PCP admite novo Governo minoritário de esquerda e quer salário mínimo nos 650 euros
Em entrevista ao Público, João Oliveira garantiu que ainda não está fechada a decisão de aprovar o OE para 2019. Mas não descartou viabilizar um novo Governo minoritário do PS em 2019.
O PCP admite viabilizar um novo Governo minoritário de esquerda caso esse cenário se ponha após as legislativas do ano que vem. Foi uma das ideias abordadas pelo comunista João Oliveira em entrevista ao Público (acesso condicionado) esta sexta-feira, na qual o líder parlamentar defendeu também o aumento do salário mínimo nacional para os 650 euros e alertou o primeiro-ministro que a progressão nas carreiras dos professores é um assunto que ainda “está por resolver”.
Questionado sobre a possibilidade de o partido viabilizar um Governo de “maioria relativa do PS” através de uma “correlação de forças à esquerda maioritária”, João Oliveira admitiu tratar-se de um “quadro de condicionantes que não é pouco pesado”. Ainda assim, garantiu que “nunca será por falta do PCP que as condições de vida e de trabalho dos portugueses deixam de avançar”, um sinal claro de que, perante um resultado semelhante ao das últimas legislativas, os comunistas não deverão ser entrave à formação de uma nova maioria de esquerda no Parlamento.
João Oliveira referiu que basta “a palavra dada” para um acordo deste género, descartando a importância de um papel assinado para o efeito: “A questão de haver um papel ou não haver um papel foi uma questão de cedência da parte do PS à exigência que era feita pelo Presidente da República na altura”, afirmou ao Público, numa alusão a Aníbal Cavaco Silva. Para já, os comunistas estão confiantes e focados em reforçar o apoio do eleitorado português. “Aquilo que é verdadeiramente decisivo é saber a força com que o PCP e a CDU saem das legislativas”, afirmou o líder parlamentar do partido. Para o PCP, a solução política ideal “não é a de um Governo minoritário do PS” — é ele próprio ser Governo.
Nunca será por falta do PCP que as condições de vida e de trabalho dos portugueses deixam de avançar.
Numa segunda parte da entrevista, João Oliveira disse que uma das bandeiras do partido para 2019 será o aumento do salário mínimo. E o valor já está escolhido: os comunistas querem que aumente para os 650 euros mensais, segundo o Público. O tema deverá marcar, já num futuro próximo, as negociações do próximo Orçamento do Estado. “A perspetiva que nós consideramos é que, no Orçamento de 2019, o salário mínimo devia ser fixado em 650 euros”, disse João Oliveira. Recorde-se que Confederação Empresarial de Portugal (CIP) já admitiu o aumento do vencimento mínimo em Portugal para um patamar acima dos 600 euros.
Por fim, a contagem do tempo de carreira para efeitos de progressão salarial dos professores, que é um dos temas mais quentes da agenda política atual, não passou ao lado do deputado. Ao Público, João Oliveira endureceu o discurso para afirmar que este ainda é um problema “por resolver”. E não escondeu que há tensão entre o PCP e o Governo de António Costa: “A tensão com o Governo mantém-se na medida em que há problemas para resolver e eles não se resolvem. O Governo faz opções de colocar como prioridades aquelas que não são as do país”, acusou. Sublinhou também que a decisão de aprovar ou chumbar o Orçamento do Estado ainda não está fechada: “Não há Orçamentos aprovados nem chumbados à partida. Há um exame comum que é preciso fazer”. Um alerta para o primeiro-ministro.
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