprio calendário, ou seja, no segundo semestre temos menos dois meses para emitir: agosto e dezembro.”
Em 2018, o IGCP vê o custo médio da dívida pública a descer dos 3% para 2,8%. Como avalia as atuais condições favoráveis de financiamento de Portugal?
“A persistência de baixas taxas de juro na área do euro acompanhadas de melhoria da perceção de risco da economia portuguesa, materializada em subidas de rating para grau de investimento, explicam a evolução recente das taxas de juro da dívida pública portuguesa”, respondeu a presidente da instituição que gere a dívida nacional.
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