Quanto poupar para ter uma reforma idêntica ao salário?
Quem está a 20 anos da idade da reforma terá de poupar cerca de um terço do ordenado bruto para garantir uma pensão igual ao salário, segundo as contas da Associação de Defesa do Consumidor - DECO.
Os números não deixam margem para dúvidas: com uma população envelhecida – em que há mais dinheiro a sair da Segurança Social para pagamento de pensões do que a entrar –, assegurar que não há grandes alterações financeiras na reforma implica ter de poupar, ou seja, garantir um complemento. E quanto mais cedo começar, melhor.
Segundo os cálculos da DECO, quer ganhe cerca de 1.500 euros ou 3.000 euros brutos e esteja a 10 ou 20 anos de se reformar, pode contar com uma perda de rendimento que andará na ordem dos 30%.
Por exemplo: quem tem um ordenado atual de 1.500 euros, e está a 20 anos da reforma, poderá contar com uma perda de rendimento de 638 euros. Assim, e de acordo com as contas da DECO, necessitaria de 69.500 euros para pelo menos durante 10 anos assegurar que mantinha o mesmo valor de ordenado. Para conseguir esse montante terá de poupar e investir, por mês, cerca de 237 euros.
Já num cenário de uma pessoa que ganhe cerca de 3000 euros brutos, e esteja a cerca de 10 anos da idade da reforma, a pensão estimada será de 2.553 euros. Ou seja, menos 447 euros, que terá de garantir através de poupança.
Estes cálculos assumem uma remuneração de 4% ao ano da poupança e um crescimento salarial de 2% ao ano. Os valores considerados no salário são brutos, isto é, sem o efeito das retenções de IRS conforme seja casado, não casado, único titular, dois titulares, com ou sem dependentes. No entanto, e a título de exemplo, um trabalhador com um vencimento de 1.500 euros brutos, em que a retenção na fonte seja feita através do regime casado dois titulares, e com dois dependentes, o seu rendimento líquido rondará os 1.100 euros.
E é para este cenário de perda de rendimento que o economista da DECO, António Ribeiro, diz que os portugueses não se estão a preparar, muito também devido à fraca capacidade de poupança das famílias. “Para a maioria das pessoas já é difícil poupar para projetos de curto prazo, quanto mais para constituir uma poupança de longo prazo”, afirmou o economista, em declarações ao ECO.
António Ribeiro destaca, no entanto, a necessidade de se começar a poupar o quanto antes, uma vez que “quanto mais cedo iniciar uma poupança de longo prazo, menor será ao esforço financeiro que terá de fazer para obter um determinado montante”. E deixa como exemplo a diferença entre começar a poupar aos 30 ou aos 50 anos. “Se começar aos 30 anos com 50 euros por mês, consegue acumular 62.612 euros até aos 67 anos, supondo que aplica num produto que rende 5%. Para obter esse montante, mas iniciando apenas aos 50 anos, teria que poupar 210 euros por mês, ao mesmo rendimento”, adiantou António Ribeiro.
Onde investir?
A maioria dos portugueses é conservadora quando se fala de aplicar o seu dinheiro, dando preferência a produtos de baixo risco e com capital garantido. No entanto, estes tendem também a oferecer retornos mais baixos. Tratando-se de poupança de longo prazo, questionámos o economista da DECO sobre quais os melhores produtos para aplicar o dinheiro da reforma. Para António Ribeiro, dependendo da idade, a reforma pode ser preparada com vários produtos financeiras de capital garantido ou não: fundos de investimento, ações, seguros de capitalização ou dívida pública.
No entanto, destaca os Planos Poupança Reforma (PPR) – que podem assumir a forma de seguro ou de fundo de investimento –, como um produto que oferece mais vantagens. “Permitem poupar de forma regular e a partir de montantes muito baixo; são, em si, uma forma diversificada de investir; além disso, têm benefícios fiscais pelo facto de serem utilizados para a reforma”, adiantou. Mas não basta escolher um PPR qualquer, é necessário escolher um adequado ao tipo de risco que está disposto a correr.
Para quem tem menos de 57 anos, a recomendação recai num “PPR sob a forma de fundo de investimento com uma componente de ações e, como tal, sem capital garantido”, mas que tem um “maior potencial de rendimento a longo prazo”. Já quem está a 10 anos ou menos da reforma, “deverá aplicar ou transferir para um PPR de capital garantido, de forma não correr o risco de perder o que entretanto levou anos a acumular”, concluiu o economista.
Para que os portugueses possam simular qual será o valor da sua pensão quando entrarem na idade da reforma, a Segurança Social lançou um simulador, com uma modalidade de cálculo automático e outra à medida. Aqui, os trabalhadores podem ficar com uma ideia de qual será a perda de rendimento esperada e, perante essa informação, começar a poupar de modo a garantir que na idade da reforma irá conseguir, pelo menos, manter o mesmo valor do salário.
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