Dívida, preços das casas e ciberataques são ameaças para a banca europeia, diz o FMI
A banca está a fazer progressos. Mas ainda há obstáculos à recuperação, nomeadamente a dívida elevada, mas também a escalada dos preços das casas. E alerta também para o risco dos ciberataques.
Apesar dos progressos feitos pelos bancos, o Fundo Monetário Internacional (FMI) considera que estes ainda enfrentam vulnerabilidades que podem pôr em causa os esforços feitos para regressar à rentabilidade. Entre os perigos para a estabilidade financeira, a entidade liderada por Christine Lagarde refere o fardo ainda elevado da dívida e a escalada dos preços das casas. Mas dá grande destaque ao potencial impacto dos ciberataques.
“As vulnerabilidades financeiras na Zona Euro continuam a ser significativas”, afirma o fundo liderado por Christine Lagarde, num relatório sobre o crescimento económico da Zona Euro e a resiliência do setor financeiro a possíveis choques.
Entre os riscos apresentados pelo FMI, os ciberataques estão em destaque. “A execução adequada e atempada da estratégia de resiliência a ciberataques é crítica para a estabilidade financeira”, afirma a entidade. E quaisquer lacunas que sejam encontradas neste sentido têm de se “traduzir na adoção de medidas específicas”, defende. O exemplo mais recente aconteceu na Ucrânia, quando vários bancos e grandes empresas do país, incluindo uma companhia elétrica estatal e o aeroporto internacional de Kiev, foram alvo de um ataque informático.
"A execução adequada e atempada da estratégia de resiliência a ciberataques é crítica para a estabilidade financeira.”
Mas os perigos enumerados pelo FMI não se ficam pelo ciberespaço. O mercado imobiliário é outra das preocupações do fundo, nomeadamente a escalada dos preços das casas. Isto porque uma correção no valor dos imóveis pode por pôr em causa a estabilidade do sistema financeiro e limitar o crescimento das economias da região.
Este equilíbrio pode ser igualmente perturbado pela dívida ainda elevada das famílias e empresas. “Em certos países da Zona Euro, as famílias, empresas não financeiras e governos suportam dívidas elevadas, deixando-os vulneráveis a uma deterioração das condições e limitando as almofadas de capital disponíveis para responder a contingências”, refere o fundo.
O FMI já tinha alertado para a necessidade de vários países terem de avançar com reformas estruturas que travem os elevados níveis de endividamento, mas que também contribuam para o crescimento económico, que pode abrandar — outro perigo para o setor. Na atualização das suas previsões económicas, a instituição reviu em baixa o crescimento dos principais motores europeus — Alemanha, França e Itália — e alertou que uma escalada na guerra comercial poderá “roubar” 0,5% ao PIB mundial até 2020.
Brexit e normalização dos juros são outro perigo
A lista de riscos para o setor financeiro não fica por aqui. A esta juntam-se as dúvidas em torno da saída do Reino Unido da União Europeia, em 2019, refere o fundo.
A incerteza política — sobretudo devido às negociações sobre o Brexit — em conjunto com o aumento do protecionismo vão “diminuir a colaboração política, reduzir o fluxo de capital e liquidez entre países, aumentar a aversão ao risco e pode penalizar a recuperação cíclica”, de acordo com o relatório do FMI.
No mesmo documento, há ainda uma referência ao perigo da normalização da política monetária do Banco Central Europeu (BCE). Para o fundo, a redução das operações de refinanciamento terá maior impacto no custo de financiamento dos bancos, especialmente nas instituições financeiras mais fracas. É, por isso, “importante haver um planeamento cuidadoso na retirada das medidas excecionais no médio prazo”, de maneira a contar os efeitos negativos no setor.
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