“Não se distribui dividendos porque se acha que sim”, diz Macedo. CGD quer devolver ajuda com “prudência”
Presidente da Caixa diz que nem percebe a questão dos dividendos da Caixa porque sempre disse que quer voltar a remunerar o acionista. Mas falou em "aproveitamento político" do tema.
Paulo Macedo, presidente da Caixa Geral de Depósitos (CGD), não percebe a questão do pagamento de dividendos pelo banco público, até porque é sua missão devolver aos contribuintes o dinheiro público que foi injetado na instituição. Mas “não se distribui dividendos porque se acha que sim”, disse, salientando que quer fazer essa devolução “de forma gradual e prudente”.
“Não percebo muito bem essa questão”, a de voltar a pagar dividendos ou não, disse Macedo na conferência “O Futuro do Dinheiro”, organizado pelo Dinheiro Vivo e TSF. “Desde que cheguei à CGD a primeira coisa que disse era que tínhamos a missão de devolver dinheiro aos acionistas. É que nem percebo qual é a dúvida”, referiu ainda.
“Depois há é uma questão de aproveitamento político, se os dividendos são para o Orçamento do Estado ou se não são. É claro que sim, se é para o acionista, os portugueses, que puseram dinheiro na Caixa”, considerou Paulo Macedo.
O Orçamento do Estado para 2019 prevê a arrecadação de dividendos da parte do Banco de Portugal e da CGD no valor de 741 milhões de euros, dinheiro que vai contribuir para a redução do défice para 0,2% do PIB no próximo ano. Em relação apenas ao banco do Estado, Ricardo Mourinho Félix adiantou em entrevista ao Jornal Económico que o Governo espera obter dividendos no valor de 200 milhões.
Macedo lembrou, porém, que “não se distribui dividendos porque se acha que sim”. “Depende de vários fatores”, notou. “Depende daquilo que se chama de distributable amounts, de saber qual é o montante passível de ser distribuído a terceiros. Depois há um montante mínimo de capital em termos de core e em termos total e só pode ser distribuído acima desse montante. Depois é preciso haver um buffer de capital para os testes de stress. Os bancos portugueses fizeram novamente stress tests e ninguém vai distribuir dividendos (…) sem ter stressado o seu capital em condições adversas”, elencou.
Recordou ainda que no caso da CGD, além da autorização do Banco Central Europeu (BCE), pagar dividendos vai depender a aprovação ou não da autoridade de concorrência europeia, a DG Comp.
“Só cumprindo estas condições é que podemos pagar dividendos”, rematou, frisando que espera devolver dinheiro aos contribuintes “gradualmente e numa perspetiva de prudência”.
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