Sindicato dos motoristas de matérias perigosas: “Vamos refletir sobre este atentado”
Pedro Pardal Henriques considera que os serviços mínimos decretados pelo Governo são um "atentado", pelo que irá agora discutir com os trabalhadores qual o caminho a seguir.
O vice-presidente do Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP), Pedro Pardal Henriques, admitiu que os trabalhadores ainda vão avaliar o cumprimento dos serviços mínimos decretados para a greve da próxima segunda-feira. Considera que estes são um “atentado”, pelo que irá agora discutir com os trabalhadores qual o caminho a seguir.
“Sinto-me envergonhado em ser português”, afirmou Pardal Henriques sobre os serviços mínimos decretados pelo Governo para a greve dos motoristas. Com o objetivo de manter a paz social, serão garantidos serviços mínimos entre os 50% e 75%, além de 100% para serviços essenciais. A partir de segunda-feira será acionada a rede de emergência de postos de abastecimento (REPA) e, para os clientes finais, a referência será de 50% dos trabalhadores afetos.
“Os ministros acabaram de dizer que não vivemos em democracia, vivemos numa ditadura. A greve existe só no nome e para tirar salário a estas pessoas“, reagiu o advogado que representa os motoristas. Questionado sobre se os motoristas vão cumprir, respondeu: “vamos refletir sobre este atentado e esta barbaridade. É possível cumprir [os serviços mínimos] desde que não se faça greve”.
O sindicalista acusou ainda o Governo de proteger os patrões e dar-lhes margem para não negociarem. Em abril, patrões e funcionários acordaram um aumento salarial a partir de 2020, que pôs fim à greve. No entanto, os motoristas dizem ter negociado igualmente novas progressões graduais nos dois anos seguintes que a associação patronal nega.
“Agora percebo porque é que a Antram não cumpre o que tinha dito. O Governo está do lado da Antram“, afirmou Pardal Henriques. “São as petrolíferas e as grandes logísticas que mandam neste país. Os trabalhadores estão fartos de ser escravizados”.
O advogado criticou ainda que os serviços mínimos abranjam cargas e descargas, que apesar de na prática acabarem por ser feitas pelos motoristas, não estão previstas no contrato coletivo de trabalho. “Não recebem por fazer cargas e descargas. O Governo está a decretar que estas pessoas têm de trabalhar sem receber”, acrescentou.
(Correção: Inicialmente, este artigo dava conta de que o SNMMP ia avaliar internamente a realização da greve de 12 de agosto. No entanto, Pardal Henriques estava a referir-se ao cumprimento dos serviços mínimos. Pelo lapso pedimos desculpa aos visados e aos nossos leitores.)
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