Do 0% aos 4,5%. Saiba como rentabilizar o subsídio de férias
Muitos portugueses já receberam ou preparam-se para ter depositado na conta o subsídio de férias. Dos depósitos às obrigações, fique a conhecer quatro formas de fazer crescer esse dinheiro.
O verão já chegou e muitos portugueses preparam-se para “ir a banhos”. O que muitas pessoas já têm ou preparam-se para ter no bolso é o subsídio de férias. Se para muitos, essa quantia representa um “balão de oxigénio” para os seus orçamentos ou para ajudar a fazer face às despesas das férias, para outros a solução poderá passar por rentabilizá-la.
Dos depósitos às obrigações há várias soluções de aplicação desse dinheiro vocacionadas para investidores menos adeptos a assumir riscos elevados. Fique a conhecer quatro dessas alternativas para o aplicar a partir de 1.500 euros e com remunerações que vão dos 0% ao 4,5%.
Não sendo indispensáveis para gastos mais imediatos, antes de avançar para qualquer investimento é recomendado aos aforradores que ponderem usar o subsídio de férias para constituir ou reforçar uma “almofada financeira de segurança” que lhes permita fazer face a eventuais imprevistos.
“Há muita gente que não tem um fundo de emergência para fazer face às despesas que podem aparecer repentinamente”, começa por lembrar António Ribeiro, economista da Proteste Investe, salientando que “é mesmo importante, antes de partir para outros investimentos mais arriscados, ter um certo patamar de segurança”.
Essa fasquia de segurança, de acordo com o especialista, “depende dos custos e do modo de vida de cada pessoa”, referindo contudo que o habitualmente recomendado é que a quantia “deve ser o equivalente entre quatro e seis salários, aplicados em produtos de capital garantido e com elevada liquidez”.
Dos 0% aos 2,4%: a liquidez com depósitos e certificados de Aforro
“Os depósitos e os certificados de Aforro (CA) são os dois produtos que encaixam para essa poupança [fundo de emergência] que diria é o pilar das poupanças”, explica assim o economista, destacando o “acesso facilitado ao dinheiro” com que o aforrador fica.
No campo dos depósitos, propõe os produtos promocionais dos bancos vocacionados para captar novos clientes ou novos montantes. “Quem quer fazer um fundo de maneio pode tirar partido desses super depósitos que têm um rendimento um pouco superior face aos restantes“, diz.
Nesse âmbito, destaca um produto do Banco BiG: o Super Depósito, um produto que rende 1,7% líquidos [2,4%, em termos brutos] ao fim de três meses para os associados da Proteste Investe que sejam novos clientes do banco. “É uma taxa muito boa, atendendo a que a média dos depósitos é de 0,1% e que, para o prazo de um ano, a melhor taxa de juro é de 0,8%. Estamos a falar de mais de dobro”. Para os não associados da publicação da Deco, o mesmo produto remunera a uma taxa de juro líquida de 1,44% (2% brutos).
"Os depósitos e os certificados de Aforro são os dois produtos que encaixam para essa poupança [fundo de emergência] que diria é o pilar das poupanças.”
O economista sugere ainda aos aforradores que tenham essa disponibilidade, de “ir à caça” destes produtos promocionais noutras instituições, saltitando de banco em banco, procurando tirar partido das remunerações oferecidas.
“É uma forma de garantir que se consegue com depósitos, uma taxa de juro superior à inflação, mas claro que as pessoas nem sempre têm disponibilidade para estar de três em três meses a mudar de banco”, salienta António Ribeiro.
O depósito a um ano mais rentável em cada banco
Para pessoas que não disponham dessa disponibilidade, sempre podem ir em busca do melhor depósito da instituição financeira de que são clientes. Mas há bancos mais generosos do que outros. Com base na oferta disponibilizada nos respetivos sites, os melhores retornos para o prazo de um ano no total de 16 bancos varia entre o mínimo de 0% no caso do BPI e o máximo de 0,9%, em termos brutos, que é a taxa de juro concedida pelo BNI Europa no depósito BNI Europa.
No pódio dos depósitos a um ano com retornos mais atrativos figuram ainda o DP Atlântico, disponibilizado pelo Atlântico Europa, e o Nano-Micro DP, oferecido pelo Eurobic. Estes dos produtos oferecerem retornos brutos de 0,6% e 0,45%, respetivamente.
"Os CTPC, apesar de terem o capital garantido, são mais indicados para uma poupança de médio/longo prazo, uma vez que o prazo é de sete anos e a taxa de juro é crescente.”
O investimento em CA oferece uma taxa mais atrativa face a esses dois depósitos, e garante também uma fácil liquidez. As subscrições de CA realizadas neste mês de junho, oferecem uma taxa de juro bruta de 0,688%, com a vantagem de estarem disponíveis para montantes mínimos de aplicação a partir dos 100 euros
A garantia do Estado vale até 1,35% no médio prazo
Dentro do Estado é possível garantir retornos mais elevados através da aplicação em Certificados do Tesouro Poupança Crescimento (CTPC), sendo no entanto vocacionados para quem tenha um horizonte de investimento mais alargado no tempo. “Os CTPC, apesar de terem o capital garantido, são mais indicados para uma poupança de médio/longo prazo, uma vez que o prazo é de sete anos e a taxa de juro é crescente: começa em 0,75% bruta e acaba em 2,25% bruta no final do prazo”, explica António Ribeiro.
Remuneração dos CTPC
Disponíveis para montantes a partir mil euros, o aforrador tem de estar preparado para não mexer no dinheiro durante o primeiro ano. Ou seja, este produto apenas adequa-se a quem possa prescindir da quantia em causa durante esse horizonte temporal. Quanto mais tempo esperar para o resgatar, mais elevado será o retorno alcançado. Ao fim os sete anos, o retorno médio bruto é de 1,35%.
Contudo as taxas podem ser melhoradas, já que a partir do segundo ano de aplicação está prevista a adição de um bónus em função do crescimento do PIB. Esse prémio é de 40% do PIB e está limitado a um máximo de 1,2% (proporção de um crescimento de 3% do PIB).
Obrigações, o canal para garantir 4,5%
Para quem esteja a pensar no médio prazo e disponível a ir um pouco mais longe no grau de risco a assumir, também encontra uma forma de rentabilizar o subsídio de férias através do investimento em obrigações.
Os últimos tempos têm sido marcado por várias emissões obrigacionistas vocacionadas para os investidores do retalho, operações que se destacam pelas respetivas remunerações que quando comparadas com a maioria dos produtos financeiros menos arriscados sobressaem pela positiva.
Entre as emissões obrigacionistas mais recentes figuram a da TAP, concluída há poucos dias, as dos “três grandes” do futebol — Benfica, Porto e Sporting — ou a da Mota-Engil.
Quem pretenda apostar nesse universo de produtos tem atualmente disponível apenas uma operação: a emissão obrigacionista da SIC. Esta está disponível para montantes de aplicação a partir de 1.500 euros, oferecendo uma taxa de juro bruta anual de 4,5% por um prazo de três anos.
“O conselho é de subscrição”, diz António Ribeiro relativamente a esta operação, lembrando contudo que o conselho é de não colocar todas as poupanças nesses títulos, devido ao risco associado ao emitente desta obrigação. “Não é uma ação, mas existe o risco de o emitente chegar ao final e não cumprir com o pagamento a que se propõe”, lembrando contudo que “risco não é muito elevado”.
Quem pretenda apostar nessa emissão obrigacionista tem, contudo, de ter em atenção que o prazo de subscrição termina a 4 de julho.
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