Cotec teme que 5G se torne num “pesadelo” para as empresas. Defende normas de cibersegurança
A digitalização e a conectividade das empresas "requer algum cuidado, nomeadamente contra ciberataques”, alerta Isabel Furtado.
A Associação Empresarial para a Inovação (Cotec Portugal) admitiu temer que os riscos associados às redes móveis de quinta geração (5G) se tornem num “pesadelo” para as empresas portuguesas, defendendo a criação de normas de cibersegurança.
“O 5G pode ser uma coisa fantástica, mas se não tivermos o cuidado necessário com a segurança e a cibersegurança […] é uma ameaça que se pode tornar num pesadelo”, afirmou em entrevista à Lusa a presidente da Cotec Portugal, Isabel Furtado.
Falando a propósito do XIII Encontro Cotec Europa – que decorre em Nápoles e junta líderes empresariais e figuras institucionais dos três países com esta associação (Portugal, Itália e Espanha) -, a responsável notou que o 5G é, para já, um “mundo de incógnita” e, “se for mal utilizado, pode ser um problema grave”.
“Todas as empresas podem ser afetadas”, apontou Isabel Furtado.
Segundo a presidente da Cotec Portugal, o 5G representa “mudanças e conectividade rápida, eficiente e tridimensional”, o que “é ótimo”.
Contudo, “os riscos advêm dessa mesma rapidez de conectividade e de ter livros abertos, quer a clientes, quer a fornecedores, […] nomeadamente na proteção intelectual, industrial e do conhecimento”, assim como na questão dos dados pessoais, elencou.
“Tudo isso tem de estar bem protegido”, salientou Isabel Furtado.
A cibersegurança é, inclusive, uma das prioridades atuais da Cotec, estando a associação a promover ferramentas de prevenção e boas práticas junto das empresas.
“A digitalização e a conectividade das empresas, quer com os seus clientes, quer com os seus fornecedores, e ao longo da cadeia produtiva, também requer algum cuidado, nomeadamente contra ciberataques”, referiu Isabel Furtado.
A associação defende que as empresas portuguesas devem garantir que as suas informações estão “confortavelmente protegidas contra esses ataques”, tanto no que toca aos dados “dentro de portas” como aos que são partilhados “com o exterior”.
Apesar de considerar que as companhias estão, “seguramente, mais conscientes” sobre os ataques cibernéticos, a responsável notou que “a maioria não está preparada” para esses casos.
“A maioria das empresas ainda não vê o ataque informático como uma ameaça muito grande no seu todo, embora já tenha havido, recentemente, ataques a empresas […] que puseram em risco dados confidenciais que elas tinham”, adiantou.
A questão da cibersegurança está na ordem do dia devido às suspeitas de espionagem que recaem sobre a fabricante chinesa Huawei no desenvolvimento de equipamentos 5G.
A Cotec é a associação empresarial portuguesa para a promoção da inovação e cooperação tecnológica. Abrange multinacionais, grandes grupos e pequenas e médias empresas (PME), representando mais de 16% do produto interno bruto (PIB) nacional e cerca de 8% do emprego no setor privado.
Hoje, decorre em Nápoles o encontro anual das associações nacionais para a inovação e desenvolvimento dos países mediterrânicos (Itália, Espanha e Portugal), visando discutir a introdução das novas tecnologias digitais no Estado.
O objetivo é delinear planos de ação comuns para a administração pública numa altura marcada por grandes mudanças industriais e tecnológicas.
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