Greve deixa França sem transportes, escolas e hospitais
Greve vai ter mais impacto nos transportes, o setor mais mobilizado e o primeiro a opor-se com veemência à introdução do novo sistema de reformas.
A greve geral que começa esta quinta-feira em França, contra a alteração do sistema de reformas, vai tocar todos os setores essenciais tornando difícil chegar ao trabalhar, deixar as crianças na escola, ter acesso às urgências ou chamar os bombeiros.
Convocada pelas grandes associações sindicais, a intersindical e interprofissional, a greve vai ter mais impacto nos transportes, o setor mais mobilizado e o primeiro a opor-se com veemência à introdução do novo sistema de reformas que quer acabar com os 42 sub-sistemas de pensões atualmente existentes em França.
A SNCF, empresa ferroviária, assegura apenas um em cada 10 TGV e um em cada 10 comboios regionais, incluindo na parisiense, e intercidades. Quanto ao Eurostar, apenas um em cada dois vão fazer viagens e não haverá qualquer ligação a Itália, Espanha e Alemanha.
A paralisação na SNCF deve acontecer pelo menos até ao dia 9 de dezembro, altura em que os trabalhadores vão reavaliar a participação na greve.
Quanto aos transportes dentro da capital, a RATP, empresa dos transportes de Paris, prevê que a maior parte das linhas do metro estejam fechadas, exceto as linhas 1 e 14 que são automáticas, mas que também serão fechadas caso haja demasiados passageiros. Os autocarros serão reduzidos para um terço.
Com uma estimativa de cerca de 90% de adesão à greve, os trabalhadores da RATP vão avaliar no final do dia se continuam a mobilização.
Os sindicatos de motoristas de pesados também apelaram à greve, assim como táxis e ambulâncias. Já no transporte aéreo, a greve levou ao cancelamento de 20% dos voos no território francês e a Air France anulou 30% dos seus voos internos e 15% dos seus voos de médio curso.
Na energia, esta greve vem juntar-se a um protesto já em curso pelos trabalhadores da construção civil que têm vindo a bloquear refinarias em França devido ao aumento dos combustíveis para veículos essenciais ao setor. Assim, caso os trabalhadores das refinarias adiram aos protestos e os bloqueios continuem, pode haver falta de gasolina e gasóleo um pouco por todo o país.
Já na EDF, empresa nacional de energia, os sindicatos apelaram a uma greve também ilimitada e possíveis cortes estratégicos de energia a grandes empresas e órgãos do Estado.
Dois terços das escolas deve encerrar esta quinta-feira, maioritariamente nas escolas primeiras, e também os estudantes estão em greve, depois de nas últimas semanas jovens em diferentes pontos do país terem tentado pôr fim à vida devido às condições de vida precárias de quem recebe bolsas do Estado.
Nos hospitais, especialmente enfermeiros e médicos de urgências vão manter a greve dura há meses devido à degradação das condições de trabalho, mas também ao impacto da reforma do sistema de pensões.
Chamar os bombeiros ou a polícia também não será tarefa fácil, já que estas duas categorias profissionais também vão estar em greve, acorrendo apenas, segundo os sindicatos, aos casos mais urgentes.
No setor privado, também os advogados apelaram à greve contra o estado da Justiça, podendo ainda haver paralisações noutros setores de atividade ou empresas privadas.
Todas estas forças se vão reunir em mais de 250 manifestações declaradas em todo o país, sendo a maior delas em Paris, onde o cortejo deve começar na Gare du Nord e terminar na Praça Nation. A segurança vai ser assegurada por 5.500 polícias, já que há a possibilidade de vários coletes amarelos e black blocs se juntarem a estes protestos, segundo o Ministério do Interior.
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