Mário Centeno: “Não se é ministro por apetite”
Mário Centeno, em entrevista à RTP, admitiu não ter apetite para voltar a ser ministro na próxima legislatura, e deixa todos os cenários em aberto.
O ministro das Finanças disse esta sexta-feira, em entrevista à RTP, que “não se é ministro por apetite”, admitindo que não tem vontade de integrar próximo Governo caso o PS vença as eleições. “Se usar a expressão apetite, facilita a minha resposta”, disse o ministro, antes de admitir que a resposta seria ‘não’. “A verdade é que não se é ministro por apetite”. acrescentou.
Na primeira vez em que foi questionado sobre o seu futuro durante a entrevista, Mário Centeno disse que “é uma decisão que está por tomar”, mas logo de seguida disse que António Costa já tinha clarificado a questão.
Mais à frente, a jornalista da RTP voltou a insistir no tema para tentar uma resposta mais direta do ministro, que voltou a não dar qualquer garantia… nem de que fica, nem de que sai.
“Nessa altura veremos qual é o resultado eleitoral, qual é a decisão do senhor primeiro-ministro e se o apetite chega ou não chega“, disse Mário Centeno.
Mário Centeno disse também que juros exigidos pelos investidores no mercado secundário para deter dívida portuguesa a 10 anos passaram a ser mais baixos que os de Espanha pelas 15h10 de hoje.
“Hoje por volta das 15h10 da tarde a taxa de juro portuguesa a 10 anos no mercado internacional passou pela primeira vez para níveis inferiores à de Espanha. Esta passagem de Portugal a ter custos de financiamento a 10 anos mais baixos abaixo do de Espanha é um indicador extraordinário que agora temos que conseguir manter e é um indicador extraordinário que agora temos de conseguir manter e um indicador da credibilidade e da sustentabilidade“, disse, em entrevista à RTP.
Abrandamento económico mundial não muda metas
Mário Centeno disse também que mantém as metas, tanto para o crescimento económico como para o défice orçamental, e que os dados de que dispõe até esta altura só reforça a confiança nos objetivos traçados no Orçamento do Estado e no Programa de Estabilidade.
“Nós mantemos as metas. Os números que temos observado ao longo de 2019 são compatíveis com essas metas, reforçam a convergência com a União Europeia e Zona Euro, mas sempre com esta cautela que colocamos nesta legislatura“, disse o ministro das Finanças.
“Estou confiante que as metas este ano vão ser cumpridas, seguramente na ótica orçamental o saldo que está previsto, mas também na ótica económica”, acrescentou.
O governante elogiou a transformação da economia portuguesa na última década, que, reforçou, tem melhores condições para enfrentar uma crise económica ou um abrandamento global, mas também disse que é preciso reconhecer “as dificuldades que a qualquer momento que a qualquer momento se colocam a uma economia muito aberta como a portuguesa”.
Mário Centeno destacou o Brexit como um dos riscos que devem preocupar as autoridades portuguesas. “Estamos a trabalhar naturalmente todos, quer em Portugal quer na Europa, para que a solução que se venha a encontrar seja aquela que minimize os riscos”, disse.
Função Pública com aumentos em 2020 apesar de as progressões ainda pesarem na despesa
O ministro das Finanças disse esta sexta-feira que existe margem para aumentos na Função Pública no próximo, corroborando assim uma ideia já defendida pelo primeiro-ministro no início do verão.
“Prevemos que exista margem para um aumento dos salários da Função Pública em 2020 além dos 500 milhões de euros” que ainda vão pesar nas contas públicas por causa do descongelamento das progressões na Administração Pública, disse Mário Centeno em entrevista à RTP.
O governante explicava assim por que motivo no programa eleitoral do PS apenas refere atualizações salariais a partir de 2021, com o ministro Mário Centeno a lembrar o impacto que as progressões ainda vão ter.
Quando apresentou o Programa de Estabilidade em abril, o ministro das Finanças tinha falado apenas de um regresso à normalidade. Entretanto, em declarações ao Expresso em junho, o primeiro-ministro tinha falado desta ideia. É possível voltar “à normalidade de haver atualização anual de crescimentos” na Função Pública.
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