Na mesa do recrutador: Mara Ângelo, d’A Padaria Portuguesa
É diretora de recursos humanos d'A Padaria Portuguesa há um ano e gere uma equipa com mais de 1.200 pessoas. Fomos espreitar a mesa de trabalho de Mara Ângelo.
Passam poucos minutos das 13 horas e, por isso, todos os lugares na sede d’A Padaria Portuguesa, na rua Barata Salgueiro, em Lisboa, estão vazios. Todos menos o de Mara Ângelo, diretora de recursos humanos da cadeia de padarias fundada por Nuno Carvalho em 2010, que nesse dia tem encontro marcado para a mesma hora. É que às 13h para-se para almoçar e ninguém escapa ao descanso.
Estudou Letras e ainda deu aulas mas, por falar inglês, surgiu a oportunidade de integrar a equipa da NetJets, “uma grande escola”. Começou pela equipa de operações onde trabalhou quatro ou cinco anos para, depois, ser integrada no departamento de recursos humanos.
Um dia, Nuno Carvalho ligou-lhe para saber se estaria disponível e interessada em mudar. Há precisamente um ano integrou a equipa d’A Padaria Portuguesa como diretora de recursos humanos. E, ainda que na sede a equipa não ultrapasse as 30 pessoas, Mara gere mais de 1.200, divididas entre a fábrica e a mais de 50 lojas Padaria Portuguesa na região da Grande Lisboa.
“É um desafio, mas ‘desafio’ não é palavra politicamente correta que às vezes utilizamos para problema. É um desafio na verdadeira essência, porque queremos chegar às pessoas com a mesma qualidade e rigor como se fossem só cinco ou seis”, explica, enquanto aponta para a parede da entrada onde está afixada a escala de limpeza da copa, responsabilidade repartida por todos.
Mara Ângelo reconhece que esse trabalho de equipa se reflete em tudo o que a empresa faz e que, por isso, um dos grandes desafios é encontrar talento. “Não é só competência técnica, é sobretudo a atitude. A parte técnica nós ensinamos, porque fizemos uma academia até para isso. A parte da atitude também se treina, esta coisa do “ou se tem, ou não se tem” não é bem assim. Mas encontrar estas duas frentes na mesma pessoa é sempre o grande desafio”.
É um desafio na verdadeira essência, porque queremos chegar às pessoas com a mesma qualidade e rigor como se fossem só cinco ou seis.
Num setor de enorme rotatividade de recursos humanos, a Padaria tem trabalhado para aumentar a taxa de retenção, garante a responsável. “Se falarmos de lojas com mais turismo, é um trabalho de loja mais intenso, com mais rotação mas, em termos percentuais, diria que há lojas em que temos 1%. (…) É claro que depois nas funções de base, dada à natureza da função, há maior rotatividade dos cargos. Se é uma coisa alarmante? Não é”, diz.
Livros
São presença assídua durante todo o ano, para consulta, inspiração ou formação. E ainda que não saiba quantos lê por ano, Mara Ângelo tem uma certeza: prefere ler livros em papel do que eu formato digital. Na mesa o Leading Teams “porque tem a parte de desenvolvimento de pessoas e de liderança mais pura” e, por outro lado, o Código do Trabalho, “porque tem de haver rigor”. “Não se pode de falar de desenvolvimento de equipas ou liderança se não assegurarmos aquilo que, como eu costumo dizer, é o ‘pão com manteiga’”.
Pão de Deus
Calórico mas um “reconforto para a alma”, o pão de Deus d’A Padaria é um dos mais emblemáticos produtos da empresa desde o dia 1. A presença na mesa da recrutadora foi inevitável (apesar de não ser diária), Aquilo que nós queremos que os nossos clientes sintam todos os dias nas lojas: que vão mais do que tomar o pequeno-almoço, vão ali confortar a alma”.
Fotografia
É uma lembrança do primeiro arraial de Mara na Padaria Portuguesa e a garantia de voltar à base. Chegada à empresa em abril de 2018, Mara teve dois meses para se preparar para o arraial que “fazia brilhar os olhos de todos com quem conversava”. Porquê? É o único dia do ano em que as lojas fecham todas às 18h. “Ali, toda a gente é igual: não há o lodo – uma expressão muito de retalho -, não há responsabilidade nem preocupação. As famílias têm celebrações como os batizados, os aniversários, os casamentos… E nós temos o arraial”.
Presépio
“Lembrar-me do que é essencial, todos os dias”. O presépio foi um presente de Natal de uma pessoa da equipa e Mara percebeu que era “o objeto que aqui faltava”. “O essencial é invisível aos olhos mas há objetos que são âncoras que nos fazem lembrar disso”, explica. Por isso é que está em cima da mesa.
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