Empresários apresentam ao Governo caderno de encargos para o Orçamento

O presidente da Barbot pede menos impostos para a classe média e uma baixa de IRC e Vasco Falcão da Konica Minolta nem quer ouvir falar de aumentar o salário mínimo. Mas há muitos mais pedidos.

O Orçamento de Estado para 2021 (OE2021) está a menos de uma semana de ser entregue e a grande maioria dos empresários ouvidos pelo ECO acredita que vai ser aprovado com “alguma normalidade”. Apoio à liquidez das empresas, capitalização, menor esforço fiscal e ajudas à manutenção dos postos de trabalho são as principais medidas que os empresários querem ver no OE2021.

Os empresários chamam a atenção para a fragilidade do tecido empresarial português e para a necessidade de capitalizar as empresas. A Associação Empresarial de Portugal (AEP) aponta o “apoio à liquidez”, a “manutenção e criação de postos de trabalho” e a “capitalização e investimento” como os três focos de apoio às empresas a que devem ser dados prioridade. A AEP lembra que “um país que não tenha atividade empresarial forte é um país que está condenado”.

Face aos prejuízos provocados pela pandemia da Covid-19, os gestores ouvidos pelo ECO pedem a redução de impostos. O líder da Associação Empresarial e Portugal, Luís Miguel Ribeiro, defende uma menor esforço fiscal para as empresas e lembra que Portugal é dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) que tem uma maior carga fiscal: “Isto é mais um problema para a competitividade das empresas. Este esforço que as empresas fazem para pagar impostos podia ser em parte para investirem na sua atividade”.

À semelhança da AEP, que insiste numa “redução progressiva e programada da taxa normal de IRC com vista a estimular o investimento e o relançamento económico”, a Confederação Empresarial de Portugal (CIP) quer ver no próximo OE2021 uma descida do IRC, enquanto a Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP) pede o pagamento de impostos em prestações e apoios à manutenção de empregos.

“O Orçamento de Estado para 2021 tem que estar focado em medidas direcionadas à retoma das empresas e à exportação. São as empresas que vão manter a estabilidade social. Logo devem ser apoiadas na tesouraria de forma a manterem os postos de trabalho. O OE2021 tem que ter paz social e essa paz social só se consegue com o compromisso entre o Estado, as empresas e os trabalhadores”, defende o presidente da Associação Nacional das Industrias de Vestuário e Confeção (Anivec), César Araújo.

Para ajudar as empresas a retomarem, Luís Miguel Ribeiro, defende “linhas de crédito com boas condições para financiamento às empresas”. De acordo com o que o ECO apurou, o Governo pretende criar uma linha de crédito para financiar pagamento de impostos. A medida ainda está a ser desenhada, mas é já garantido que vai avançar. O objetivo do Executivo é não só aliviar a tesouraria das empresas, mas também não criar custos acrescidos decorrentes do incumprimento dos prazos no pagamento dos impostos. Esta linha de crédito poderá ser usada para financiar o pagamento de qualquer tipo de imposto.

À semelhança do líder da AEP, o presidente da Fogões Meireles defende o “prolongamento dos diferimentos de impostos e contribuições sociais para as empresas, enquanto os efeitos da pandemia se mantiverem”. Com o tecido empresarial português a sofrer uma faturada pesada fruto da pandemia, Bernardino Meireles destaca que gostaria de ver no próximo Orçamento de Estado “um corte temporário de dois pontos percentuais da taxa normal de IVA, já aplicado a partir do último trimestre deste ano”.

O presidente da Barbot ainda vai mais longe e diz que as famílias de classe média deviam ser libertadas do IRS: “baixar os impostos à classe média era uma forma de entrar dinheiro na economia e aumentar a velocidade da circulação do dinheiro”, refere Carlos Barbot. No que respeita às empresas, corrobora a ideia do presidente da AEP e da Fogões Meireles e destaca que era necessário “cortar impostos as empresas”. “Baixar o IRC, por exemplo, era uma forma de as empresas se tornarem mais competitivas”.

O presidente da associação do vestuário, que vê o setor a cair pelo sexto mês consecutivo, alerta que “um aumento de impostos seria um acelerar da insolvência, numa altura em que as empresas tiveram uma quebra de faturação brutal e acabaram por endividar-se”.

Empresários defendem apoio à liquidez

A pandemia teve efeitos devastadores no Produto Interno Bruto (PIB) das empresas. Os empresários defendem que a recuperação da atividade económica está a processar-se a um ritmo mais lento do que o desejado e que devia ser criado um fundo público de apoio à tesouraria das empresas. “As empresas devem ser apoiadas na tesouraria de forma a manterem os postos de trabalho”, destaca o presidente da Anivec.

O líder da CIP, António Saraiva, já veio dizer que “não basta que as empresas sobrevivam” e que “é preciso que mantenham a sua solidez e a sua capacidade para impulsionar a recuperação”. Como tal, a associação propôs ao Governo “criar um Fundo de Fundos, com 3.000 milhões de euros disponíveis para capitalização de empresas, através dos fundos de capital de risco”.

O presidente da Fogões Meireles, empresa que fabrica fogões há 89 anos e exporta para mais de 40 países, sugere “uma linha de crédito com garantia pública que chegue rapidamente às empresas, a criação de um fundo público de apoio à tesouraria das empresas, sem burocracia e com taxa de juro zero”.

