Maduro admite antecipar legislativas na Venezuela, mas recusa nova eleição presidencial
Entretanto, o autoproclamado Presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, pediu mais sanções da União Europeia UE contra o regime de Maduro.
O Presidente venezuelano disse esta quarta-feira ser a favor de eleições legislativas antecipadas para acabar com a crise política do país, mas recusou a hipóteses de novo escrutínio presidencial, em declarações à agência de notícias estatal russa RIA Novosti.
“Seria muito bom realizar eleições parlamentares mais cedo, seria uma boa forma de discussão política, uma boa solução pelo voto popular”, disse Nicolás Maduro, no dia em que estão previstos protestos convocados por Juan Gaidó.
Maduro, contudo, rejeita a hipótese de uma nova eleição presidencial. “As eleições presidenciais ocorreram há menos de um ano, há dez meses”, sublinhou.
“Não aceitamos os ultimatos de ninguém no mundo, não aceitamos chantagens. As eleições presidenciais tiveram lugar na Venezuela e, se os imperialistas querem novas eleições, devem esperar por 2025″, avisou.
O Presidente da Venezuela reiterou ainda a sua vontade de dialogar com a oposição e que as negociações podem ser mediadas por outros países.
Não aceitamos os ultimatos de ninguém no mundo, não aceitamos chantagens.
As declarações de Nicolás Maduro em entrevista à agência de notícias estatal russa RIA Novosti surgem em plena crise política, que se agravou em 23 de janeiro, quando o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se autoproclamou Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.
Maduro disse à RIA Novosti que está “disposto a sentar-se para conversar com a oposição em prol da paz e do futuro da Venezuela”. A Rússia é um dos países que apoiam Maduro e que se ofereceu para mediar o conflito.
Já na segunda-feira, num encontro no palácio presidencial de Miraflores, com diplomatas que regressaram de diferentes sedes consulares e da embaixada venezuelana nos EUA, Maduro expressou a sua disponibilidade para negociar com a oposição.
“Estou pronto, uma vez mais, para onde for, iniciar uma ronda de conversações, diálogo, negociações, com toda a oposição venezuelana, com um só objetivo: a paz, o entendimento e o reconhecimento mútuo”, disse, então.
Hoje, as palavras de Maduro são tornadas públicas precisamente no dia em que Guaidó convocou os venezuelanos para realizarem ações de protesto nos escritórios, casas, postos de trabalho e transportes públicos.
Através de um vídeo que publicou na sexta-feira na rede social Twitter, Juan Guaidó convocou uma grande manifestação para hoje e para o próximo sábado, apelando aos venezuelanos para realizarem as ações de protesto, entre as 12:00 e as 14:00 horas locais (entre as 16:00 e as 18:00 horas em Lisboa).
A autoproclamação de Juan Guaidó, de 35 anos, contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos, depois de ter prometido formar um governo de transição e organizar eleições livres.
Nicolás Maduro, de 56 anos, no poder desde 2013, recusou o desafio de Guaidó e denunciou a iniciativa do presidente do parlamento como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos.
A UE fez um ultimato a Maduro para convocar eleições nos próximos dias, prazo que Espanha, Portugal, França, Alemanha e Reino Unido indicaram ser de oito dias, findo o qual os 28 reconhecem a autoridade de Juan Guaidó e da Assembleia Nacional para liderar o processo eleitoral.
A repressão dos protestos antigovernamentais da última semana causou 35 mortos, de acordo com várias organizações não-governamentais.
Esta crise política soma-se a uma grave crise económica e social que levou 2,3 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, segundo dados da ONU.
Na Venezuela, antiga colónia espanhola, residem cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes.
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