Reclamações nos transportes disparam. Culpa é dos preços
A Autoridade da Mobilidade e dos Transportes recebeu no segundo semestre de 2017 mais de 9 mil reclamações. A CP lidera com preços e qualidade de atendimento a serem as principais queixas.
A Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT) recebeu no segundo semestre de 2017 9.847 reclamações, mais 20,7 por cento face ao anterior semestre, com a CP e o Metropolitano de Lisboa a liderar as queixas.
De acordo com o relatório sobre reclamações no mercado público da mobilidade e dos transportes, hoje divulgado, do total das queixas, 9.070 dizem respeito a inscrições no livro de reclamações dos diversos operadores e prestadores de serviços e as restantes 777 foram recebidas diretamente na AMT.
As cinco empresas que apresentaram o maior número de reclamações foram a Comboios de Portugal (CP), com 2.214, o Metropolitano de Lisboa (1.205), a Transtejo (608), a Rede Nacional de Expressos (522) e a Carris (349).
Face ao número de reclamações recebidas no segundo semestre de 2017, verificou-se um aumento significativo de mais de 20,7% comparativamente com os primeiros seis meses do mesmo ano.
Este aumento equivale, de acordo com o relatório da AMT, a mais 1.689 reclamações, resultado de vários fatores, nomeadamente do aumento de utentes dos diversos serviços durante o período em análise, de uma maior consciencialização dos direitos dos consumidores e de uma maior facilidade de acesso ao livro de reclamações.
Comparando com o período homólogo de 2016 (segundo semestre), constata-se que existe um decréscimo do número de reclamações, descendo, assim, de 10.289 para 9.847 reclamações.
Ao analisar as reclamações no segundo semestre, por setor de atividade, a AMT conclui que, tal como nos semestres anteriores, os setores ferroviário e rodoviário representam a maioria das reclamações, com 85,1% do total, sendo 38,7% e 46,4%, respetivamente.
Os utentes queixaram-se, sobretudo, dos preços, do sistema de pagamentos e das bilheteiras, da qualidade do atendimento e do atendimento deficiente nos estabelecimentos e no atendimento telefónico, além do exercício da atividade e do exercício da atividade sem licença.
Fora do livro de reclamações foram recebidas diretamente pelos operadores de transporte de passageiros 20.335 reclamações, mais 13% face aos primeiros seis meses de 2017.
A Rede Nacional de Expressos (RNE), com 17,5% das reclamações dos transportes rodoviários de passageiros, lidera a tabela dos três prestadores que apresentam um maior número de reclamações.
A RNE apresenta um acréscimo significativo do número de reclamações face ao primeiro semestre de 2017 (mais 98 reclamações, o que representa um aumento de 23,1%).
Já a Companhia de Carris de Ferro de Lisboa, segunda da lista, com 11,7% das reclamações dos transportes rodoviários de passageiros, registou um decréscimo no número de reclamações face ao primeiro semestre de 2017 (menos 22 reclamações, representando menos 5,9%).
A Transportes Sul do Tejo (TST) apresentou 10,5% das reclamações dos transportes rodoviários de passageiros, o que face, ao semestre anterior, representa um acréscimo no número de reclamações (mais 115 reclamações, representando mais 58,4% no segundo semestre de 2017 em comparação com os seis meses anteriores).
O relatório refere ainda que houve um aumento significativo do número de reclamações contra os operadores de transporte em veículos ligeiros, táxis e plataformas eletrónicas de serviços de transporte, com um total de 106 queixas.
Neste subsetor, nem os prestadores em nome individual, nem as empresas têm estabelecimentos onde fazem atendimento ao público, pelo que não têm obrigação de possuir livro de reclamações.
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