O presidente da AEP, que traçou como prioritária as medidas de apoio à liquidez das empresas, sugere que haja uma “conta corrente entre as empresas privadas com o Estado, em todos os escalões de dimensão”. “Relembramos que o Estado deve ser um bom pagador e pagar atempadamente aos seus fornecedores, isso é uma forma de trazer liquidez às empresas. Normalmente o Estado atrasa-se bastante no cumprimento dos seus pagamentos. Defendemos que as empresas que sejam fornecedoras do Estado e que tenham a receber dinheiro, quando tiverem impostos a pagar que possa ser feito uma contra corrente com o Governo. É uma forma de as empresas não estarem a desembolsar primeiro e a aguardar depois o pagamento do Estado“, sugere Luís Miguel Ribeiro.

Aumento “significativo” do salário mínimo não agrada

O Governo anunciou sexta-feira que quer um aumento do salário mínimo nacional superior a 20 euros em 2021, em linha com os aumentos médios na última legislatura. A meta do Governo é que o salário mínimo chegue aos 750 euros no final da legislatura.

A esmagadora maioria dos empresários ouvidos pelo ECO considera este aumento salarial “desajustado da realidade do país” e mostra-se contra. Defende que é altura de salvar empresas e manter postos de trabalho. Contrariamente à UGT que diz que esse aumento está “muito aquém das expectativas”, a CIP pede moderação nos cálculos do Governo tendo em conta a situação económica do país.

“Aumentar o SMN é de uma falta de responsabilidade quando as empresas estão a passar por uma catástrofe mundial, precisamos é de proteger as empresas“, destaca o presidente da Anivec. “Aumentar os salários quando o PIB das empresas estão a cair é quase impossível”, corrobora Vasco Falcão, diretor geral da Konica Minolta Portugal e Espanha.

“Sou partidário de um aumento do SMN em condições normais, o que não me parece que seja o caso. Aumentar o salário mínimo para 750 euros até 2023 parece-me uma medida para ficar em standby. Não temos condições neste momento para o fazer. Pode provocar problemas à economia portuguesa”, destaca o CEO da Sun Energy, Raul Santos. O presidente da Barbot concorda com a ideia de Raul Santos e conta ao ECO que tem “dúvidas que que esta seja a altura certa para aumentar o salário mínimo”, apesar de ser a favor deste aumento em “condições normais”.

“Aumentar o salário mínimo nacional é de uma falta de responsabilidade quando as empresas estão a passar por uma catástrofe mundial, precisamos é de proteger as empresas.

César Araújo

Presidente da Anivec

O presidente da AEP lembra que o “SMN tem que ser o resultado do contributo daquilo que o colaborador traz para a instituição onde trabalha e que “não devia ser por decreto”. Destaca que existe uma necessidade “enorme” de apostar na produtividade das empresas e que “vai ser difícil conseguir pagar melhores salários enquanto não melhorarmos a produtividade por hora trabalhadas nas nossas empresas. É importante resolvermos a produtividade para pagarmos melhores salários, reter talento em Portugal. Desta forma estamos a contribuir para termos empresas mais competitividades, pessoas com melhores rendimentos e melhor qualidade de vida”.

Dos sete empresários ouvidos pelo ECO, apenas o diretor geral da Continental Advanced Antenna Portugal, Miguel Pinto é a favor deste aumento salarial. “Estou a favor do aumento do salário mínimo, mesmo que seja um valor pequeno. Sei que esta questão não é a mais ‘importante’, mas também faz algum sentido. É importante que as pessoas tenham algum poder de compra e sabemos que o SMN em Portugal é baixo”, refere.

Fundos europeus são parte da solução

Em julho passado, o Conselho Europeu aprovou o Quadro Financeiro Plurianual para 2021-2027 de 1,074 biliões de euros e um Fundo de Recuperação de 750 mil milhões para fazer face à crise gerada pela Covid-19. De acordo com o compromisso alcançado em julho, Portugal receberá 15,3 mil milhões de euros em subvenções (a fundo perdido) através do Mecanismo de Recuperação e Resiliência. Os empresários lembram que Portugal pode usar o dinheiro que vem de Bruxelas para desenvolver o país.

“Apesar do problema grave com a crise sanitária, temos uma oportunidade única de desenvolver o país com os fundos que vêm da União Europeia. Isso tem que começar desde já com a aprovação do OE2021. Que tem que ser um orçamento robusto para recomeçarmos esta recuperação”, diz Miguel Pinto.

Apesar do dinheiro que vai entrar de Bruxelas, o presidente da Barbot lembra que “é urgente regulamentar bem todas as normas e procedimentos para estes fundos europeus que estão a entrar”. Alerta que Portugal só vai “receber parte desse valor no início do próximo ano e que é urgente e importante que fosse mais rápido”, nota.

Na apresentação do Programa de Estabilização Económica e Social (PEES), o primeiro-ministro, António Costa, sublinhou que este plano e as medidas nele inscritas precisam de “ser sustentadas do ponto de vista institucional” com a criação do banco de Fomento — uma medida com um “alcance estrutural imenso”, para poder “agilizar o mais depressa possível” os instrumentos que a União Europeia vai pôr à disposição dos diferentes países.

Temos uma oportunidade única de desenvolver o país com os fundos que vêm da União Europeia. Isso tem que começar já desde já com a aprovação do OE2021.

Miguel Pinto

Diretor geral da Continental Advanced Antenna Portugal,

O Banco Português de Fomento vai poder realizar operações de crédito direto às empresas, gestão de garantias de Estado e capitalização de empresa, assim como apoiar as exportações e a internacionalização das empresas. O presidente da AEP, Luís Miguel Ribeiro, espera que o Banco de Fomento “venha a ter aqui um papel importante e colmatar uma lacuna que está a dificultar o acesso ao crédito por parte das empresas”.

