Haver “bancos tradicionais a valerem menos que algumas fintechs dá ideia de novas fontes de risco”
Governador do Banco de Portugal diz que a Zona Euro tem hoje em dia mais equipamentos para enfrentar crises no sistema financeiro, mas vê alguns elementos perturbadores no horizonte, com as fintech.
Carlos Costa defende que a Zona Euro está mais bem equipada para dar resposta a crises futuras no sistema financeiro, mas diz que há “alguns” elementos de perturbadores começam a “perfilar-se no horizonte”, tal como o crescimento das fintech e da digitalização da economia.
“Apesar de ser sempre difícil antecipar de onde vão surgir novos elementos de perturbação da estabilidade, alguns começam a perfilar-se no horizonte, seja no shadow banking, nas áreas do branqueamento de capitais, ou no mundo ainda desregulado das fintechs e do desenvolvimento digital”, disse o governador do Banco de Portugal na conferência sobre os “4 anos de Mecanismo Único de Supervisão: lições e desafios”.
“O facto de alguns grandes bancos tradicionais, sujeitos a regulação intensa, valerem hoje menos em bolsa do que algumas fintechs dá uma ideia das novas potenciais fontes de risco”, destacou.
Mas o digital não é o único desafio imediato para os supervisores, acrescentou Carlos Costa. Falou do elevado nível de crédito malparado no sistema financeiro, mas o governador do Banco de Portugal sublinhou sobretudo o movimento de concentração no mercado financeiro na Europa, com cada vez mais fusões e aquisições entre os bancos, o que “comporta riscos que não podemos ignorar”.
“A concomitante aceleração de movimentos de concentração bancária transfronteiriça será neste contexto uma realidade a prazo. Esse processo de concentração será tão mais rápido quanto menos preparados estiverem os bancos para concorrer no espaço europeu”, disse, repetindo a ideia de que os bancos nacionais têm de ganhar escala e rentabilidade para enfrentar outras instituições financeiros internacionais.
Neste ponto, adiantou que “importará avaliar quais as necessidades de investimento e onde apostar para concorrer num mercado em que a delimitação da fronteira nacional é cada vez menos relevante, tendo como pano de fundo a discussão sobre a localização dos centros de decisão”.
No discurso de abertura da conferência sobre os quatro anos do Mecanismo Único de Supervisão, Carlos Costa disse que é fundamental que se crie “no prazo mais curto possível” um mecanismo europeu de garantia de depósitos e uma backstop para o Fundo Único de Resolução (FUR).
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