Leitaria da Quinta do Paço quer conquistar a Europa

  • Lusa e ECO
  • 17 Agosto 2019

Em 2012, a única loja que existia na altura dava emprego a 15 pessoas. Atualmente nas sete lojas que existem espalhadas pelo país o grupo tem 130 postos de trabalho.

O grupo da Leitaria da Quinta do Paço (LQP), histórica pastelaria do Porto que faz 100 anos em 2020, registou uma faturação de quatro milhões de euros em 2018, crescendo 20 vezes em relação a 2012. Sete anos depois de comprar a empresa, José Eduardo Costa, presidente executivo do grupo da LQP, revela como pretende celebrar o centenário com um pé na Europa.

Em entrevista à Lusa no âmbito das celebrações do 100.º aniversário da LQP, José Eduardo Costa explica que a faturação em 2018 ultrapassou os “quatro milhões de euros”, aumentado mais de 20 vezes em relação a 2012, ano que adquiriu a marca e que faturou 190 mil euros.

Nascida no Porto em 1920, na Praça Guilherme Gomes Fernandes, a loja mãe da Leitaria da Quinta do Paço mantém-se há quase 100 anos no mesmo local.

DR. Instagram Leitaria da Quinta do Paço

Dados da faturação do grupo LQP indicam que em 2012 registou uma faturação de 190 mil euros, em 2013 aumentou para 675 mil euros e em 2014 atinge 1,2 milhão de faturação. A tendência tem sido sempre a aumentar a faturação e em 2017 já tinha atingido os três milhões de euros.

O aumento da faturação nesta última meia dúzia de anos justifica-se com a abertura de seis lojas franchisadas – Porto (duas), Matosinhos, Lisboa, Almada e Oeiras – e que conseguiram manter a receita original dos bolos, especialmente a “frescura do ‘chantilly'” e que dá a “magia” àquelas iguarias, explicou José Eduardo Costa, que comprou a loja da Baixa do Porto com a mulher, Joana Ramalho, em plena crise financeira de Portugal.

Em 2012, a única loja que existia na altura dava emprego a 15 pessoas. Atualmente nas sete lojas que existem espalhadas pelo país o grupo tem 130 postos de trabalho.

O plano para aumentar no futuro o número de lojas franchisadas com carimbo LQP está traçado e a próxima loja a abrir é em “meados de setembro”, em Braga, no Largo de S. Francisco.

Está também em curso a abertura de uma Leitaria da Quinta do Paço em Sintra, distrito de Lisboa, e outra em Coimbra, onde será feita “uma pequena fábrica”.

A ambição dos proprietários da LQP é continuar a expandir o negócio e abrir uma nova loja na Baixa de Lisboa e outra no Mercado do Bolhão (Porto), cuja obra de reabilitação está em curso.

José Eduardo Costa lamenta o facto de o município do Porto “não estar a olhar para a Leitaria da Quinta do Paço da mesma forma como publicita outros estabelecimentos, como o Café Piolho” ou o “Café Majestic” e frisa que as cidades “vivem do que têm de original”.

“O Porto tem a francesinha, o Douro, a Torre dos Clérigos e as escadas do Harry Potter [na Livraria Lello]. Só que quanto mais coisas tiver, mas competitivo é”, argumentou o presidente executivo, constatando que há cidades que têm especialidades inferiores às da Leitaria que as “gritam ao mercado”, porque é mais um fator de “atração” e “diferenciador”.

O ‘best-seller’ da LQP é o éclair e o segundo produto-chave é a bola de Berlim, seguidos depois pelo ‘chantilly’ vendido em porções. A manteiga, o queijo, iogurtes e sobremesas lácteas são outros lacticínios expostos nas vitrines das leitarias.

Na loja mãe da LQP, localizada na Praça Guilherme Gomes Fernandes, no Porto, vende-se, uma média, de 800 éclairs por dia, um valor que duplica aos sábados e domingos, contou a diretora de marketing da Leitaria, Alexandra Sotto Maior.

De olhos na Europa com a receita para o sucesso

A caminho de celebrar o 100.º aniversário em 2020, a LQP aposta na internacionalização e quer partir à conquista da Europa.

“O estrangeiro está no nosso horizonte. Os planos para o futuro passam pela internacionalização. Não tenho a mínima dúvida”, contou José Eduardo Costa, que pelo lado do pai tem uma ligação familiar à indústria de leite de Vale de Cambra, no distrito de Aveiro, acredita que o centenário vai ficar marcado com o desafio da marca do norte de Portugal para avançar na internacionalização.

Os atuais donos da LQP contam que o truque para o sucesso da marca fora do Porto e norte de Portugal foi vender parte da receita dos bolos éclairs às lojas franchisadas e assim poder ter a receita tradicional com o mesmo sabor nas lojas a sul de Portugal.

“Nós não entregamos a receita, mas entregamos uma parte da receita. O teste, o truque, era conseguir fazer [o bolo] em Lisboa da mesma forma como o fazemos no Porto. E conseguimos. Portanto, a partir deste momento estamos habilitados em fazer isso em qualquer parte, desde que exista massa crítica, exista volume para essa solução ser rentável. Podemos pegar nisto e ir para o estrangeiro”, explicou.

Os donos da LQP dizem-se confiantes para que o próximo passo na expansão da marca seja a conquista de lojas no espaço europeu.

“Sem grandes meios e sem grandes investimentos industriais e de investigação, aqui na Europa estamos habilitados para ir para qualquer lado, sem problema absolutamente nenhum”, indicou.

Questionado pela Lusa sobre a possibilidade de abrir lojas para além da Europa, José Eduardo Costa está menos confiante, porque revela que o sabor das natas que a Leitaria tem pode não ser conseguido replicar em todas as partes do mundo e isso iria alterar a principal característica da especialidade, que “é o chantilly”, explicou.

José Eduardo Costa contou que já houve abordagens à Leitaria para abrirem no estrangeiro, inclusivamente para o Médio Oriente, no Dubai, mas considera que nessa parte do globo há algum “défice de fornecimento” e a nata poderá “não ser igual” à que é usada para rechear os éclairs em Portugal.

Para assinalar o primeiro centenário da loja, os donos da Leitaria ainda que estão à procura de um parceiro no setor da investigação científica que os ajude a conseguir criar uma fórmula que permita “estabilizar o ‘chantilly’” com a validade de uma semana.

“As pessoas já não sabem o que é chantilly verdadeiro. A intenção é conseguir no futuro estabilizar o ‘chantilly’ e conseguir colocá-lo numa embalagem de forma a que se consiga, pelo menos, ter em condições com uma validade de uma semana”, explica José Eduardo Costa, presidente executivo da LQP.

Na calha está também a criação dum novo éclair com sabor de “doce de ovos”, porque “combina muito bem com o chantilly”, desvendou o presidente executivo, acrescentando que os sabores temáticos alcoólicos, designadamente o sabor a uísque, também vão regressar.

“No início, era o leite. 100 Anos” é o título de uma síntese histórica que vai ser lançada pela Leitaria da Quinta do Paço, que pretende eternizar na história do Porto os seus produtos lácteos vendidos desde 1920 e cuja atual especialidade são os legendários bolos éclairs recheados com ‘chantilly’ fresquinho.

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