Santos Silva demarca-se de Sócrates. Pinho foi a “gota de água”
A título pessoal, e ainda que tivesse feito parte dos dois Executivos liderados por José Sócrates, a distanciação vem acompanhada de embaraço e traição, caso as suspeitas forem provadas.
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, junta-se ao coro de socialistas que se demarcam de José Sócrates e das investigações em torno dos ministros dos seus mandatos, quer Manuel Pinho, quer agora de Mário Lino e António Mendonça.
Em declarações à Visão (acesso pago), Santos Silva afirma que o partido não está a cortar ligações com o antigo primeiro-ministro, mesmo depois deste ter saído, mas sim uma reação natural. “No que respeita ao PS, não é certamente um álibi; foi mais a gota de água que fez transbordar um copo já demasiado cheio“, apontou o atual ministro.
A título pessoal, e ainda que tivesse feito parte dos dois Executivos liderados por José Sócrates, a distanciação vem acompanhada de embaraço e traição, caso as suspeitas forem provadas.
“Se os comportamentos criminosos de que se fala forem provados, sentir-me-ei não só embaraçado como traído. Devo, entretanto, dizer que, enquanto fui ministro de José Sócrates, ele nunca me pediu qualquer coisa que fosse ilegal, nem nunca me apercebi de qualquer conduta sua que pudesse indiciar a prática de crimes”, disse ainda, à revista, Santos Silva.
São cada vez mais os socialistas que se têm vindo a demarcar de José Sócrates. Ontem o líder parlamentar Carlos César justificou que o partido tinha de clarificar a sua posição sobre as suspeitas que envolvem antigos governantes, depois do caso Manuel Pinho. “Com as questões que surgiram com o ministro Manuel Pinho”, ocorreu um “adensamento das circunstâncias que penalizam a confiança na política” e “impunha-se da parte do Partido Socialista, e essa foi a minha avaliação, aclarar o nosso posicionamento sobre estas matérias”, disse na Sic Notícias.
Já na semana anterior Carlos César tinha dito que o partido se sente envergonhado com as acusações que recaem sobre Manuel Pinho, ex-ministro da Economia de José Sócrates. “A confirmar-se é uma situação incompreensível e lamentável”, disse o líder da bancada socialista, à TSF. “O Partido Socialista sente-se, como todos os partidos, a confirmar-se, envergonhado, mas não tem nenhuma razão para, em relação ao ex-ministro Manuel Pinho, não avaliar da mesma forma o que está a acontecer com ele como avaliou os casos de vários ministros e responsáveis de outros partidos políticos que, na banca ou na política tiveram comportamentos desviantes, irregulares ou mesmo até de alçada criminal”, disse.
No dia seguinte foi a vez de João Galamba dizer que suspeitas sobre Pinho e Sócrates envergonham qualquer socialista e que o partido “sempre esteve incomodado” com as suspeitas que recaem sobre os ex-governantes. E já em contagem decrescente para o congresso socialista, António Costa, a partir do Canadá, onde se encontrava em visita oficial, frisou que, em Portugal, ninguém está acima da lei e que, “a confirmarem-se” as suspeitas de corrupção nas políticas de energia por membros do Governo de José Sócrates, serão “uma desonra par a democracia”.
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