Conselho do Montepio termina sem contas. Assembleia geral adiada por causa do coronavírus
Reunião do conselho geral da mutualista Montepio terminou sem contas. Mantém-se impasse com auditor PwC por causa da avaliação do banco. Assembleia geral foi adiada por causa do Covid-19.
A reunião do conselho geral da Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG) terminou ao início da tarde sem que os conselheiros tivessem tido sequer oportunidade de avaliar as contas individuais da instituição relativas a 2019. Razão: as contas ainda não estão fechadas por causa do braço-de-ferro que opõe a administração de Virgílio Lima e a equipa de auditores da PwC na questão da avaliação do banco no balanço da mutualista. Por isso, ficou desde já prometida uma nova reunião do conselho geral para o final do mês na expectativa de que as duas partes cheguem a um entendimento em relação a este assunto.
Tal como o ECO avançou em primeira mão, os auditores pretendem que o valor do Banco Montepio no balanço da AMMG seja revisto em baixa, dos 1.880 milhões de euros para cerca de 1.000 milhões. É uma questão sensível porque um ajustamento daquela dimensão reconheceria que a maior mutualista do país, com mais de 600 mil associados e poupanças de 2.800 milhões, está numa situação de falência técnica.
Como justificação, a PwC — que substituiu a KPMG no ano passado e está agora sob maior escrutínio da casa-mãe por causa do Luanda Leaks — alega que a avaliação do banco não corresponde aos valores que atualmente se praticam mercado. Por exemplo, o banco BCP está a negociar na bolsa de Lisboa cerca de 0,45 vezes o valor dos seus capitais próprios (agora até menos por causa da tensão nas bolsas) e até o EuroBic será vendido ao Abanca com uma avaliação cerca de 50% abaixo do seu ativo líquido.
Mas esse não é o entendimento da AMMG. E foi isso mesmo que Virgílio Lima explicou aos conselheiros na reunião desta sexta-feira, que decorreu num ambiente tranquilo e sereno, apurou o ECO. Argumentou que o banco não é um ativo que esteja para venda, sendo antes um instrumento que está ao dispor da instituição naquilo que é a sua atividade mutualista e que é para manter. Assim, não faz sentido aplicar as regras do mercado para calcular o valor do banco como a PwC pretende fazer, alega.
Nesta circunstância, a reunião do conselho geral desta sexta-feira — que se iniciou por volta das 10h00 e se prolongou até cerca das 15h00, com interrupção para almoço — terminou sem grandes novidades. Os trabalhos prosseguirão no próximo dia 30 de março à espera que a divergência de opiniões com a PwC seja ultrapassada.
Além do tema das contas individuais da AMMG, discutiram-se as situações de cada uma das participadas — banco, seguros, etc — com a presença dos respetivos responsáveis. No caso do Banco Montepio, foi Carlos Tavares, chairman do banco, quem marcou presença no encontro para explicar aos conselheiros que o atraso na publicação das contas se deve à mudança de auditor (também da KPMG para a PwC), que também está a pressionar para reforçar as imparidades no banco.
Outra novidade: a assembleia geral de associados que iria aprovar as contas foi adiada. Esta deveria ocorrer necessariamente até final do mês de março, com obrigatoriedade de ser convocada com 15 dias de antecedência. Mas por causa do surto do coronavírus — que obriga a contenção na realização de eventos de grandes aglomerações — vai ser adiada para abril ou maio.
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