Bancos cobraram mais de 1.500 milhões em comissões em 2019
O tema das comissões praticadas pelos bancos vai a debate no Parlamento esta quinta-feira. Bancos cobraram mais de 1.500 milhões em comissões pelos serviços prestados em 2019.
As comissões bancárias, que estarão em debate no parlamento na quinta-feira, permitiram aos principais bancos arrecadar mais de 1.500 milhões de euros em 2019, mais 40 milhões de euros do que em 2018.
O parlamento debate esta quinta-feira 11 propostas de Bloco de Esquerda, PCP, PS, PAN e PSD sobre comissões bancárias, como limitar as comissões cobradas pelos bancos em meios de pagamento como MB Way, em declarações relacionadas com contratos de créditos e alterações unilaterais de contratos de crédito.
De acordo com os resultados dos principais bancos que operam em Portugal (com exceção do Novo Banco, que só esta semana apresenta as contas de 2019), as comissões cobradas aumentaram 40 milhões de euros entre 2018 e 2019 (em base comparável), tendo no ano passado Caixa Geral de Depósitos (CGD), BCP, BPI e Santander Totta cobrado mais de 1.500 milhões de euros nesta rubrica da conta de resultados.
O BCP cobrou, na operação em Portugal, 483,2 milhões de euros em 2019, mais 1,7% do que em 2018. Do valor total, as comissões bancárias subiram 5% para 431,4 milhões de euros, enquanto as comissões relacionadas com mercados desceram 19,3% para 51,8 milhões de euros.
O tema das comissões não escapou às questões dos jornalistas na apresentação de resultados do banco, na semana passada, tendo o presidente executivo, Miguel Maya, dito que tem a regra de não comentar política, mas que abria uma exceção face ao que considerava uma intervenção política na economia.
O líder do BCP defendeu que as transferências do MB Way devem ser comissionadas a um “preço justo” que corresponda ao serviço prestado, com “transparência”, e comparou o MB Way às entradas de uma refeição num restaurante, que podem ser gratuitas mas são depois pagas “no prato, na sopa ou na sobremesa”.
Já a CGD, na operação em Portugal, conseguiu 414 milhões de euros em resultados de comissões e serviços, mais 5,3% face 2018, justificando com “a colocação de seguros e fundos de investimento”.
Do valor total, as comissões com cartões, meios de pagamento e outros subiram 10% para 174 milhões de euros, enquanto as comissões com créditos e extrapatrimoniais (comissões sobre seguros e fundos de investimento) desceram 7% para 133 milhões de euros.
Já as comissões de seguros subiram 19% para 57 milhões de euros e as comissões de títulos e gestão de ativos 16% para 51 milhões de euros.
Por seu lado, o Santander Totta teve receitas de 380,5 milhões de euros com comissões líquidas, mais 4,8% do que em 2018, o que o banco justifica com a “evolução favorável das comissões de meios de pagamento e de seguros”.
Por fim, em 2019, o BPI registou 257,9 milhões de euros em comissões líquidas, um valor inferior em 7,2% às cobradas em 2018. Contudo, o banco vendeu no ano passado o negócios de cartões, acquiring e de banca de investimento ao CaixaBank (dono do BPI), pelo que este ano não constam as comissões geradas por esses negócios.
Segundo o BPI, excluindo o efeito decorrente das vendas destes negócios, em base comparável, as comissões aumentaram 14 milhões de euros em 2019 face a 2018 (5,7%).
Já o Novo Banco cobrou entre janeiro e setembro de 2019 (últimos dados disponíveis) 229,5 milhões de euros, menos 3% do que nos primeiros nove meses de 2018, um valor que não entrou nos cálculos da Lusa por não se referir ao conjunto de 2019.
Esta quinta-feira, o parlamento irá discutir propostas de BE, PCP, PS, PAN e PSD sobre limitação e proibição de comissões bancárias.
Um tema transversal a vários projetos de lei são as comissões cobradas pelos bancos nas plataformas eletrónicas, como MB Way.
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