“A banca tem liquidez, as empresas têm necessidade de liquidez, e essa liquidez não está a chegar às empresas. Esperamos que o Banco de Fomento possa contribuir para que os bancos tenham as grandes vias necessárias para que o dinheiro chegue às empresas”, destaca Luís Miguel Ribeiro.

Apesar de toda a instabilidade económica que se vive no país, os sete empresários ouvidos pelo ECO estão confiantes que o OE2021 vá ser aprovado. Miguel Pinto destaca que “seria uma catástrofe juntar uma crise política a uma crise sanitária” e que uma crise política “seria o fim da credibilidade do sistema político”.

Este é caderno de encargos da indústria e comércio

Nos últimos dias, temos vindo a conhecer aquilo que os empresários têm vindo a reivindicar para o próximo OE2021. Tanto a Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), como a Confederação Empresarial de Portugal (CIP) já apresentaram os cadernos de encargos. Fique a conhecer os principais tópicos.

Principais propostas da CIP:

  • Crédito de imposto a deduzir à coleta do IRC correspondente a 10% das despesas suportadas com a proteção de colaboradores e clientes por causa da pandemia;
  • Reforças das medidas de capitalização;
  • Medidas de reforço da tesouraria das empresas;
  • Regime excecional de pagamento de impostos em prestações;
  • Criação de um regime de fomento à manutenção dos postos de trabalho, que prevê o pagamento das 12 prestações das retenções na fonte de IRS e contribuições e quotizações para a Segurança Social, “sem vencimento de juros e necessidade de apresentação de garantia, e que preveja a redução da taxa de IRC em, pelo menos, dois pontos percentuais” para as empresas que não recorram ao regime prestacional e mantenham os postos de trabalho;
  • Redução das taxas de tributação autónoma e o aumento dos escalões, bem como o reforço das medidas de capitalização, alargando a dedução prevista no Estatuto dos Benefícios Fiscais “a todas as entradas de capital em dinheiro e aumentar para 50% a percentagem de dedução”;
  • Meios necessários à manutenção de linhas de financiamento robustas com garantia do Estado;
  • Suspensão do cumprimento de novas obrigações fiscais, nomeadamente as relativas ao SAF-T (‘Standard Audit File for Tax Purposes’), documento com dados contabilísticos emitidos durante um determinado período de tributação, assim como a certificação da regularização do IVA por contabilista certificado independente;
  • Emissão de obrigações agrupadas para financiar pequenas e médias empresas a longo prazo e, no que concerne ao arrendamento comercial, a “repartição de sacrifícios” entre empresários, senhorios e o Estado, “envolvendo perdão ou redução de rendas” com contrapartidas ao nível das taxas liberatórias;

Principais propostas da CIP:

  • Criar um Fundo de Fundos, com 3.000 milhões de euros disponíveis para capitalização de empresas através dos fundos de capital de risco;
  • Aprofundar o regime de dedução de lucros retidos e reinvestido, desde logo alargando a 50% a possibilidade de dedução à coleta, alargar o regime a todas as empresas até 50% da coleta de IRC e eliminando o teto máximo atual de 12 milhões de euros;
  • Retomar o calendário de redução da taxa de IRC, fixando-a, no mínimo, em 19%;
  • Aumentar de 25 mil para 50 mil euros a matéria coletável para efeitos de aplicação às pequenas e médias empresas da taxa reduzida de IRC de 17%;
  • Aplicar uma taxa reduzida de IRC de 12,5% a todas as empresas que operam no interior;
  • Alocar uma parcela da TSU a uma conta específica de cada empresa, que poderia ser usada para financiar a formação profissional certificada dos trabalhadores;
  • Aplicar automaticamente juros de mora em todos os pagamentos de entidades públicas cujo prazo médio de pagamentos seja superior a 90 dias;
  • Orientar um maior volume de fundos para programas eficazes de apoio à eficiência energética.
  • Regime excecional para o exercício de 2021 de não aplicação das tributações autónomas em IRC, nomeadamente as relativas a despesas com hotelaria e viagens de negócios;
  • Regime excecional de majoração em 120% das despesas com pessoal para efeitos de dedução em sede de IRC, promovendo a manutenção do emprego;

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Stayaway Covid dá ‘lição’ a Rui Rio sobre funcionamento da aplicação de rastreio

  • ECO
  • 5 Outubro 2020

Rui Rio questionou no Twitter o funcionamento da aplicação Stayway Covid porque não terá dado sinal da situação de saúde de António Lobo Xavier. A aplicação respondeu em tom de lição.

António Lobo Xavier descobriu no sábado que estava infetado com a Covid-19, depois de ter participado, na terça-feira, num Conselho de Estado, o que obrigou todos os conselheiros e o Presidente da República a realizarem testes de despiste do vírus, além da própria presidente da Comissão Europeia. Rui Rio foi mais longe e, no Twitter, deixou críticas implícitas ao facto de a aplicação Stayaway Covid19 não ter sinalizado a infeção de Lobo Xavier.

O problema é que a aplicação só faz alertas se o próprio infetado tiver feito o download para o telemóvel. E mesmo isso não chega, como explica a Stayaway Covid em resposta ao líder do PSD e também conselheiro de Estado.

