Este verão vai ser “bastante difícil” por razões externas à TAP
Miguel Frasquilho diz que o "aeroporto [de Lisboa] é o que é e os congestionamentos são aquilo que nós conhecemos". É fundamental avançar com o Montijo.
O chairman da TAP disse, em entrevista à Lusa, que o verão “vai ser bastante difícil” para a companhia devido a razões externas e adiantou que haverá um “problema sério” se o projeto do aeroporto no Montijo não avançar.
“Sabemos que este verão vai ser bastante difícil e vai ser bastante difícil sobretudo por razões externas à TAP”, afirmou o presidente do Conselho de Administração da companhia aérea, Miguel Frasquilho.
“O aeroporto [de Lisboa] é o que é e os congestionamentos são aquilo que nós conhecemos (…). No ano passado tivemos congestionamentos internos que impactaram” a companhia aérea, quer em termos de pontualidade, quer em termos de cancelamento de voos, disse.
No entanto, com a contratação de efetivos que tem sido feita, de um modo geral, a situação tem sido colmatada.
Mas “é evidente que quando o número de voos aumenta os constrangimentos sentem-se mais. Foi o que aconteceu no mês de abril, onde a pontualidade que a TAP tinha vindo a ter, a níveis este ano bastante positivos, acima de 80% até março”, caiu, referiu.
“É fundamental que haja – não tendo sido tomada a decisão de ter um novo aeroporto de raiz – (…), num horizonte não muito distante, uma infraestrutura aeroportuária que possa complementar o aeroporto Humberto Delgado“, defendeu Miguel Frasquilho, apontando que designa o Montijo como o “terminal três”.
“Do ponto de vista da libertação de capacidade aqui no aeroporto Humberto Delgado [em Lisboa], os terminais um e dois […], é muito importante que o aeroporto complementar, neste caso” no Montijo, “possa ver a luz do dia o mais rapidamente possível”, salientou, esperando que a análise do estudo de impacto ambiental seja positiva para que “possa entrar em funcionamento em 2022”.
Se tal não acontecer, “teremos um problema sério” e “não é só para a TAP, é para o país”, afirmou Miguel Frasquilho.
"É fundamental que haja – não tendo sido tomada a decisão de ter um novo aeroporto de raiz – (…), num horizonte não muito distante, uma infraestrutura aeroportuária que possa complementar o aeroporto Humberto Delgado.”
O chairman da companhia aérea disse que há um empenho de várias entidades em resolver a atual situação do aeroporto de Lisboa e destacou o despacho recente do Governo “autorizando o encerramento formal da chamada pista 13/35, que é uma pista secundária do aeroporto Humberto Delgado, na qual apenas passaram 0,1% dos voos todos realizados no ano passado”.
Frasquilho recordou que “o Governo concedeu à ANA [gestora dos aeroportos] um mês para apresentar o calendário de execução das obras”, salientando que é de prever que no verão de 2020 “possam ser sentidas as melhorias decorrentes desses trabalhos”.
No entanto, apesar das obras, vai haver “um ponto no tempo, em 2022/2023”, em que a capacidade do aeroporto de Lisboa “voltará a ficar esgotada”.
E é precisamente nessa altura que vai ser “fundamental” que o complemento do Montijo esteja operacional, sustentou.
O presidente do Conselho de Administração disse que “a TAP não pensa sair do aeroporto Humberto Delgado, até porque a maior parte” dos seus voos são de conexão.
Relativamente aos constrangimentos no aeroporto da capital devido a falta de pessoal do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), Miguel Frasquilho afirmou que tem mantido contactos tanto com a diretora como com o Ministério da Administração Interna, salientando que em abril foram admitidos mais de 20 novos inspetores e que serão admitidos outros antes do verão.
Sobre o aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto, o chairman salientou que a TAP tem vindo a aumentar desde 2018 o número de voos a uma média de três em cada ano e apontou que a operação de ponte aérea está em 2019 a correr bastante melhor do que no ano anterior.
Quanto às novas rotas da TAP, Miguel Frasquilho garantiu que as dos Estados Unidos, “em termos de vendas, estão a correr bastante bem”, tal como o recente voo para Telavive (Israel), lembrando que a ligação a Chicago se iniciará em 01 de junho, seguindo-se São Francisco no dia 10 e Washington no dia 16.
O chairman acrescentou que é “intenção no próximo ano, nos dois próximos anos, acrescentar mais três destinos” aos Estados Unidos. “É isso que neste momento está sobre a mesa, sem prejuízo depois de haver ainda novas atualizações, mas serão, previsivelmente, em 2020, Los Angeles, Houston e Atlanta”, afirmou.
“Eu diria que os Estados Unidos estão a consolidar a área, a ter uma posição de inegável importância para a evolução da atividade da TAP”, referiu, acrescentando que é também objetivo “voar para Montreal num dos num dos próximos anos”, ficando assim “a América do Norte bastante composta em termos de cobertura pela TAP”.
Sobre a greve dos motoristas de matérias perigosas, que levou a TAP a tecer um plano de contingência, Miguel Frasquilho garantiu que não houve grande impacto na companhia.
Questionado sobre a possibilidade de construção de um gasoduto para abastecer o aeroporto, Miguel Frasquilho considerou tratar-se de uma solução interessante.
O responsável abordou ainda a importância da segurança para a companhia, que define como “o maior ativo que a TAP tem”.
“A segurança é para nós inegociável em qualquer situação que se possa pensar, seja por ventos, seja por condições do aeroporto, seja pelo que for. A segurança é absolutamente primordial. A segurança é fundamental para que qualquer companhia aérea possa operar, do meu ponto de vista, e para nós é absolutamente inegociável”, reforçou.
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