Portugal empurra 949 milhões em dívida para 2029
Obrigações do Tesouro venciam em 2021, mas o reembolso foi adiado por oito anos numa operação de troca de dívida realizada esta quarta-feira.
Portugal adiou o reembolso de 949 milhões de euros em dívida pública que vencia já no próximo ano. Na operação de troca de Obrigações do Tesouro (OT) que aconteceu esta quarta-feira, a Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública – IGCP emitiu, em contrapartida, novos títulos que só atingem a maturidade dentro de oito anos.
A agência liderada por Cristina Casalinho recomprou 949 milhões de euros em OT que atingiam a maturidade a 15 de abril de 2021, sendo que esta linha tinha 9.676 milhões de euros vivos. Por outro lado, emitiu em contrapartida OT com maturidade em 15 de junho de 2029.
“A vantagem desta operação para o investidor é a de poder trocar um investimento em dívida soberana portuguesa com uma yield negativa de -0,62% [o juro a que negoceiam títulos a um ano] por uma rentabilidade positiva de 0,23% [associada às obrigações a oito anos] para a maturidade 2029“, explicou Paulo Rosa, economista e trader sénior do Banco Carregosa.
Rosa considera que os resultados mostram que “os investidores continuam a acreditar na economia portuguesa, pois estão a estender a maturidade dos seus investimentos, e principalmente na continuação da política acomodatícia do BCE [Banco Central Europeu]”. O BCE tem sido uma das razões para os baixos juros das dívidas do euro, que levou o país a financiar-se com o juro médio mais baixo de sempre.
“O custo a que estas operações têm sido realizadas está abaixo da média histórica que Portugal. As condições atuais de taxas de juro negativas têm sido extremamente favoráveis para o sucesso destas emissões, baixando a média dos juros pagos por todo o endividamento da República Portuguesa”, acrescentou o economista.
Esta foi primeira operação de troca de dívida realizada este ano pelo IGCP e segue em linha com a estratégia de aproveitar as atuais baixas taxas de juro para emitir títulos mais baratos e alongar maturidades dos reembolsos. Ao longo do ano passado, o Tesouro realizou um total de seis operações deste tipo que levaram ao adiamento para mais tarde de 4,3 mil milhões de euros.
Esta estratégia permite ao país alisar os pagamentos aos mercados nos próximos anos e evitar a acumulação de reembolsos. Em 2021, o nível é particularmente exigente: há cerca de 13 mil milhões de euros para devolver aos investidores, sendo que esta operação permite diminuir esse esforço financeiro.
Calendário de reembolsos do IGCP (em milhares de milhões)
(Notícia atualizada às 11h10 com comentário)
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