Não foi apenas a gestora da aplicação a responder ao líder do PSD, explicando por passos o que é necessário para que haja alertas sobre riscos de contacto com pessoas infetadas com Covid-19. Rui Rio recebeu centenas de respostas, esmagadoramente críticas, mas também irónicas e com ‘memes’, de seguidores da sua conta oficial.

Ao final desta segunda-feira, de resto, já se sabe que todos os conselheiros de Estado, incluindo Rui Rio, testaram negativo à covid-19 e o próprio António Lobo Xavier deu uma pequena entrevista à TVI, mostrando-se recuperado e a sublinhar também a capacidade de resposta do SNS no seu caso.

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PSD quer ‘novo’ ministério da Economia e grupo para gerir fundos comunitários

  • Lusa
  • 5 Outubro 2020

O Programa Estratégico e dos Fundos Europeus defende uma reformulação do Ministério da Economia e uma entidade na dependência direta do primeiro-ministro para gerir os fundos europeus.

O PSD defende a reformulação do Ministério da Economia e a criação de uma entidade própria na dependência do primeiro-ministro para coordenar os fundos europeus e o programa de recuperação. “É necessário reformular o Ministério da Economia, de modo a conferir-lhe a “alma” de uma política económica, nas suas múltiplas vertentes, distribuídas por uma matriz de políticas horizontais por políticas setoriais”, afirma o PSD no Programa Estratégico e dos Fundos Europeus.

Quando às políticas horizontais, o PSD afirma que deve dar-se prioridade à competitividade, à interface com a Ciência e Tecnologia e com o sistema financeiro, bancário e do mercado de capitais, à digitalização e à capacidade de reação às alterações climáticas.

Entre as setoriais, a prioridade vai para a indústria, comércio, energia, serviços, mobilidade e transportes e interfaces com a agricultura e com as pescas.

O PSD defende ainda que o IAPMEI “tem de ser verdadeiramente um centro de excelência no apoio às empresas e ao investimento” e que a AICEP “tem de voltar a ser um grande captador de investimento estrangeiro e de fomento das exportações nacionais”.

No documento com 120 páginas, o PSD propõe ainda a criação de “uma entidade na dependência do primeiro-ministro, à imagem da ESAME [estrutura de acompanhamento dos memorandos do tempo da ‘troika’]”, para coordenar o programa de recuperação económica apresentado pelo PSD em junho e o programa estratégico apresentado hoje, bem como os fundos europeus.

O partido liderado por Rui Rio lembra que a ESAME foi criada em julho de 2011 e durou até maio de 2014, e sublinha que a entidade “foi crucial para o sucesso do programa da ‘troika’”. “O programa que temos pela frente será ainda mais exigente que o da ‘troika’”, considera o partido.

“Daí que seja fundamental criar uma entidade como a ESAME, dirigida por um secretário de Estado (adjunto do primeiro-ministro) apenas com esta competência e com assento no Conselho de Ministros”, frisam os sociais-democratas.

Para o PSD, esta entidade “é também crítica para uma utilização eficiente dos fundos europeus ao abrigo do programa de reconstrução económica que vier a ser aprovado”.

A criação de uma entidade idêntica à ESAME já tinha sido proposta pelo PSD em junho, no programa de recuperação económica.

O presidente do PSD sustentou hoje que o “Programa Estratégico dos Fundos Europeus para a Década” do partido, com medidas orçadas em 46.650 milhões de euros, assenta em “mais empresas e economia privada” em alternativa a “mais Estado”.

Assente em quatro pilares – Competitividade e Empresas, Desenvolvimento Humano, Sustentabilidade e Serviços Públicos – o programa estratégico e para aplicação dos fundos europeus até 2030 foi elaborado pelo Conselho Estratégico Nacional (CEN) do PSD e hoje apresentado pelo líder do partido e pelo presidente do CEN, Joaquim Miranda Sarmento, que é também o porta-voz social-democrata para a área das finanças públicas.

O programa estratégico do PSD foi apresentado ainda antes de ser conhecido o Plano de Recuperação e Resiliência do Governo, cuja primeira versão deverá ser aprovada em Conselho de Ministros no próximo dia 14 e entregue no dia 15 em Bruxelas.

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Trump antecipa saída do hospital

  • Lusa
  • 5 Outubro 2020

Donald Trump anunciou no twitter que sai do hospital esta segunda-feira. "Não tenham medo da covid-19", escreveu o presidente americano e candidato a um novo mandato.

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, diagnosticado com a doença covid-19, anunciou que vai deixar o hospital às 18:30 locais (23:30 hora de Lisboa) desta segunda-feira, pedindo aos norte-americanos para não terem medo do novo coronavírus. “Sairei às 18:30 do incrível Hospital Militar Walter Reed. Sinto-me muito bem! Não tenham medo da covid-19. Não deixem que ela domine a vossa vida”, escreveu Trump na sua conta pessoal na rede social Twitter, assegurando que se sente “melhor do que há 20 anos”.

Na sexta-feira de madrugada, Trump anunciou na sua conta pessoal no Twitter que, tal como a primeira-dama, Melania Trump, tinha testado positivo ao novo coronavírus e que iria ficar em quarentena.

Horas depois, foi internado por medida de precaução no Hospital Militar Walter Reed, nos arredores da capital federal de Washington.

O Presidente norte-americano tem 74 anos e é clinicamente obeso, o que o coloca em maior risco de complicações graves por causa do novo coronavírus que infetou, até à data, mais de 7 milhões pessoas e matou mais de 200 mil nos Estados Unidos.

