Petróleo no Alentejo pode chegar aos 1.500 milhões de barris
Estudo do consórcio Eni e Galp indica que a região pode ter recursos equivalentes a 17 anos de consumo nacional. Primeiro furo avança no final do ano. Contestação continua.
Apesar da contestação que a prospeção de petróleo continuar a levantar, os dados parecem confirmar o potencial da costa alentejana. Um estudo do consórcio, Eni e Galp para a exploração da costa vicentina, estima um volume potencial recuperável de petróleo que varia entre os 1.000 e os 1.500 milhões de barris, um valor equivalente a 17 anos de importação de petróleo, com um impacto evidente na balança comercial portuguesa, revela o Expresso na edição deste sábado.
As duas empresas não quiseram contudo comentar estes valores, mas num comunicado conjunto adiantam: “Se for provada a presença de hidrocarbonetos, a sua exploração, numa localização que não visível da costa, representará uma oportunidade para o desenvolvimento económico de Portugal e para reduzir o défice da balança comercial e energética do país“.
E para que não restem grandes dúvidas, Galp e Eni dizem que “a persistência para concretizar este projeto e a vontade de investir no país demonstram a confiança das companhias no projeto“.
Caso as estimativas do consórcio se confirmem, e atendendo à atual cotação do crude, as receitas potenciais são de 57 mil milhões de euros. Nos 30 anos de concessão o Estado poderá receber 4 mil milhões de royalties.
O primeiro furo, a 46 quilómetros de Aljezur, será feito no final do ano. O teste deverá ter a duração de 46 dias, estimando-se um custo de pelo menos 37 milhões de euros.
Manifestação contra prospeção de petróleo em Aljezur
A perfuração da Eni e da Galp na costa vicentina tem sido alvo de forte contestação. Este sábado, associações ambientalistas e cívicas, a que se juntam alguns partidos políticos, organizam, em Lisboa, uma manifestação a pedir o cancelamento da prospeção de petróleo perto de Aljezur, no Algarve.
Segundo a organização, os manifestantes vão partir em marcha da Praça Luís de Camões, às 15 horas, e dirigem-se para a Assembleia da República, estando previstas algumas intervenções por parte de organizações e atuações musicais.
A iniciativa é organizada por uma plataforma que congrega 32 das principais organizações portuguesas de ambiente e de defesa do património, nacionais e locais, movimentos cívicos, autarcas e partidos políticos.
O ponto de partida desta manifestação foi a posição comum tomada em Loulé, em 22 de fevereiro, e subscrita por várias organizações, todas as associações empresariais do Algarve, a Região de Turismo, académicos e personalidades de vários quadrantes, assim como pela maioria dos presidentes de câmara do Algarve e do Sudoeste Alentejano.
O protesto visa a alteração da decisão de prolongar até ao final de 2018 o contrato de prospeção, pesquisa, desenvolvimento e produção de petróleo do consórcio internacional ENI/Galp em três concessões no oceano Atlântico, que incluem a realização de um furo de prospeção, em águas profundas, a cerca de 46 quilómetros de Aljezur.
Os argumentos para a recusa da prospeção de petróleo na costa algarvia relacionam-se com o facto de “comprometer irremediavelmente a imagem internacional da região” e implicar riscos para toda a faixa costeira, ameaçando a riqueza ambiental e ecológica, nomeadamente os ‘stocks’ de peixe, colocando em causa as principais atividades económicas, como o turismo e a pesca.
As associações recordam que decorre até segunda-feira uma consulta pública para decidir se o projeto de sondagem de petróleo ao largo de Aljezur deve ser submetido a procedimento de Avaliação de Impacte Ambiental (AIA).
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