LegalVision: esta startup quer digitalizar as empresas e as sociedades de advogados
Com 30 mil clientes, a startup franco-portuguesa quer crescer e entrar no mercado espanhol. O seu software está a transformar a maneira como as sociedades de advogados e as empresas trabalham.
Quanto tempo perdem as empresas à espera de documentos que poderiam ser simplificados por uma assinatura digital? Foi a pensar neste e noutros desafios que nasceu a startup franco-portuguesa LegalVision, uma legaltech que quer mudar a forma como os processos mais simples são tratados tanto nas empresas como em parceiros destas, como é o caso das sociedades de advogados. A ideia surgiu de uma constatação simples; os processos jurídicos são lentos, caros e existe uma falta de transparência entre o valor do trabalho do advogado e o benefício mensurável para o seu cliente.
“Não faz qualquer sentido o trabalho e toda a papelada em sociedades de advogados. Devia ser tudo digitalizado porque o cliente não percebe porque é que as coisas demoram tanto, há muita falta de comunicação entre, por exemplo, a secretária, a recolha dos documentos, os dados… E achámos que fazia sentido digitalizar e automatizar os processos”, explica Gonçalo Alves, cofundador da LegalVision.
A ideia é simples: digitalizando processos de rotina como assinaturas, modificação de objetos sociais das empresas ou mudança de sede, sobra mais tempo para pensar estrategicamente o negócio e dedicar maior atenção a outras atividades. E, com isso, as empresas poupam, por um lado, e otimizam recursos, por outro.
Fundada em 2015 por Gonçalo Alves, Miguel Figueiredo e Loic Le Goas, a LegalVision desenvolveu um software especializado na digitalização e automatização de processos jurídicos. A empresa começou com quatro processos jurídicos “muito simples”, entre os quais estão a modificação de objeto social, a mudança da sede da empresa, os estatutos e a assinatura digital que “normalmente não eram feitos de maneira smooth em qualquer gabinete de advocacia”. “O software funciona da mesma maneira: através de um formulário onde cabem todas as informações pessoais ou financeiras da empresa, gera automaticamente um conjunto de documentos do respetivo processo jurídico. O software funciona e é acessível a qualquer pessoa, que pode utilizá-lo sem recorrer diretamente a um advogado. E esse software é utilizado junto de escritórios de advocacia para automatizar os processos internos”, explica o cofundador da empresa.
Ainda que, no início, a startup tivesse como maioria de clientes as empresas, as sociedades de advogados ocupam agora metade dessa carteira, e com tendência a crescer cada vez mais. Assim, neste momento e quatro anos depois do início, a LegalVision conta com cerca de 30 mil clientes, a maioria dos quais pequenos gabinetes de advocacia de França. Em Portugal, o mercado ainda é pequeno e, como próximos passos, a empresa quer manter o escritório em Lisboa, mas apostar no lançamento e crescimento dos seus produtos no mercado espanhol.
“Somos um software de gestão de validação documental. Ou seja, o nosso produto permite fechar todo o processo e fazer com que o advogado dê consultoria, a máquina faz o resto. E esta grande parte da máquina, cerca de 80%, ainda não está adaptada ao mercado português. Mas reduzimos o tempo que os advogados dedicam a esse tipo de processos. Sabemos que o impacto do produto é grande”, sublinha Gonçalo.
Para isso, a startup fechou, em fevereiro de 2019, uma ronda de investimento de um milhão de euros liderada por dois fundos de capitais de risco, e, em agosto, levantou outra ronda de meio milhão vindo do BPI (Banque Publique d’Investissement, o banco de fomento francês) e a fundo perdido, que vai permitir à empresa internacionalizar o negócio e continuar a contratar. Entre os objetivos da empresa estão chegar a mais de 35.000 clientes até ao final de 2019 — startup conta com uma taxa de crescimento médio de 10% ao mês — e reforçar a equipa que conta já com 40 dezenas de pessoas, entre os quais se encontram oito em Lisboa, outros tantos em Paris e os restantes em Bordéus.
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