Portagens das SCUT no interior, A28 e Via do Infante com descontos entre 20% e 40%
A partir do terceiro trimestre, as portagens vão ficar mais baratas no interior, na A28 e na Via do Infante. As poupanças, diz o Governo, podem chegar aos 1.200 euros por ano.
Para quem conduz diariamente, vêm aí boas notícias. O Governo vai baixar o custo das portagens a partir do terceiro trimestre e as poupanças, disse a ministra da Coesão Territorial à Renascença, podem chegar aos 1.200 euros por ano. Na lista estão as portagens do interior, da A28 e da Via do Infante.
“Vamos conseguir implementar no terceiro trimestre deste ano um sistema de redução de portagens, privilegiando as portagens do interior”, disse Ana Abrunhosa, explicando que “nos primeiros sete dias as portagens são pagas, para, depois, entre o oitavo e o décimo quinto dia, todas as passagens beneficiarem de 20% de desconto. A partir do décimo sexto dia até ao final do mês de calendário, todas as passagens beneficiam de 40% de desconto“.
Na lista de estradas que passarão a ter desconto estão: A22-Algarve, A23-IP, A23-Beira Interior, A24-Interior Norte, A25-Beiras Litoral e Alta, A28-Norte Litoral, A4-Subconcessão AE transmontana, A4-Túnel do Marão, A13 e A13-1-Subconcessão Pinhal Interior.
De acordo com a ministra da Coesão Territorial, dando como exemplo uma viagem entre a Covilhã e Castelo Branco, o condutor paga por viagem 6,71 euros, num total de 422 euros ao final do mês. Com um desconto de 25% (desconto médio), “pagaria menos 102 euros ao final do mês, o que significaria que pagaria menos 1.224 euros ao final do ano”.
Medida é “insuficiente” e “pouco clara”
Os descontos nas portagens de sete autoestradas para os utilizadores frequentes “é uma medida positiva”, mas insuficiente para resolver os problemas da competitividade no interior do país, defende o presidente da Turismo do Centro.
Pedro Machado, que lidera uma Entidade Regional que agrupa cem municípios, a maior parte situados no interior, considera que os descontos são “por princípio uma aspiração da região, e, como tal, medida positiva”, mas adverte para a necessidade de ir mais longe. “Descontos progressivos e percentuais são por aí mesmo restritivos, podem induzir a visitação, mas estão longe de criar as condições necessárias para a consolidação da procura e resolver os problemas da competitividade”, disse à agência Lusa o presidente da Entidade Regional.
O líder da Turismo do Centro considera que “a captação do investimento e a fixação de novas empresas e modelos de negócio carece de medidas mais aprofundadas e de investimento direto do Estado”. Pedro Machado tem defendido repetidamente nos últimos anos que, para aumentar a “competitividade e a atratividade” do território, é preciso tomar medidas que consigam atrair de facto pessoas e empresas para o interior do país.
“Há muito que defendemos que o valor elevado das portagens é um elemento dissuasor, que afasta os turistas interessados em descobrir o Interior do país e que veio agravar os problemas dos territórios de baixa densidade, constituindo um obstáculo ao desenvolvimento”, disse Machado, em janeiro.
Já José Gameiro, membro da Plataforma pela Reposição das Scut na A23 e A25, salienta que a aplicabilidade da medida anunciada pelo Governo de descontos nas portagens em sete autoestradas “não está clara” e “deve ser devidamente esclarecida”.
“Precisamos de saber a operacionalização desta medida [descontos nas ex-scut], visto que, até ao momento, tudo aquilo que é conhecido e tem sido divulgado sobre os descontos não está claro. É bom que tudo seja devidamente esclarecido”, afirmou à agência Lusa José Gameiro, da Associação Empresarial da Beira Baixa (AEBB).
José Gameiro também realça, no entanto, que tudo o que seja descontos nas portagens “é sempre positivo”. “Penso que caminhamos para a abolição [das portagens] dentro de algum tempo que é, no fundo, aquilo que a Plataforma [pela Reposição das Scut na A23 e A25] tem vindo a reivindicar”, sustentou.
Portagens no Algarve “nem deviam existir”, dizem hoteleiros da região
Os descontos nas portagens de sete antigas vias Sem Custos para o Utilizador (SCUT) “pecam por pouco” e, no caso do Algarve, as portagens na A22 “nem deviam existir”, considerou hoje o presidente da maior associação hoteleira da região.
“A medida peca por pouco e no que diz respeito ao Algarve não devia haver portagens nenhumas”, disse à Lusa Elidérico Viegas, sublinhando que a manutenção das portagens na A22 é reveladora da “falta de sensibilidade” do Governo face ao peso que a atividade turística na região tem na economia do país.
Em declarações à Lusa, o presidente da Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA) considerou que, em matéria de portagens, a região é “refém das estratégias definidas para o resto do país” e que se aplicam ao Algarve “por simpatia”.
“Não faz sentido que, no Algarve, continuemos a pagar portagens para que no resto do país também se continue a pagar”, defendeu, lembrando que durante dez anos a circulação naquela ex-SCUT não era paga e que a região “paga por tabela”, mesmo sendo uma região altamente dependente do turismo.
Segundo Elidérico Viegas, a introdução de portagens na A22, em 2009, teve “impactos terríveis” no setor turístico, alguns dos quais ainda se fazem sentir, nomeadamente no que respeita ao mercado espanhol, que “ainda hoje não recuperou”.
De acordo com o empresário, ainda não foi possível recuperar o mercado espanhol “na sua totalidade”, já que criou “uma situação de desconfiança que perdura”, não as portagens em si, mas o modelo de pagamento, “que poucos compreendem”.
Elidérico Viegas sublinhou ainda que a A22 “não tem características de autoestrada”, mas sim de via rápida, e recordou que a criação da estrada, paga com fundos comunitários, se baseava no princípio de não ter quaisquer custos para o utilizador.
(Notícia atualizada às 17h02 com mais reações à medida)
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