Exportações de bens caem em março pela primeira vez em 17 meses
É preciso recuar a outubro de 2016 para encontrar outra queda homóloga e, mesmo assim, de menor dimensão. Já as importações subiram 0,1%, desacelerando. Efeitos de calendário ajudam a explicar.
As exportações de bens sofreram um tombo de 5,7% em março, face ao mesmo período de 2017, invertendo assim o movimento de crescimento verificado no mês anterior. É a primeira queda homóloga desde final de 2016: é preciso recuar a outubro daquele ano para encontrar outra descida, e, mesmo assim, menos significativa. Efeitos de calendário ajudam a explicar a evolução mais recente.
Já as importações aumentaram 0,1%, o que representa uma desaceleração face à variação registada no mês anterior (8,1%), indicam os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE).
Os números do INE divulgados esta quinta-feira explicam que “estas evoluções refletem, em parte, efeitos de calendário, dado que março de 2018 teve menos dois dias úteis do que março de 2017”.
O mês de março de 2017 foi particularmente positivo para as exportações, registando um dos valores mais elevados dos registos e a maior subida homóloga daquele ano. A quebra de 5,7% agora registada é a mais significativa dos últimos anos — só em setembro de 2012 há registo de uma descida mais pronunciada, de 6,2%.
Evolução homóloga das exportações de bens
Fonte: INE
A evolução das exportações em março deve-se sobretudo ao “decréscimo de 19,3% registado no Comércio Extra-UE”, explica o INE. Já o avanço de 0,1% das importações encontra suporte no “comportamento do comércio Intra-UE”, que aumentou 0,2%, “dado que as importações Extra-UE decresceram 0,2%”.
O défice da balança comercial de bens atingiu 1.207 milhões de euros em março, mais 306 milhões de euros face ao mês homólogo. Mas excluindo combustíveis e lubrificantes, a balança comercial conta com um saldo negativo de 915 milhões de euros, mais 231 milhões de euros.
Fazendo já a comparação com o mês anterior, fevereiro, os dados apontam para uma subida de 7,3% das exportações e de 9,9% nas importações, “sobretudo devido ao comportamento do comércio Intra-UE em ambos os fluxos”.
Saídas e entradas de bens aumentam no primeiro trimestre
Os dados do INE permitem ainda olhar para os números globais do primeiro trimestre do ano. No conjunto dos três primeiros meses do ano, tanto as exportações como as importações avançaram — 2,7% e 6,3%, respetivamente. No trimestre terminado em fevereiro, porém, as saídas de bens tinham avançado 5,4% e as entradas tinham crescido 6,2%.
Exportações para Angola caem quase 28%
Entre os principais países de destino, a quebra das exportações para Angola ganha destaque: em causa está uma descida de 27,7% em março. No conjunto do trimestre, o recuo é de 22,4%.
Tudo isto num contexto de maior tensão entre Portugal e Angola e de depreciação do kwanza. No início do ano, o Governo angolano previa chegar ao final de 2018 com uma inflação acumulada próximo dos 30%, condicionada pelo novo regime flutuante cambial. Na primeira semana deste regime, o kwanza sofreu uma depreciação de mais de 10% face ao dólar norte-americano e de 16% para o euro, o que agrava os custos de importação do país.
As empresas em Angola continuam a ter dificuldades nos pagamentos e na repatriação de capitais, um problema cuja resolução normalmente depende das boas relações entre os dois países, que atravessam agora um período mais difícil, com a sua face mais visível nos atrasos na nomeação do embaixador de Angola em Portugal.
(notícia atualizada)
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