Viciado no trabalho? Obsessão pelo sucesso pode levar a comportamentos extremos
Arie Kruglanski, especialista em comportamento social, acredita que terroristas, mártires e "workaholics" têm traços psicológicos comuns. A negação da vida pessoal é um deles.
A palavra “extremista” não é aplicada só a terroristas ou mártires. Segundo o psicólogo polaco especialista em comportamento social, Arie Kruglanski, os perfis psicológicos podem ser muito semelhantes aos de alguém viciado no trabalho, os designados workaholics. Citado pelo Business Insider, Arie Kruglanski, explica que é possível identificar traços psicológicos comuns nas pessoas que sentem que devem sacrificar-se por algo exterior.
“O trabalho humanitário da Madre Teresa, por exemplo, representa uma negação da vida pessoal que poucas pessoas enfrentam, e isso transforma-o em ato extremo”, metaforiza o especialista. Para Kruglanski, alguém que coloca bombas ao peito, dedica a vida aos outros ou dorme debaixo da secretária do trabalho, tem um perfil psicológico muito semelhante. No fundo, todos estes comportamentos são considerados extremos.
Para Kruglanski, os comportamentos extremistas têm origem na busca de “significado pessoal”, ou na obrigação profunda do indivíduo para com os seus pares e a sociedade. Em qualquer um destes casos, o indivíduo tem necessidade de “controlar totalmente a situação”, por isso rejeita prazeres como o conforto, a família ou o amor. Estes comportamentos podem ainda ter origem em traumas ou memórias de rejeição, abuso ou ostracização.
Estamos obcecados com o trabalho por causa da satisfação que obtemos através dos elogios, não propriamente pela satisfação profunda de trabalhar longas horas.
Quem tem comportamentos extremistas tem uma atração por sensações, e faz escolhas diferentes da maioria das pessoas. Os desportos radicais como o bungee jumping, por exemplo, são um simples exemplo de uma atividade onde é possível que arrisque mais a vida. Por mais altruísta que considere ser, quando visualiza a linha da frente da batalha, é provável que o instinto de sobrevivência fale mais alto.
E este tipo de comportamento extremo é comparável ao vício no trabalho. Chegar ao topo da sua empresa o mais rápido possível pode parecer tentador, mas também é importante preservar a sua vida pessoal, desenvolver relações pessoais, cuidar do seu corpo e da sua saúde. Para o especialista polaco, os workaholics vivem um “esquecimento”, quase inconsciente, destas necessidades.
No livro Sleeping With Your Smartphone, a professora da Universidade de Harvard, Leslie Perlow, defende que muitos trabalhadores são “successaholics e não workaholics”. O excesso de trabalho, a obsessão pelo sucesso e a posição social, o status, podem levar as pessoas a ter comportamentos considerados extremistas. “Estamos obcecados com o trabalho por causa da satisfação que obtemos através dos elogios, não propriamente pela satisfação profunda de trabalhar longas horas”, reforça.
A solução, defende Kruglanski, passa por desenvolver o desapego e acreditar que a carreira profissional deve servir o trabalhador, e não o contrário. “Tem direito a uma vida, e não a ser escravizado”, remata Kruglanski.
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