Big Brother fiscal? Governo garante que informação dos contribuintes é “bem guardada e bem usada”
O secretário de Estado dos Assuntos Ficais diz que o Fisco "tem sabido guardar bem a informação que tem" e acrescenta que o Governo está a "trabalhar" na seleção dos dados confidenciais das empresas.
O secretário de Estado dos Assuntos Ficais garantiu esta quinta-feira que a informação dos contribuintes é “bem guardada e bem usada” pelo fisco, adiantando estar a “trabalhar” na seleção dos dados confidenciais das empresas a encriptar no ficheiro contabilístico SAFT-T.
“A Autoridade Tributária tem sabido guardar bem a informação que tem”, afirmou António Mendonça Mendes, à margem da apresentação, esta quinta-feira, em Lisboa, do estudo “Obrigações fiscais do setor da distribuição” pela Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED).
A criação de um big brother fiscal tem preocupado as associações empresariais, nomeadamente a da Serra da Lousã (AESL) que, em junho, veio a público exigir a revogação da norma que vai permitir à Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) acesso ao que chama de “políticas confidenciais” das empresas.
O governante, no encerramento do encontro, enalteceu o papel da confiança na relação entre contribuinte e fisco e anunciou a intenção do executivo de “estimular” essa relação com os contribuintes, particulares e empresas.
“Estamos a trabalhar na informação que deve ser encriptada”, explicou o governante, salientando que, para se ter uma “boa justiça fiscal, tem de haver uma relação de “confiança e eficiência” entre o fisco e os contribuintes, referindo ainda o “esforço” do Governo em “eliminar obrigações [fiscais] redundantes”.
António Mendonça Mendes sublinhou a necessidade de o fisco obter informação dos contribuintes para fazer um bom trabalho: “Não seria possível o IRS automático se a AT não tivesse a informação, assim como o pré-preenchimento da IES”, Informação Empresarial Simplificada.
O SAF-T é um ficheiro de auditoria fiscal extraído dos programas informáticos de contabilidade, que contém a informação contabilística das empresas, e a sua submissão prévia à AT vai permitir o preenchimento automático prévio de vários campos dos Anexos A e I da IES, obtendo-se uma simplificação para a entrega desses anexos.
Através do Decreto-Lei 87/2018, publicado em outubro, e legislação conexa, o Estado promove uma simplificação do preenchimento dos anexos A e I da Informação Empresarial Simplificada (IES), obrigando as empresas e os empresários em nome individual a entregarem as bases de dados da sua contabilidade.
A Associação Nacional de Contabilistas promoveu uma petição, que recolheu mais de 11 mil assinaturas, e que levou o SAFT da contabilidade , mais uma vez, a ser discutido pelos deputados.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
Big Brother fiscal? Governo garante que informação dos contribuintes é “bem guardada e bem usada”
{{ noCommentsLabel }}