Elisa Ferreira diz que não é possível cortar nas políticas de coesão
A comissária portuguesa defende que a União Europeia está numa fase de reafirmação e que, não poderá fazer face aos novos desafios sem rediscutir os termos do orçamento comunitário.
A comissária europeia Elisa Ferreira disse esta segunda-feira que a Europa não poderá fazer face aos novos desafios, nomeadamente ambiental, sem rediscutir os termos do orçamento comunitário.
“Estamos numa fase de reafirmação da União Europeia. O Green Deal (Pacto Ecológico) só faz sentido sem fragilizar os sistemas internos. Não é possível cortar nas raras políticas que contrariam as tensões”, disse, referindo-se em particular às políticas de coesão.
Elisa Ferreira intervinha num painel temático sobre “os desafios da coesão e das reformas na União Europeia”, no contexto do tradicional Seminário Diplomático, que esta segunda e terça-feira reúne os diplomatas portugueses.
“Chegou a altura de discutir os tais 99% do PIB que são gerados [no conjunto da União Europeia], em vez de nos concentrarmos como construímos os 1% que são o orçamento comum”, afirmou a comissária, para quem “dificilmente se pode avançar para níveis sofisticados de coesão com um orçamento tão irrisório e tão discutido”.
De acordo com Elisa Ferreira, tal orçamento tem “como elemento de correção das assimetrias 1% da riqueza coletiva” dos países que compõem a UE, e que representa o montante indicativo do orçamento da União.
Segundo a comissária, um aspeto crítico da formação da Europa foi a capacidade de enfrentar as tensões externas, com grande solidez e solidariedade interna, o que foi feito mediante a política de coesão, a qual é “das mais antigas, mas não pode ser vista [como coisa do passado], que faz infraestruturas e acabou”.
Elisa Ferreira salientou a atualidade destas políticas perante o atual desafio da transição ecológica e digital: “a Europa afirma-se já com uma postura de grande pioneirismo em matéria ambiental, ou arrasta o mundo consigo ou não resolve o problema global e não tem papel de liderança”.
“Se a Europa só contribui com 9% das emissões globais de CO2, em comércio internacional é um dos grandes potentados, por isso tem poder comercial e diplomático que tem de utilizar”, lançou.
“Esta é uma mudança essencial que o planeta tem de fazer”, afirmou a comissária, referindo-se ao “Pacto Ecológico” [“Green Deal”], que a atual Comissão colocou como objetivo essencial do seu mandato e que envolve, entre outros instrumentos, o Fundo para a Transição Justa que a comissária gere.
Este fundo visa ajudar os países em dificuldades em relação à novas políticas, e deverá ser completado com um novo tipo de reformas que permitirão fazer ajustamentos no semestre europeu.
“A Europa é tão forte quanto for o seu elo mais fraco”, concluiu.
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