Von der Leyen: Reino Unido pode ambicionar menos, mas UE quer mais
Governo britânico alerta para taxas sobre produtos da UE, mas Ursula von der Leyen defende “relações comerciais isentas de quotas e de tarifas pautais, algo que a UE jamais ofereceu a alguém”.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que Londres “pode ambicionar menos” na futura relação comercial com Bruxelas, mas a União Europeia “quer mais”, vincando que o tamanho desse mercado “importa”.
“O Reino Unido pode ambicionar menos, mas nós, na parte que nos toca, queremos mais”, declarou a presidente do executivo comunitário, falando num debate na sessão plenária do Parlamento Europeu, na cidade francesa de Estrasburgo, sobre as negociações desta nova parceria com o Reino Unido.
Em declarações proferidas um dia depois de o governo britânico ter alertado que as empresas se devem preparar para controlos aduaneiros nas fronteiras nos produtos que importem e exportem para a UE a partir de 2021, indo contra as intenções de Bruxelas, Ursula von der Leyen falou em futuras “relações comerciais isentas de quotas e de tarifas pautais, algo que a UE jamais ofereceu a alguém”.
Para a responsável, o acordo de comércio livre entre Londres e Bruxelas deverá, então, centrar-se num “novo modelo comercial autêntico e ambicioso”, desde logo em termos laborais e ambientais, o que “exigirá garantias específicas no que toca à concorrência leal e à preservação das normas”.
“Francamente, hoje em dia, sabemos que o tamanho [do mercado] conta e isso pode ser decisivo”, observou.
E alertou: “Podemos considerar várias modalidades, mas seja qual for o modelo escolhido, assentará em direitos e obrigações para todas as partes”.
Ursula von der Leyen adiantou que Bruxelas vai conduzir estas negociações “com ambição” porque “é isso que se faz com os velhos amigos”.
O Reino Unido saiu oficialmente da UE em 31 de janeiro, mas continua a aplicar as regras da UE durante um período de transição que termina no final deste ano, período durante o qual o primeiro-ministro, Boris Johnson, pretende concluir negociações complexas sobre um novo acordo de comércio livre.
Esta segunda-feira, o Chanceler do Ducado de Lancaster, Michael Gove, encarregado dentro do governo pelos preparativos relacionados com a saída da UE, disse que após o período de transição pós-‘Brexit’ as exportações e importações do Reino Unido serão tratadas da mesma maneira, e que as empresas terão de apresentar declarações alfandegárias e ser sujeitas a controlos de mercadorias.
“O Reino Unido vai estar fora do mercado único e fora da união aduaneira, por isso teremos que estar prontos para os procedimentos aduaneiros e as verificações regulamentares que inevitavelmente se vão seguir”, justificou.
Este anúncio constitui uma inversão da posição anterior, que previa que as importações da UE fossem isentas de controlos e taxas para evitar atritos na circulação de bens, sobretudo alimentares e medicamentos, cujo abastecimento se temia ser afetado no caso de uma saída de acordo.
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