Moody’s sobe rating da CGD, BCP, Santander Totta e Novo Banco
Melhoria do ambiente económico em que a banca portuguesa opera, "em particular graças à desalavancagem do setor privado", justificam decisão da agência de notação financeira.
A Moody’s anunciou na manhã de esta quarta-feira a revisão em alta ao rating de quatro bancos portugueses — CGD, BCP, Santander Totta e Novo Banco — tendo aproveitado para reafirmar a avaliação do BPI e colocado o Montepio em análise para eventual upgrade. A decisão surge na sequência da anterior revisão em alta levada a cabo pela agência em relação ao “perfil macro” do setor financeiro em Portugal, que passou de ‘Moderado’ para ‘Moderado+’.
A agência justifica a decisão com a melhoria do ambiente económico em que a banca portuguesa opera, “em particular graças à desalavancagem do setor privado”, diz a Moody’s. “A principal razão para as ações de rating hoje tomadas é a melhoria do ambiente operacional do sistema bancário, em particular graças à desalavancagem do setor privado. O robustecimento do perfil ‘macro’ de Portugal levou a Moody’s a rever os perfis autónomos de crédito dos bancos portugueses que acompanha, tendo em conta o grau de melhoria dos seus fundamentos financeiros”, refere a nota.
Com a revisão de esta quarta-feira, o rating da CGD e do BCP foi elevado para ‘Baa3/Prime-3’ de ‘Ba1/Not Prime’, o Totta passou de “Baa2” para “Baa1”, enquanto o Novo Banco conseguiu sair de “Caa1” para “B2”. No caso do Novo Banco, é de destacar que é o único dos bancos que dá um salto de dois patamares de uma só vez — tendo a própria instituição já comunicado o facto à CMVM.
Além das revisões em alta das avaliações a estes quatro bancos, a Moody’s decidiu ainda reafirmar a avaliação do BPI, atualmente em “Baa1/Prime-2” e colocar a nota do Banco Montepio (B3) em revisão, com perspetivas de melhoria (ver escalas de rating da Moody’s na imagem em baixo).
“As ações tomadas no rating da CGD, Totta, Novo Banco e Banco Montepio refletem o novo enquadramento legal implementado em março de 2019, que dá total prioridade a depositantes em relação a detentores de dívida senior em caso de uma resolução”, sublinha ainda a Moody’s, que salienta que este novo enquadramento legal, em conjugação com “os planos de financiamento a médio prazo destes bancos” e o enquadramento geral do setor compõe o leque das razões para a melhoria dos ratings ou perspetivas destes bancos.
Portugal: De ‘Moderado’ a ‘Moderado+’. Porquê?
O maior catalisador da subida de rating e de perspetivas para a banca portuguesa prende-se com a revisão do clima económico e financeiro da própria economia portuguesa, tal como sublinha a Moody’s logo no arranque do comunicado sobre as ações de rating levadas a cabo esta quarta-feira. No mesmo documento, a agência relembra o que levou a melhorar a avaliação do clima em Portugal.
“Na melhoria do ‘perfil macro’ de Portugal, a Moody’s levou em conta a significativa redução do fardo da dívida do setor privado doméstico nos últimos anos. Partindo de níveis de alavancagem superiores à média da Zona Euro, a dívida privada em relação ao PIB caiu para 169% no final de 2018, estando agora dentro da média do euro, graças a uma redução de quase 29 pontos percentuais nos últimos três anos.”
E se o setor privado está mais desalavancado, então a banca poderá ter mais negócio disponível — leia-se voltar a ceder crédito aos privados que tiveram a desalavancar, reflete a agência. “Em consequência” da desalavancagem dos privados, “a Moody’s vê condições mais favoráveis para concessão de crédito pelos bancos em Portugal”. Mas esta não é a única razão destacada.
A agência salienta que também as próprias contas dos bancos denotam melhorias, com os “fundamentais de crédito, em especial a qualidade dos ativos”, a justificar mesmo a subida em “um ou dois patamares” dos bancos “hoje afetados pelas ações ao nível do rating“.
(Notícia atualizada às 10h05)
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