No domingo, a equipa de médicos que está a acompanhar o Presidente norte-americano admitiu que se Trump continuasse a melhorar o estado de saúde poderia ter alta hospitalar nas próximas 24 horas.

As agências internacionais tinham indicado hoje à tarde que o médico da Casa Branca, Sean Conley, iria fazer um ponto da situação sobre o estado de saúde do Presidente Trump, que no domingo saiu brevemente do Hospital Militar Walter Reed para saudar apoiantes concentrados nas imediações daquela unidade hospitalar.

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Covid-19: Justiça alemã condena primeira seguradora a indemnizar estabelecimento

  • ECO Seguros
  • 5 Outubro 2020

Entre centenas de processos judiciais, opondo seguradoras a empresas, que reclamam indemnização de perdas originadas pela pandemia na Alemanha, um tribunal decidiu, pela 1ª vez, a favor do queixoso.

Um tribunal da região de Munique condenou a seguradora Versicherungskammer Bayern (do grupo VKB) a pagar 1,01 milhão de euros ao operador da Augustiner Keller, uma das maiores cervejarias da cidade com presença habitual nas festas anuais da cerveja.

Muitas seguradoras, incluindo a Allianz, têm recusado compensar empresários da restauração pelas perdas associadas ao fecho de negócios alegando que, enquanto as consequências de outras doenças poderiam ser cobertas pelos seguros, a pandemia de Covid-19 não está especificamente considerada nos termos e condições das apólices, informou a agência Reuters.

Integrando a maior associação de serviços financeiros do país, o VKB é também o maior grupo público a operar no mercado de seguros de pessoas e bens na Alemanha. A companhia já reagiu ao despacho da justiça, afirmando que vai apelar da decisão.

Por seu lado, a GDV (Gesamtverband der Deutschen Versicherungswirtschaft), associação setorial que representa mais de 460 seguradoras presentes no mercado germânico, já assumiu que o desfecho deste caso particular não produz efeito sobre outros processos pendentes.

Em setembro, ECO Seguros noticiou que um tribunal superior do Reino Unido (High Court) emitiu a muito esperada decisão sobre o “caso piloto” (test case) que a FCA-Financial Conduct Authority, organismo de supervisão, decidiu levar à Justiça com objetivo de ajudar a resolver o elevado número de reclamações em que as seguradoras negavam indemnizar perdas resultantes do fecho de negócios (Business Interruption) decretado no contexto da pandemia (Covid-19).

Face ao despacho do Palácio Real da Justiça de Londres, a entidade de supervisão congratulou-se com a interpretação do Juízo Comercial do High Court “favorável aos argumentos apresentados em nome dos segurados.” Na sequência da decisão judicial (não vinculativa), afigura-se que as companhias seguradoras têm mostrado resistência a adotar as sugestões do High Court para a resolução dos conflitos. Por isso, a FCA já tomou iniciativa de solicitar a intervenção do Supremo Tribunal britânico no processo piloto (test case) cujo objetivo é o de “clarificar” toda a contenda.

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Ping An Insurance domicilia no Luxemburgo o seu primeiro fundo “umbrella”

  • ECO Seguros
  • 5 Outubro 2020

A seguradora chinesa escolheu o Luxemburgo para domiciliar um fundo "umbrella" e, sob este chapéu, lançar quatro sub-fundos dedicados a investimento em ativos diversificados.

A Ping An of China Asset Management Co (PAAMC), plataforma off shore da Ping An Insurance (Group) Company of China, registada em Hong Kong – mas ainda não autorizada a operar na praça financeira do território sob administração especial chinesa -, elegeu a praça financeira do Grão-Ducado para lançar o seu primeiro fundo umbrella (Ucits – Undertakings for Collective Investment Transferable Securities), também considerado como um fundo de investimento coletivo.

O novo Ping An of China Asset Management Fund, juntamente com quatro sub-fundos (com carteiras dedicadas), constituídos sob o fundo umbrella, estão domiciliados no Luxemburgo, território sobejamente referenciado como importante paraíso fiscal na Europa. Acresce que a entidade que gere o fundo planeia solicitar aprovação da Securities and Futures Commission para transacionar também na bolsa de Hong Kong.

De acordo com comunicado da Ping An, a estratégia de investimento do fundo beneficia de mais de 20 anos de experiência da companhia chinesa no mercado bolsista (ações; renda fixa e mercado de futuros).

Os quatro sub-fundos constituídos a partir do UCITS correspondem a outros tantos ativos diversificados. O primeiro é um fundo cuja carteira é composta por ações “classe A” de cotadas chinesas (bolsas de Xangai, Shenzhen e Hong Kong), selecionadas por ferramentas avançadas de inteligência artificial por forma a assegurar as melhores rentabilidades, descreve a Ping An. Outro fundo é dedicado a obrigações verdes chinesas e de mercados emergentes. As obrigações verdes (ou green bonds), são valores mobiliários alinhados com padrões internacionais de sustentabilidade ambiental e social.

O terceiro da lista, com estratégia de investimento a longo prazo, aposta em elevadas rentabilidades, inicialmente em dívida privada (obrigações de empresas), mas depois acrescentará oportunidades de “elevado retorno” no mercado de obrigações de dívida pública ou soberana. O quarto e último sub-fundo investirá, pelo menos, 60% do ativo líquido em dívida emitida por entidades públicas ou empresas que tenham a sua principal atividade em mercados emergentes.

