“É provável” que Portugal tenha défice de 0,3% em 2020 por causa do vírus, diz agência S&P
Tendo em conta o cenário de crescimento incerto, "é provável" que Portugal volte a registar um défice orçamental de 0,3% este ano, antes de regressar a um excedente em 2021, considera a S&P.
A agência de notação financeira Standard and Poor’s (S&P) considera que os riscos para Portugal do surto do novo coronavírus são “consideráveis”, dada a exposição da economia ao setor do turismo, e prevê um défice em 2020.
“Os riscos económicos do coronavírus são consideráveis, dado que mais de um quinto das receitas externas (e cerca de 8% do valor acrescentado bruto) vêm do turismo“, pode ler-se numa nota de análise à economia portuguesa a que a Lusa teve acesso, depois da S&P ter decidido manter o rating e perspetiva de Portugal (manutenção em BBB e positiva, respetivamente).
A S&P prevê ainda um “crescimento em U” da economia portuguesa começando no segundo trimestre, “à medida que a situação externa se desenvolve”.
“Tendo um pano de fundo de crescimento incerto, é provável que o orçamento volte a um défice [de 0,3%] este ano, antes de regressar a um excedente [de 0,2%] em 2021″, refere a S&P, que prevê que em 2019 se tenha registado um saldo orçamental positivo de 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB).
Tendo um pano de fundo de crescimento incerto, é provável que o orçamento volte a um défice [de 0,3%] este ano, antes de regressar a um excedente [de 0,2%] em 2021.
Em 2019, “um mercado de trabalho a fervilhar subiu as contribuições para a Segurança Social, os rendimentos pessoais, o IVA e os impostos corporativos, à medida que o gasto com juros baixou para perto de 0,2% do PIB”, justifica a S&P.
Em termos de crescimento económico, a agência norte-americana estima um crescimento do PIB de 1,3% em 2020 e de 1,9% em 2021.
Em termos de rácio da dívida pública face ao PIB, a S&P prevê que baixe dos 100% em 2023, “assumindo que a economia acelera novamente na segunda metade de 2020 e que o Governo regressa a um saldo primário acima de 3% do PIB em 2021”.
“Na assunção de que um abrandamento global não persiste para além de 2020, temos a expectativa que as dinâmicas orçamentais e económicas de Portugal continuem a melhorar”, pode ler-se na nota.
Face ao Covid-19, a S&P prevê uma descida no excedente da balança de serviços e no défice da balança de bens, neste último “em particular à medida que caem [as importações] de aviões e de bens duráveis”, com o petróleo a contribuir também para a descida nas importações.
“Esta é uma espada de dois gumes, pois baixos preços no petróleo significam menor procura externa, para além de uma volatilidade considerável nos mercados financeiros globais. A balança comercial a encolher (juntamente com menos crescimento) será, para além disso, marcada particularmente por menos exportações automóveis”, assinala a agência.
O impacto na despesa orçamental das medidas relacionadas com o novo coronavírus anunciadas são da ordem dos 300 milhões de euros, disse o ministro de Estado e das Finanças, Mário Centeno, à Lusa, na quinta-feira.
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