Grupo Santander cancela dividendos para dar mais 90 mil milhões de crédito
A presidente do Grupo Santander, Ana Botín, diz ainda que o banco espanhol terá de rever o seu plano estratégico devido à pandemia do coronavírus.
A presidente do grupo bancário espanhol Santander, Ana Botín, revelou esta sexta-feira que o cancelamento dos dividendos de 2019 e 2020 vai permitir libertar “90 mil milhões de euros de crédito adicional disponível” para as famílias e empresas.
“Ao apoiar as empresas e as famílias agora, vamos ajudar a economia a recuperar mais rapidamente, ajudar as pessoas a voltar ao trabalho e gerar o crescimento que vai impulsionar o nosso negócio e gerar retornos para os nossos acionistas no futuro”, afirmou Ana Botín durante a assembleia-geral de acionistas realizada de forma telemática.
A presidente de uma das maiores entidades financeiras do mundo, que também está presente em Portugal, explicou que o cancelamento do dividendo complementar de 2019 e do dividendo de 2020 segue a recomendação feita pelo Banco Central Europeu (BCE).
A autoridade bancária europeia pediu na semana passada aos bancos dos 19 países da zona euro para não pagarem dividendos ou recomprarem ações próprias enquanto durar a pandemia da covid-19.
Ana Botín sublinhou que os bancos estão preparados para enfrentar a crise do novo coronavírus, que não é “financeira” mas sim “sanitária”, e que as entidades financeiras são “parte da solução”, já que os empresários devem “criar emprego”.
“A covid-19 é uma crise de saúde global que está a conduzir a uma crise económica e social sem precedentes” e por isso “a resposta deve ser de cada um de nós”, disse a presidente do grupo espanhol, que também recordou, emocionada, todos os doentes e a vítimas do novo coronavírus, incluindo o presidente do Santander Portugal, António Vieira Monteiro, “um grande amigo”.
O antigo presidente do Conselho de Administração do banco Santander Totta morreu em 18 de março último, aos 73 anos, vítima da covid-19.
Ana Botín recordou que o banco criou um fundo de pelo menos 25 milhões de euros para comprar e doar equipamento e material de saúde e ajudar a conter a propagação do vírus, com um corte na remuneração da equipa de gestão e do Conselho de Administração e contribuições voluntárias dos funcionários.
Até agora, este fundo contribuiu para a compra de 2.000 camas para o hospital de campanha construído na Feira Internacional de Madrid (IFEMA) – a região mais afetada pela pandemia –, de dois milhões de máscaras e de 500 respiradores não invasivos, tendo ainda atribuído mais dois milhões de euros para a compra de respiradores para os hospitais.
A presidente do Banco Santander também admitiu que o grupo terá de rever o seu plano estratégico devido à pandemia do coronavírus.
A Espanha é um dos países mais afetados pelo novo coronavírus, tendo decretado o estado de emergência em 14 de março último e tomado medidas muito rígidas de movimentação da população, que agora está toda confinada em casa, salvo os que asseguram os serviços essenciais.
O Governo espanhol tem de decidir nos próximos dias se vai prolongar o atual “estado de emergência” para além de 11 de abril e se suaviza as medidas muito duras de confinamento em vigor.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de um milhão de pessoas em todo o mundo, das quais morreram perto de 54 mil.
O continente europeu, com cerca de 560 mil infetados e perto de 39 mil mortos, é aquele onde se regista o maior número de casos, e a Itália é o país do mundo com mais vítimas mortais, com 13.915 óbitos em 115.242 casos confirmados até quinta-feira.
A Espanha é o segundo país com maior número de mortes, registando 10.935, entre 117.710 casos de infeção confirmados até hoje, enquanto os Estados Unidos, com 6.058 mortos, são o que contabiliza mais infetados (245.573). Na quinta-feira, registaram o número mais elevado de óbitos num só dia num país (1.169).
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