Citado no comunicado da companhia, Chi Kit Chai, Chief Investment Officer e responsável por Mercados de Capitais afirma: “tirando partido da vantagem geográfica de Hong Kong, a PAAMC permite-nos ligar a China [continental] ao resto do mundo. Estamos empenhados em apoiar os residentes na China a investirem globalmente e a ajudar os nossos clientes globais a investirem na China”.

Ultimamente, “temos registado um forte crescimento na procura de ativos chineses,” reforçou Chai.

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Parlamento Europeu aprova regras comuns para crowdfunding

  • Lusa
  • 5 Outubro 2020

A lei aprovada prevê também uma maior proteção aos investidores, salvaguardando-os de perdas financeiras.

O Parlamento Europeu (PE) aprovou esta segunda-feira regras comuns para as plataformas de crowfunding, um mecanismo de financiamento coletivo digital que junta potenciais investidores a negócios à procura de investimento, prevendo mais proteção para os que financiam.

Em nota de imprensa, o PE salienta que as novas regras “servem para fomentar campanhas de crowdfunding transfronteiriças no seio da União Europeia (UE)” e assegurar que os serviços de crowdfunding funcionem de “maneira fluida dentro do mercado interno”.

Todos os serviços de crowdfunding europeus cujas ofertas atinjam um valor máximo de cinco milhões de euros passam assim a ser abrangidos pela mesma legislação.

A lei hoje aprovada prevê também uma maior proteção aos investidores, salvaguardando-os de perdas financeiras.

Os responsáveis da campanha de crowdfunding terão agora que fornecer “informações claras sobre os riscos financeiros e eventuais cobranças” que os investidores possam ter que suportar, incluindo riscos de insolvência, realça o documento.

O pacote hoje aprovado já tinha sido negociado com o Conselho Europeu em dezembro de 2019.

O crowdfunding tem conhecido um crescimento nos últimos anos, sendo uma das fontes de financiamento privilegiadas por pequenas e médias empresas à procura de novos investidores.

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Disparo de 5% da Galp puxa pela bolsa de Lisboa

  • ECO e Lusa
  • 5 Outubro 2020

A bolsa de Lisboa foi uma das que mais valorizou a nível europeu numa sessão em que os investidores reagiram positivamente à evolução do estado de saúde de Donald Trump.

O PSI-20, principal índice da Bolsa de Lisboa, fechou a sessão desta segunda-feira em alta, valorizando-se em 1,2% para 4.135,98 pontos, com a Galp Energia em destaque.

Após ter iniciado a sessão de hoje em terreno positivo (+0,9%), o encerramento confirmou a tendência de abertura, com 13 cotadas a fecharem no verde, duas a manter a cotação e três a desvalorizar-se.

A principal subida verificou-se na Galp Energia, que se valorizou 5,56% para 8,24 euros, ao passo que nas perdas a maior foi a da Ibersol, que se desvalorizou 1,91%, para 4,62 euros.

As restantes praças europeias também fecharam em alta, com o Ibex 25 de Madrid a valorizar-se 1,23%, o Dax de Frankfurt 1,10%, o Cac 40 de Paris 0,97% e o Footsie 100 de Londres 0,69%.

Em Lisboa, além da subida da Galp Energia, a Mota-Engil subiu 3,51% para 1,12 euros, e a Nos subiu 2,58% para 3,10 euros.

Acima do 1%, valorizaram-se a Sonae SGPS (1,59% para 0,58 euros), a Altri (1,53% para 3,85 euros), o BCP (1,28% para 0,08 euros) e a Jerónimo Martins (1,24% para 14,26 euros).

Abaixo da unidade percentual ficaram a Sonae Capital (0,87% para 0,70 euros), a Semapa (0,81% para 7,50 euros), a Corticeira Amorim (0,76% para 10,58 euros), a EDP Renováveis (0,68% para 14,72 euros), a Navigator (0,57% para 2,12 euros) e os CTT (0,20% para 2,53 euros).

A Novabase e a REN mantiveram a cotação em 3,37 euros e 2,38 euros, respetivamente.

Nas descidas, além da queda da Ibersol, caíram a EDP (0,77% para 4,24 euros) e a Pharol (0,19% para 0,10 euros).

As bolsas continuam a aguardar e a reagir positivamente à situação de saúde do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

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Fidelidade associa-se à Festa do Cinema Francês

  • ECO Seguros
  • 5 Outubro 2020

A Fidelidade apoia a 21ª Festa do Cinema Francês dedicado exclusivamente à produção daquele país e realizada pela Embaixada de França, pelo Instituto Francês, pela Alliance Française e pela Jangada.

A Fidelidade vai apoiar a 21ª Festa do Cinema Francês, entre 8 de outubro a 4 de novembro, evento repartido por Lisboa, Almada, Oeiras, Coimbra e Porto. Para garantir as medidas de proteção e segurança em relação à COVID-19, a edição de 2020 da Festa do Cinema Francês terá a transmissão de uma seleção de filmes em streaming para todo o território português, em paralelo à exibição em sala, permitindo, assim, que os amantes da cultura e do cinema francês, possam aproveitar a sua programação, explica a seguradora em comunicado.

Para Ana Fontoura, Diretora de Responsabilidade Social da Fidelidade, “no seguimento do nosso compromisso para que a vida não pare queremos continuar a apoiar o setor das artes que foi particularmente afetado pela pandemia. A associação a este festival que tanto se tem destacado no panorama nacional vem reforçar o contributo da Fidelidade na promoção da Cultura.”

