OPA à EDP: CTG diz que vai continuar a discutir detalhes da oferta com a empresa
O vice-presidente executivo da China Three Gorges já reagiu à recusa da EDP em aceitar a OPA. Diz que a CTG vai continuar a debater os detalhes da oferta com a elétrica.
A China Three Gorges (CTG) afirmou esta segunda-feira que vai continuar a debater os detalhes da OPA sobre a EDP com esta empresa, depois de a elétrica portuguesa ter considerado que a oferta tem “mérito”, mas o modelo de implementação “não é claro”.
“Vamos discutir nos próximos meses com a EDP”, disse à Lusa o vice-presidente executivo da China Three Gorges (CTG) International, Wu Shengliang, em reação ao relatório ao mercado divulgado na sexta-feira pela EDP.
O Conselho Executivo da elétrica portuguesa, liderado por António Mexia, considerou que “há mérito nas intenções estratégicas” da CTG, que “dependem do seu modelo de implementação, o qual não é claro nesta fase“, pedindo clarificação.
A mesma nota acrescenta que a EDP não dispõe de “elementos suficientemente claros sobre quanto tempo a CTG Europe pretende preservar a identidade portuguesa da EDP e a sua qualidade de sociedade cotada em Lisboa, do modelo societário previsto que garantiria autonomia do centro de decisão e como é que este modelo proporcionaria proteção adequada aos acionistas minoritários, nomeadamente na eventualidade de conflitos de interesse decorrentes da contribuição de ativos”.
Entre os méritos reconhecidos na proposta anunciada no passado dia 11 de maio, António Mexia refere a intenção da CTG de “aportar os ativos detidos pela China Three Gorges Corporation na EDP, através de subsidiárias, no Brasil e na União Europeia”, a possibilidade de expansão para o mercado eólico ‘offshore’ (no mar) chinês, o reforço do perfil de crédito da EDP e a intenção de manter uma política de dividendos estável.
“Os méritos das intenções acima descritas dependem do seu modelo de implementação, o qual não é claro nesta fase”, lê-se no relatório.
Em 11 de maio passado, a CTG anunciou a intenção de lançar uma OPA voluntária sobre o capital da EDP, oferecendo uma contrapartida de 3,26 euros por cada ação, cujo pedido foi registado junto do regulador, sem alterações ao preço oferecido inicialmente.
O preço oferecido pela CTG é a principal razão pela qual a administração da EDP recomenda aos acionistas que não aceitem esta oferta, por não refletir adequadamente o valor da elétrica, pois o prémio implícito na oferta é baixo, considerando a prática pelas empresas europeias do setor.
“O prémio implícito no preço oferecido encontra-se significativamente abaixo do que é a prática em transações em dinheiro no setor europeu das ‘utilities’, no mercado ibérico e mais genericamente no mercado europeu, em casos em que o oferente adquire controlo”, refere, realçando que está abaixo do oferecido em 2011, quando a CTG adquiriu 21,35% da elétrica.
Esta tomada de posição foi aprovada em reunião do Conselho de Administração Executivo da EDP realizada na quinta-feira, por unanimidade dos membros, e recebeu, na sexta-feira, parecer favorável do Conselho Geral e de Supervisão, órgão liderado por Luís Amado.
Também o Conselho de Administração da EDP Renováveis, liderado por Manso Neto, recomendou aos acionistas “não aceitar o preço da oferta” da CTG, por não traduzir o valor da empresa, e considerou que “o calendário proposto subjacente à oferta poderá não corresponder aos melhores interesses dos acionistas da EDP Renováveis e deveria ser clarificado”.
A CTG, que já detém 23,27% do capital social da EDP, pretende manter a empresa com sede em Portugal e cotada na bolsa de Lisboa.
Caso a OPA sobre a EDP tenha sucesso, a CTG avançará com uma oferta pública obrigatória sobre 100% do capital social da EDP Renováveis (EDPR) a 7,33 euros por ação.
A EDP controla 82,6% do capital social da EDPR, que tem a sua sede em Madrid.
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