Corte da Google à Huawei pode mudar mercado nacional. Marca é a que mais vende nas lojas portuguesas
O corte de relações entre a Google a Huawei tem pouco impacto nos utilizadores atuais, mas pode provocar uma transformação no mercado português.
O impacto para os utilizadores ainda é limitado. Mas a guerra aberta entre os EUA e a China, que levou a Google a cortar relações comerciais com a tecnológica Huawei, pode ter implicações sérias a médio prazo no mercado de smartphones português, segundo informações recolhidas pelo ECO.
Em causa está o facto de a empresa chinesa ser líder na venda de smartphones em Portugal. Só no primeiro trimestre do ano, conquistou uma fatia de 35% das vendas unitárias de telemóveis, com os consumidores nacionais a comprarem 220.000 smartphones da marca chinesa.
Os dados foram avançados ao ECO pela consultora IDC e têm em conta um universo de 631.723 smartphones vendidos em Portugal entre janeiro e março — para comparação com a quota da Huawei, a Samsung conquistou uma quota de cerca de 30% do mercado, enquanto a Apple ficou em terceiro lugar no pódio, com uma fatia de quase 11%.
Depois de o Governo norte-americano ter posto a Huawei na lista negra das exportações, tornou-se praticamente impossível à empresa chinesa completar transações com as pares norte-americanas. Face a isto, a Google viu-se obrigada a suspender o fornecimento de hardware, software e serviços técnicos à empresa, uma decisão que pode ameaçar severamente o negócio da empresa na Europa.
Na prática, os utilizadores com telemóveis Huawei em todo o mundo deixarão de receber, de imediato, as atualizações ao sistema operativo Android que sejam lançadas pela Google. Isto implica que, com o tempo, os smartphones da marca poderão ficar mais sujeitos a diversas vulnerabilidades que são detetadas e corrigidas pela Google, sem prejuízo de a Huawei continuar a lançar os seus próprios pacotes e mitigar o problema desta forma, como já anunciou que vai fazer.
Contudo, o principal impacto será nos novos telemóveis que estejam a ser desenvolvidos pela marca, uma vez que a Google já não deverá licenciar serviços como a loja de aplicações Play Store, o browser Chrome ou a plataforma de vídeos YouTube, que deixarão de fazer parte destes aparelhos. E a Europa é um mercado de grande relevância para a empresa chinesa.
Decisão é “claramente” política
“A decisão vai ter um impacto, não no curto prazo, mas no médio e longo prazo”, disse ao ECO Francisco Jerónimo, vice-presidente associado do departamento de dispositivos da IDC no mercado da Europa, Médio Oriente e África. “Tudo depende do quão política for a decisão do Governo norte-americano. Claramente, é uma decisão política”, sublinhou.
Segundo o especialista, ainda é prematuro avaliar o impacto imediato destas informações. Mas é líquido afirmar que, caso se mantenha, poderão vir a verificar-se alterações profundas no mercado de smartphones na Europa, que é o principal mercado destes equipamentos da Huawei, a par com a China. Até porque, no Velho Continente, a Huawei tem pouco controlo sobre o ecossistema como um todo
Questionado sobre o que deve fazer quem tenha um smartphone Huawei, Francisco Jerónimo respondeu que, para já, não se deve fazer “nada”, uma vez que o principal impacto só será sentido nas próximas gerações de smartphones e, atualmente, “a Huawei já lançou a maioria dos smartphones” que tinha previsto para este ano.
Desta forma, só o tempo mostrará se os EUA e a China conseguirão alcançar um entendimento na guerra comercial, o que poderá levar a que a Google receba uma autorização governamental para continuar a fornecer tecnologia à empresa chinesa, evitando que esta crise se adense.
Huawei vai continuar a atualizar Android
A Huawei não se dá por vencida e prometeu esta segunda-feira que vai continuar a fornecer atualizações para o sistema operativo Android, a título próprio, apesar de deixar de receber estes pacotes de segurança a partir da Google.
“A Huawei continuará a fornecer atualizações de segurança e serviços pós-venda para todos os smartphones e tablets Huawei e Honor existentes, abrangendo os equipamentos vendidos e os que ainda estão em stock”, disse ao ECO fonte oficial da Huawei Portugal.
Além disso, a empresa recorda que é “um dos principais parceiros do Android a nível global” e que tem trabalhado para “desenvolver um ecossistema que tem beneficiado os consumidores e a indústria”. “Continuaremos a construir um ecossistema de software seguro e sustentável, a fim de fornecer a melhor experiência para todos os utilizadores globalmente”, frisou a mesma fonte.
Perante a notícia avançada pela Reuters este domingo, o Android publicou um comunicado no qual assegura que, apesar de estar a tomar medidas para ficar “em conformidade com os requisitos do Governo norte-americano”, está em condições de garantir que “os serviços como o Google Play e a segurança fornecida pelo Google Play Protect continuarão a funcionar nos dispositivos da Huawei existentes”. O comunicado exclui, no entanto, os próximos lançamentos da Huawei.
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