Realizada pela Embaixada de França em Portugal, pelo Instituto Francês em Portugal, pela Alliance Française e pela Jangada, a Festa do Cinema Francês é dedicado exclusivamente à produção cinematográfica daquele país.

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“Aquilo que deve ser o nosso objetivo é o reforço da classe média”, diz Rui Rio

Rui Rio considera que a estratégia para o país "não deve ser atenuar as dificuldades que os menos desfavorecidos passam, mas reforçar a classe média".

Reforçar a classe média e alargá-la aos mais desfavorecidos. Este é um princípio que Rui Rio considera ser basilar naquela que deve ser a estratégia a seguir pelo país nos próximos anos e em concreto no que se refere à aplicação dos fundos europeus que aí veem. “A estratégia não deve ser atenuar as dificuldades que os menos desfavorecidos passam, mas reforçar a classe média“, assumiu o presidente do PSD na apresentação, este domingo, do programa estratégico do partido para a aplicação dos fundos europeus.

Rui Rio falava depois de Joaquim Miranda Sarmento ter apresentado as linhas desse plano estratégico, que segundo explicou o presidente do Conselho Nacional Estratégico (CNE) do PSD deve ser assente em 15 prioridades de políticas públicas de quatro pilares estratégicos: competividade, empresas e digitalização; desenvolvimento humano; sustentabilidade e tecnologia; e setor público. Prioridades estas que consideram a aplicação não só os fundos do plano de resiliência (15,3 mil milhões de euros), mas também os valores indicativos para o próximo quadro comunitário 2020/2030.

Relativamente ao fundo de resiliência em concreto, Rui Rio começou logo por destacar a forma positiva como a União Europeia (UE) o conseguiu fechar. “Impõe-se ao PSD dizer que a UE cumpriu o seu papel” afirmou, acrescentando que se tratou de “um passo absolutamente decisivo”.

O líder do PSD alertou, contudo, para a urgência em torno da aplicação do dinheiro que vem de Bruxelas. “Todo este dinheiro tem de ser usado num curto prazo de tempo” e “ou é utilizado com alguma rapidez ou perde alguma da sua eficácia”, disse, lembrando ainda que “aqueles que vão pagar a fatura vão ser os mais novos”.

E por isso, salientou o presidente do PSD, “o combate às alterações climáticas faz todo o sentido”, no quadro de sustentabilidade futura. “O grosso desta fatia tem de ser aplicado numa visão de longo prazo”, afirmou.

Uma visão de longo prazo onde Rui Rio destacou como “aspeto fundamental” o reforço da classe média. “Temos um salário médio muito baixo e uma classe média pequena”, afirmou acrescentando que “a estratégia não deve ser atenuar as dificuldades que os menos desfavorecidos passam, mas reforçar a classe média”.

“Não me incomoda nada que um jovem quando sai da faculdade entre a ganhar um salário baixo ou quando tem um segundo salário baixo. Começa a haver problema quando o seu terceiro salário é baixo”, referiu, apelando à necessidade de “mais emprego e melhor emprego acima de tudo”.

O líder do PSD sublinhou ainda a necessidade de melhorar os serviços públicos. “Precisamos de melhorar os serviços porque são essenciais para os cidadãos e para a competitividade da economia”, rematou a esse propósito.

(Notícia atualizada às 17h40)

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PSD quer plano de apoio para setores em crise

O Programa Estratégico dos Fundos Europeus define quatro mil milhões de euros para a competividade e empresas e um plano específico para setores como o turismo, o calçado, o têxtil e o automóvel".

O PSD defende a canalização de quatro mil milhões de euros do plano de retoma e resiliência para a competitividade e as empresas, com o objetivo de financiar “um programa específico de recuperação económica para os setores mais atingidos pela crise, nomeadamente o turismo, calçado e têxtil e o automóvel” e ainda um Pedip 4.0. O investimento na competitividade empresarial é um dos quatro eixos do Programa Estratégico dos Fundos Europeus 2020/2030, e revela um caminho alternativo ao apresentado pelo Governo. “É um documento que não está fechado, queremos continuar a discutir com a sociedade civil”, para chegar a um plano final, disse Joaquim Miranda Sarmento, presidente do Conselho Nacional Estratégico (CNE) do PSD, na apresentação do programa.

Este programa define 15 prioridades de políticas públicas nos quatro pilares estratégicos e inclui não apenas os fundos do plano de resiliência (15,3 mil milhões de euros), mas também os valores indicativos para o próximo quadro comunitário 2020/2030. No caso do eixo de competitividade e empresas, Rui Rio quer a alocação de nove mil milhões de de euros, a somar aos quatro mil milhões do fundo de recuperação.

O programa do PSD — coordenado pelo economista Joaquim Miranda Sarmento — identifica primeiro os constrangimentos da economia portuguesa, como os custos de contexto, a burocracia, “um sistema fiscal complexo, pouco estável, com elevados custos de cumprimento das obrigações fiscais e com uma carga fiscal, quando comparado com os seus concorrentes, demasiado elevada, quer para as empresas, quer para as famílias”, “um sistema de justiça lento”, “falta de capital humano qualificado em diversos setores”, “pouca concorrência em diversos setores”, “rigidez e dicotomia laboral” e baixo investimento privado e público. É a partir desta radiografia que o PSD elaborado o programa alternativo ao plano de recuperação e resiliência do Governo.

