AEP critica “desarticulação” ibérica quanto à política de investimentos na ferrovia
O presidente da Associação Empresarial de Portugal defende “entendimentos” que evitem que se opte por opções que, depois, se venham a revelar pouco rentáveis.
A Associação Empresarial de Portugal (AEP) criticou esta quarta-feira a “desarticulação” entre os governos português e espanhol relativamente às ligações ferroviárias ibéricas à Europa, defendendo “entendimentos” que evitem opções que se venham a revelar pouco rentáveis.
Em declarações à agência Lusa, na sequência de um recente encontro com o Círculo Financiero de Galicia, que representa o setor empresarial e financeiro do noroeste de Espanha, o presidente da AEP, Paulo Nunes de Almeida, disse que “relativamente à ferrovia” as duas entidades “comungam da mesma opinião”.
“Apesar de hoje [quinta-feira], quer os produtos produzidos na Galiza, quer em Portugal — especialmente na região mais exportadora que é o norte –, serem transportados para a Europa (onde estão os nossos principais mercados) através da rodovia, todos temos consciência que a médio longo prazo essa situação vai alterar-se por questões de sustentabilidade e ambientais”, disse Nunes de Almeida.
Salientando que a política de investimentos na ferrovia no mercado Ibérico é uma das áreas onde as duas entidades consideram “importante ter uma política partilhada”, entre Portugal e Espanha, o dirigente associativo disse ser entendimento de ambas que “quer do lado português, quer do lado espanhol, não foram tomadas as medidas atempadas para que pudéssemos ter já definido qual será o plano de médio longo” prazo.
Assim, se Portugal definiu já “o corredor sul, que sai de Sines e se vai ligar com Espanha”, não conseguiu ainda “encontrar uma convergência relativamente ao que seria o corredor norte”.
“A AEP e outros intervenientes, como o Conselho Empresarial do Centro e a própria CIP, defendem que a aposta devia ser claramente numa linha Aveiro-Vilar Formoso, com grande parte dessa linha nova, porque esse é que seria o corredor natural para escoar produtos, quer da região norte, quer da região centro”, recordou.
Contudo, “o Governo optou por fazer investimentos na linha da Beira Alta, que depois vai ligar a Vilar Formoso”, enquanto “do lado de Espanha os galegos consideram também prioritária uma linha que saia da Corunha, vá a Ourense, e depois desvie para apanhar a linha que vai para França, perto de Leon”.
“Ou seja, eles querem, no fundo, um novo corredor ferroviário que permita escoar toda a produção da Galiza através de uma linha que vem de cima e que depois inflete para França, o que implica que, se efetivamente eles avançarem com essa linha, nós tenhamos também que pensar numa eventual ligação através da linha do Minho”, disse.
Para Nunes de Almeida, é essencial que Portugal e Espanha cheguem “a um entendimento relativamente a estas opções que vão ser tomadas e a uma política articulada relativamente à ferrovia, naquilo que tem a ver com as ligações com a Europa”.
“Tem que haver um contacto a nível político no sentido de definir qual é a melhor linha. Não podemos passar de uma situação em que nada existia, para passarmos a ter uma proliferação de linhas que, depois, do ponto de vista económico acabam por não ter rentabilidade”, sustentou.
“Tudo está em cima da mesa, o que não queremos é uma política desarticulada como tem acontecido até aqui, porque essa não serve os interesses das duas regiões mais exportadores que são a região norte e a região centro”, rematou.
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