Fundo 200M fecha primeira operação. Biosurfit foi a empresa escolhida
Em coinvestimento com a sueca Boule, o Fundo 200M concluiu a sua primeira operação. A portuguesa Biosurfit, que desenvolve e comercializa testes de diagnóstico in vitro, foi a empresa selecionada.
Dois anos depois de ter sido lançado, em 2016, em plena edição de estreia do Web Summit, o Fundo 200M concluiu a operação de estreia. A startup portuguesa Biosurfit, que desenvolveu e comercializa testes de diagnóstico in vitro, foi a primeira a receber no seu capital dinheiro deste fundo, que é alimentado pelo Portugal 2020.
A lógica de funcionamento do 200M é de matching fund. Assim, o fundo gerido pela PME Investimentos injeta cinco milhões de euros na Biosurfit e a Boule Diagnostics, uma empresa sediada na Suécia que desenvolve, fabrica e vende sistemas completos de contagem de células sanguíneas, investe outros cinco milhões de euros — numa lógica de cofinanciamento — e fica detentora de 24,99% do capital da startup. O acordo entre as duas empresas foi assinado na passada sexta-feira, segundo o comunicado da empresa sueca.
A parceria, refere o mesmo comunicado, inclui um acordo em termos de distribuição global, numa primeira fase, no qual o produto vai ser comercializado através da organização da Boule e dos seus canais de distribuição em diversos países. Ao longo do tempo está previsto que a parceria venha a evoluir de modo a incluir um desenvolvimento conjunto de produto, colaboração na produção e contratação.
A empresa fundada em 2006, junto da Universidade de Aveiro, desenvolveu a tecnologia spinit que permite, com um só equipamento, fazer os três maiores tipos de análises ao sangue, em áreas como hematologia, imunoensaios e química clínica. Em cinco minutos é possível avaliar os níveis de colesterol no sangue ou o número de glóbulos brancos, sem a necessidade de recorrer a um laboratório. Desde o ano passado, a startup já está em 20 países com cerca de 500 equipamentos spinit vendidos. Agora a meta é vender ainda mais, um objetivo que a Boule poderá ajudar a alcançar.
“A candidatura ao 200M foi apresentada pela Boule“, explicou ao ECO, o presidente da PME Investimentos, sublinhando que é essa a regra — são os coinvestidores que se candidatam, apresentando uma empresa sediada em Portugal. “A candidatura foi apresentada em outubro, pouco depois de terem sido abertas oficialmente as candidaturas ao fundo, mas depois de ter sido oficialmente submetida demorámos cerca de dois meses e meio a concluir o processo”, acrescentou Marcos Fernandes.
O responsável explicou que, para agilizar os processos, o Fundo 200M atribui um gestor a cada projeto assim que o coinvestidor se regista na plataforma do fundo e preenche a candidatura. O processo vai sendo acompanhado a par e passo para evitar erros ou perdas de tempo e, quando está tudo correto, é submetida oficialmente a candidatura. O processo é depois analisado e sujeito à avaliação do comité de investimento.
Mais 17 milhões de euros em pipeline
Marco Fernandes garante que esta é a primeira operação, mas há mais três que já submeteram a candidaturas. “É um pipeline interessante”, assegura. Em causa está mais um projeto na área da saúde e das biotecnologias e outros dois na área das tecnologias de informação. Os coinvestidores são franceses, alemães e belgas e os investimentos rondam os 17 milhões de euros — 8,5 milhões do Fundo 200M e outros 8,5 milhões destes investidores.
O responsável espera, dentro de um ano, já ter esgotado a dotação do fundo e, nessa altura, avaliar-se a possibilidade de fazer um reforço dos 100 milhões que recebeu da Instituição Financeira de Desenvolvimento, mais precisamente do seu fundo de capital que, por sua vez, é financiado pelo Portugal 2020.
Biosurfit soma apoios
Quanto à empresa de João Garcia da Fonseca, esta não é a primeira vez que conta com apoios, incentivos e empréstimos ao longo dos anos. Para construir a fábrica da Azambuja — que dotou a empresa de uma estrutura para a produção dos seus equipamentos –, a Biosurfit conseguiu um apoio de 3,81 milhões de euros do Compete, o programa operacional do Portugal 2020 direcionado para as empresas. A fábrica representava um investimento de 10,3 milhões, sendo que 6,36 foram considerados elegíveis, em 2015, para apoio dos fundos estruturais.
Por outro lado, a empresa contraiu, em 2015, um empréstimo de 12 milhões de euros junto do Banco Europeu de Investimento ao abrigo do Plano Juncker. Sendo que a segunda tranche deste empréstimo (seis milhões) foi paga em 2017. O ECO sabe que, no início deste ano houve um top de mais cinco milhões de euros.
De sublinhar que a Biosurfit tem ainda entre os seus acionistas a Portugal Ventures, gestora de capital de risco do Estado, e a Caixa Capital.
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