Itália sob tensão. Juros registam maior subida em 25 anos

A crise política em Itália está a fazer tremer os mercados. A bolsa de Milão está a cair mais de 2%, num dia em que os investidores voltam a revelar preocupação relativamente à instabilidade política registada no país. A banca é a mais penalizada. Os efeitos também se fazem sentir nos juros da dívida italiana, que registam o pior dia em mais de 25 anos.

A praça bolsista de Milão está a desvalorizar 1,73% para 21.554,16 pontos, numa sessão em que já atingiu mínimos de agosto de 2017. Nas restantes bolsas do Velho Continente, a tendência de queda também se está a impor, com o Stoxx 600 a registar perdas de 0,89% para 386,37 pontos.

A pesar sobre a bolsa italiana estão os títulos da banca. O índice da banca italiana está em novos mínimos de 13 meses, sofrendo perdas de mais de 3%. No setor, os títulos da Uni Banca foram automaticamente suspensos no arranque da sessão, depois de terem registado perdas superiores a 5%. As ações do Poste Italiene estão, por sua vez, a recuar 4,11% para 7,04 euros e as do Intesa Sanpaolo estão a desvalorizar 3,82% para 2,46 euros. Ainda na banca, os títulos do Unicredit estão a cair 3,55% para 14,27 eurps e os do BPER Banca estão a perder 3,95% para 4,13%.

Os juros da dívida estão também a sofrer com a tensão política, estando a disparar sobretudo no curto prazo. A yield da dívida soberana a dois anos esteve a disparar 150 pontos base para 2,73%, na maior subida desde 1992. Já no prazo a 10 anos, a subida é de 50 pontos base para 2,93%, a fasquia mais elevada desde meados de 2014.

“A subida espetacular das taxas da dívida a dois anos esta manhã reflete os receios de desmembramento ou redenominação [da Zona Euro]”, diz Martin van Vliet, analista do ING Bank, citado pela agência Reuters.

O euro não escapa a este sentimento negativo e, mais uma vez, está a desvalorizar. A moeda única da Zona Euro está a recuar 0,28% para 1,159 dólares.

Esta segunda-feira, o antigo diretor do Fundo Monetário Internacional para as questões orçamentais, Carlo Cottarelli aceitou formar Governo Em Itália. No entanto, tanto o líder do Movimento 5 Estrelas como o da Liga — partidos que tinham chegado a acordo para formar uma coligação governativa, que acabou por cair — mostraram-se contra a opção do Presidente italiano. Espera-se agora que Cottarelli não passe no Parlamento, abrindo-se a porta a eleições antecipadas, “o mais tardar no início de 2019″.

(Notícia atualizada às 14h08 com mais cotações)