A nível empresarial, o PSD é mais pormenorizado na identificação dos estrangulamentos à competitividade das empresas: “Ao nível das empresas, destaca-se a baixa dimensão e escala, a baixa diversificação, a baixa capitalização e o elevado endividamento, a baixa rentabilidade e a baixa produtividade (fator trabalho, fator capital e TPF)”, lê-no no resumo do programa. “Ainda ao nível das empresas, apesar da melhoria das exportações (passou de 28% do PIB em 2009 para cerca de 45% do PIB em 2019), a produção nacional continua a ser baseada num baixo nível tecnológico e valor acrescentado . Isso resulta do reduzido investimento das empresas em I&D, inovação, marketing, entre outros aspetos, o que se reflete numa reduzida especialização em produtos de alta tecnologia (ou seja, baixo VAB)”.

No primeiro pilar dedicado à competitividade e empresas, com o envelope global de 13 mil milhões de euros de fundos, o PSD identifica objetivos a prazo:

  • Reduzir a carga fiscal dos 35% do PIB em 2019 para 32% do PIB em 2030
  • Reduzir a taxa marginal máxima de IRC de 31.5% em 2020 para um valor abaixo dos 25% em 2030
  • Colocar Portugal como um dos 5 países com menores custos de cumprimento de obrigações fiscais na zona Euro.

Os outros três pilares são o Desenvolvimento Humano, a Sustentabilidade e os Serviços Públicos, e cada um deles tem um envelope financeiro próprio, com fundos diretos do plano de recuperação e resiliência e também do novo quadro comunitário para a próxima década.

  1. Desenvolvimento Humano: Educação e reforço do desenvolvimento humano (5,5 mil milhões de euros, Sociedade rejuvenescida e País mais justo (900 milhões de euros). Todos os fundos incluem fundo de recuperação e resiliência e PT2030.
  2. Sustentabilidade: Transição energética (4,9 mil milhões de euros), Território mais coeso (2,2 mil milhões de euros), Economia que aproveite os recursos endógenos (4,3 mil milhões de euros), Infraestruturas: mais mobilidade das pessoas e bens (6,7 mil milhões de euros). Todos os fundos incluem fundo de recuperação e resiliência e PT2030.
  3. Serviços Públicos: Administração Pública de excelência (1,25 mil milhões de euros), Justiça mais célere (500 milhões de euros), Um SNS para todos (2,82 mil milhões de euros). Todos os fundos incluem fundo de recuperação e resiliência e PT2030.

Além da definição das prioridades, o PSD também dedicou atenção à forma como os fundos comunitários devem ser executados, leia-se o modelo de governação, modelo que foi coordenado pelo ex-ministro Miguel Poiares Maduro. Com três objetivos centrais: “Condicionalidade aos resultados: penalização ou prémio consoante os resultados e não a realização; Escrutínio: transparência e avaliação independente e de qualidade, com consequências;
Governação capacitada e imune a pressões políticas”.

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Costa vai ouvir economistas e empresários sobre Plano de Recuperação e Resiliência

  • Lusa
  • 5 Outubro 2020

O primeiro-ministro recebe empresários na terça-feira e economistas na sexta-feira para discutir o Plano de Recuperação e Resiliência que quer entregar em Bruxelas no próximo dia 15.

O primeiro-ministro vai ouvir empresários na terça-feira e economistas das principais instituições nacionais na quinta-feira sobre o Plano de Recuperação e Resiliência, documento cuja primeira versão o Governo tenciona entregar em Bruxelas no próximo dia 15.

Com estas duas séries de audiências com economistas e empresários, segundo fonte do executivo, António Costa repete o mesmo método que marcou o processo de preparação do seu Governo no Programa de Estabilização Económica e Social em junho passado.

No que respeita ao Plano de Recuperação e Resiliência, o primeiro-ministro já recebeu os partidos com representação parlamentar, debateu-o na Assembleia da República e reuniu-se com os parceiros sociais e com o Conselho de Coordenação Territorial (autarcas).

Concluído este processo, o Governo espera que o documento seja aprovado em Conselho de Ministros no próximo dia 14, antes de seguir para Bruxelas.

Ainda em termos de calendário, o Governo pretende que o Plano de Recuperação e Resiliência mereça uma aprovação final no primeiro trimestre do próximo ano.

Nesse sentido na segunda-feira, numa sessão com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, António Costa disse que Portugal quer ser um dos primeiros países a iniciar a aplicação deste plano, que ao longo dos próximos anos poderá envolver cerca de 15,3 mil milhões de euros em subvenções.

Na reunião de terça-feira, com empresários, por videoconferência, a partir das 11:30, o primeiro-ministro terá como interlocutores representantes de grupos como a Frezite, DST, Vitacress, Altran, Critical Software, Nabeiro e Val Invest, entre outros.

Já a reunião de sexta-feira, com economistas, juntará Catarina Reis (Universidade Católica), Francisco Guedes de Oliveira (Universidade do Porto), Luís Catão e António Afonso (ISEG), Ricardo Pais Mamede e Alexandra Ferreira Lopes (ISCTE), Miguel Ferreira, Susana Peralta (Nova SBE), José Caetano e Miguel Rocha de Sousa (Universidade de Évora), Pedro Gil e Pedro Teieira (Universidade do Porto), Pedro Bação e Tiago Serqueira (Universidade de Coimbra).

Além dos representantes de representantes de instituições académicas, o primeiro-ministro ouvirá também na sexta-feira João Amador (Banco de Portugal), Miguel St. Aubyn (Conselho de Finanças Públicas), Ricardo Reis (London sacholo of Economics) e de Miguel Faria e Castro (Federal Reserve Bank of St. Louis).

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