Portugal entre países europeus que mais tem de reformar mercado de trabalho, diz Moody’s
A Moody's diz que Portugal é um dos países -- a par de Espanha, França e Itália -- que mais tem de reformar o mercado de trabalho para incentivar o investimento e reforçar a resiliência da economia.
Apesar das reformas laborais levadas a cabo durante, ou desde, a crise das dívidas soberanas da Zona Euro, o mercado de trabalho português carece de alterações sobretudo ao nível dos contratos, dos salários e da legislação de proteção ao emprego. O aviso é deixado pela agência Moody’s, que sublinha que Portugal é mesmo um dos países europeus que mais tem de reformar o mercado de trabalho.
“A maioria das necessidades de reformas laborais mantêm-se concentradas na periferia da Zona Euro. Enquanto países como os nórdicos e o Reino Unido limitaram as suas necessidades de reformas laborais com as mudanças implementadas há décadas, as carências em Espanha, França, Itália e Portugal são muito maiores, apesar das medidas tomadas durante, ou desde, a crise das dívidas soberanas da Zona Euro“, explica a agência de notação financeira, num relatório divulgado esta terça-feira.
A Moody’s separa as reformas laborais necessárias em três categorias — legislação de proteção ao emprego, contratos de trabalho, salários e educação e competências –, que diz considerar essenciais para o fortalecimento de qualquer país contra eventuais choques, uma vez que melhoraram a capacidade dos trabalhadores se ajustarem a novas condições económicas e promovem o crescimento ao reduzir, por exemplo, o desemprego jovem.
No caso de Portugal, a agência nota que são precisas reformas ao nível dos contratos e da legislação de proteção ao emprego, que se mantêm barreiras ao investimento. Nesse sentido, a Moody’s indica que, por terras lusitanas, cerca de 60% dos trabalhadores jovens têm contratos temporários, muitos dos quais para postos de trabalho permanentes. “Tal pode ter implicações duradouras na força da economia – enfraquece o mercado de trabalho, diminuiu a produtividade e concentra o fardo dos ajustamentos do mercado naqueles que têm contratos temporários“.
Além disso, a Moody’s diz que Portugal é um dos países onde os salários e os mecanismos usados para definir as remunerações são barreiras visíveis ao investimento. O mesmo acontece com a educação — as baixas qualificações dos trabalhadores tendem a impedir o crescimento do país — ainda que a Moody’s reconheça que o Governo já está a trabalhar esta matéria, com o programa Qualifica.
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